6 de dezembro de 2008
PAISAGISMO E JARDINAGEM – Ferramentas e cuidados na manutenção de jardins
Paisagistas e jardineiros, mesmo amadores, precisam reunir uma boa quantidade de conhecimentos para se desempenhar bem o trabalho a que se propõem. Além dos aspectos culturais e estéticos, como a história e os estilos de jardins, existem uma infinidade de condições e exigências técnicas, como a posição do terreno com relação ao sol, os ângulos de inclinação, a composição do terreno, a umidade e etc...
Os conhecimentos botânicos também são indispensáveis... mais do que isso, básicos, primordiais. São informações que exigem boa base teórica, mas que certamente só vão chegar próximas às nossas necessidades, através da prática. O reino vegetal é uma espécie de terra mágica dentro do nosso universo, e nem sempre as plantas reagem de acordo com os nossos planos e expectativas. Plantas de sombra se adaptam ao sol, e vice-versa. Plantas tropicais vicejam em serras frias. Mas nem é bom contar com isso, porque esse tipo de milagre nem sempre acontece...
Qualquer que seja nosso projeto, como paisagistas, ou apenas como jardineiros trabalhando na manutenção de jardins, é importante também estarmos atentos a alguns aspectos de ordem prática. Além de dominar todos os conhecimentos acima, é preciso saber os caminhos para se chegar ao resultado desejado, que ferramentas usar, e até mesmo como usa-las, porque disso também dependerá o sucesso da empreitada.
PRIMEIROS PASSOS – Antes de projetar, planejar, comprar implementos e partir para o plantio, é aconselhável conhecer a qualidade da terra onde se vai trabalhar, e fazer as correções necessárias com relação ao PH exigido pelas espécies para ali destinadas. Para grandes áreas o ideal é fazer testes mais completos, e a Emater de sua região poderá orienta-lo. Para pequenas áreas, testes do tipo comprado em lojas especializadas podem ser suficientes. Nessas mesmas lojas existem os produtos indicados para a correção do solo de acordo com as necessidades, como NPK, farinha de ossos, torta de mamona e outros.
FERRAMENTAS PARA O PLANTIO – A preparação do solo, dependendo das condições do terreno, podem exigir ferramental mais pesado, como enxadões, e até picaretas, nos casos em que o terreno esteja excessivamente endurecido. Esse trabalho deve ser feito por profissionais habituados ao uso dessas ferramentas, que além de pesadas, podem ser perigosas para quem não possui prática em seu manuseio. Para o restante do processo, existem “kits” de ferramentas de vários tamanhos, desde aquelas pequenas, apenas para vasos, até as maiores, para canteiros e outros terrenos. Também é comum você não encontrar a ferramenta adequada para o que precisa, momentos em que a criatividade e a improvisação podem fazer grande diferença. Esbanje-as, porque você vai precisar delas...
A terra revolvida deve ser limpa de restos de outras plantas e mato, e ter a superfície peneirada, para eliminar os torrões que podem dificultar o desenvolvimento das novas mudas. Em seguida é a hora da adubação e correção do solo, que pode exigir alguns dias de descanso até o plantio (de acordo com a orientação na embalagem dos produtos). As covas devem ser abertas de acordo com o tamanho da muda e a expectativa de crescimento, sendo que quanto maior a planta, maior deve ser também a abertura onde ela será abrigada, facilitando a expansão das raízes desde o início.
As regas, em seguida ao plantio, devem ser mais freqüentes e intensas, até que se sinta que a planta mostra sinais de reação, geralmente com algum broto novo. À partir daí, pode receber a umidade indicada para a sua espécie. Manter o terreno livre de mato nas primeiras semanas também pode ser de considerável ajuda para que a planta cresça saudável, sem concorrência para os nutrientes de que tanto necessita.
FERRAMENTAS PARA A PODA – Existem ferramentas de poda dos mais variados tipos e formatos, adaptadas para cada necessidade. As tesouras de poda compõem uma grande família, desde as mínimas, parecidas com alicates de unha, indicadas para os bonsais, até as maiores e mais afiadas, indicadas para trepadeiras de galhos mais grossos, como os buganvilles. Os podões também existem em grande variedade, para aparar recortes na grama, para cercas vivas, e até para galhos mais altos de árvores, do tipo que deve ser adaptado à ponta de um cabo. E os serrotes de poda, em formato semicircular, para galhos mais grossos, de qualquer tipo de planta.
É importante comprar a ferramenta adequada para o trabalho a que se propõe, não apenas pelo conforto em sua utilização, como também pelos resultados. Faquinhas e facões, trinchas e pincéis, chaves de fenda e outros utilitários do dia a dia, vão acabar fazendo parte do arsenal do jardineiro, que vai encontrar sempre novos desafios no trato com as plantas e os terrenos. O meu, por exemplo, reúne alguns objetos estranhos, como uma espátula de bolo, um pincel de tinta para cabelos... enfim...
CUIDADOS COM O JARDINEIRO – Boas ferramentas devem estar sempre limpas e afiadas. A limpeza deve ter uma escova macia ou estopa, depois de serem lavadas com bastante água e sabão (ou detergente), e completada com óleo vegetal nas engrenagens. Se for possível mante-las protegidas, envolvidas em algum tipo de tecido (quanto mais poroso melhor) elas estarão sempre prontas para o uso. Já a questão de afiar, eu prefiro levar em um profissional, mas existem recursos domésticos para isso.
O manuseio das ferramentas, entretanto, exige cuidados. A própria prática da jardinagem exige cuidados, sendo recomendado sempre o uso de botas e luvas, e em muitos casos, como as podas, inclusive, óculos de proteção vendidos em lojas de material de construção. As luvas podem ser escolhidas de acordo com a tarefa, sendo que as mais curtas não restrigem tanto os movimentos e são mais maleáveis quanto a destreza dos dedos. Mas as mais longas, geralmente de camurça, são necessárias quando se trabalha com plantas com espinhos, ou em locais onde haja risco de animais peçonhentos. Nesses casos é indicado inclusive o uso de chapéu com tela.
Ao usar qualquer ferramenta, é importante avaliar os riscos que ela impõe, tratando-se de evita-los. Proteger o corpo com mais roupas ao entrar em locais de risco, usar repelentes e procurar todo o tipo de defesa preventiva, pode fazer grande diferença na história do seu jardim. Palavra de quem já quase decepou o dedo num serrote de poda, já estacionou num formigueiro, e voltou pra casa cheia de carrapatos, depois de um dia de trabalho de campo.
Célia Borges
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