O mês de agosto é um momento ótimo para cuidar das plantas, principalmente dos replantios das que se reproduziram excessivamente, daquelas que já estão há muito tempo se renovação de vasos, e também para limpeza e adubação de canteiros de hortas e jardins. Vou voltar ao assunto em breve, numa postagem sobre Paisagismo e Jardinagem, mas o que me mobiliza agora é a questão de, ao mesmo tempo em que se renova e cuida de nossos amigos vegetais, exercer controle e proteção futura contra uma das mais devastadoras pragas que aniquilam nossas plantações durante a primavera e o verão, que são os “famigerados” (literalmente!!!) caramujos africanos.
Mesmo correndo o risco de ser julgada preconceituosa contra tais bichinhos, que afinal fazem parte da natureza, não tenho como resistir ao fato de que (como disse no primeiro texto, postado em outubro passado) eles são resultado de uma verdadeira “barbeiragem” ambiental, uma espécie invasora classificada pelo IBAMA como “a segunda maior causa de perda de biodiversidade no planeta”. O que vale dizer que não adianta só reciclar o lixo, preferir produtos isentos de agrotóxicos, fazer coleta seletiva de materiais que degradam o ambiente, se deixarmos o tal do caramujo africano solto por aí...
O caso é que, como alias muitos outros problemas que enfrentamos, o combate à proliferação do indigitado já parece ter escapado há muito da possibilidade de eficiente atuação das autoridades (in)competentes, de forma que é indispensável que tomemos o problema em nossas próprias mãos, pois trata-se não apenas de proteger nossas plantas de todos os portes (porque eles são capazes de devorar até mesmo uma árvore inteira), como também nossa própria saúde, já que os bichinhos transmitem várias doenças.
Acabo de despertar para a ameaça do caramujo, pois aproveitando a Lua Nova de Agosto, justamente num dia primeiro – o que me pareceu tão poético – resolvi replantar os lindos Abacaxis Ornamentais, que venho cultivando em duas bacias de cerâmica, e que pareciam estar pedindo socorro, pela enorme quantidade de mudas que se formaram, e por algumas matrizes estarem amarelando. Achei que era apenas uma questão de superpopulação, mas ao replantá-los para um canteiro (cada três plantas originais viraram 12!!!!) descobri logo abaixo da superfície da terra, colônias de filhotes ainda pequenos, mas já se alimentando das raízes e folhas inferiores.
Ah! Bem que eu havia observado essa ausência! Motivo de preocupações e cuidados constantes entre a primavera e verão, já devia ter desconfiado que estavam hibernando. Espero ter livrados os abacaxis, mas isso me lembrou os riscos em outras plantas, e eis que descobri que estão atacando também e novamente as ervas medicinais (eles tem preferências irritantes) e também uma das minhas mais belas orquídeas, talvez atraídos pelo perfume... sabe-se lá!!!
O resultado é que as próximas semanas vão exigir uma revisão geral em vasos e canteiros, na tentativa de localizar a praga antes que se desenvolva demais, e volte a ficar fora de controle, como nas duas temporadas anteriores. Enquanto as autoridades abriram a “temporada de caça ao eleitor”, eu sigo aqui na minha temporada de caça aos caramujos, antes que façam estragos irreversíveis no meu jardim e quintal (porque pelo menos isso está ao meu alcance tentar evitar!!!).
Aconselho (desculpem a liberdade!!!) que meus leitores que residam em cidades do interior, como eu, ou em regiões rurais, comecem a tomar providências. Resultado de um projeto, no Paraná, nos anos 80, o bicho já se espalhou pelo país inteiro. Além de destruir de forma fulminante as plantas onde se alojam, eles transmitem várias doenças, entre as quais as mais graves e difíceis de diagnosticar são angiostrongilíase, nas formas meningoencefálica e abdominal. Sem tratamento, podem ser fatais.
O combate a essa espécie exótica invasora deve ser feito com cuidado, porque a ingestão ou simples contato com o caramujo vivo pode causar a contaminação. Eles também contaminam as frutas e verduras, assim disseminando doenças, mais um motivo para que os alimentos sejam cuidadosamente lavados antes do consumo. A coleta deve ser feita com as mãos protegidas, colocados em sacos plásticos, e cobertos por sal ou cal virgem (dando-se preferência a essa última opção, por garantir a não contaminação do lençol freático).
É importante observar que eles se proliferam através de milhares de ovos, sendo indispensável que esses também sejam exterminados, para evitar a continuidade da contaminação. A proliferação descontrolada do caramujo africano gigante é uma questão de Saúde Pública, mas que infelizmente não vem sendo tratada como tal, com descaso de todos os níveis político-administrativos para o problema. Mas a gravidade pode ser conferida no próprio site do Ibama na internet.
Célia Borges
Um comentário:
Oi Célia, realmente um problema já antigo que sempre nos incomoda demais... Ainda bem que aqui em casa (acho que região) não sejam muito comuns. Mas irei verificar esta informação, pois já os vi em vários quintais aqui do interior paulista. Um grande beijo e oa sorte ai com as suas plantinhas lindas. Ah, adorei as fotos que colocou nos ultimos posts, parabéns!!!!!
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