7 de maio de 2008

ALDEIA GLOBAL XXIV - É péssimo o nível de comunicação das nossas autoridades

Neste 7 de maio, gastei algum tempo vendo e ouvindo o depoimento da Ministra Dilma Roussef na Comissão de Infra-Estrutura do Senado. Peguei o noticiário já começado, e eis que quando abre a imagem, com ela falando, ouço um início de frase que me choca: “A gente vai........” Doeu!!! E confesso que doeu demais!!! Afinal, a digníssima senhora, para chegar ao cargo que ocupa, deve ter curso superior, mestrado, doutorado e mais (perdoem a licença literária, mas não estou fazendo discurso oficial) o escambáu!!! Então, o que é que custa falar correto? Porque será que deve ser tão difícil dizer “Nós vamos....”!!!!

A verdade é que esse é apenas o último, e mais recente exemplo, do baixo nível de comunicação das nossas autoridades, e que frequentemente me provocam desagradáveis arrepios. Estou escrevendo sobre hoje, mas ontem mesmo passei por trauma semelhante, ao ver o deputado Paulinho (gente!!! Porque será que político não precisa mais ter nome e sobrenome...é tudo na base do apelido!!!) discurssando na Sessão da Câmara, onde tentava se defender de acusações de atos ilícitos.

Eu nem me atrevo a tentar reproduzir, tantos foram os absurdos, as expressões chulas, um interminável desfile de impropriedades verbais e de expressão corporal, aqueles braços abertos em tom de desafio!!! E afinal, segundo me consta, apesar de ter iniciado sua vida, por assim dizer pública, como líder sindical, o excelentíssimo teve a oportunidade de estudar e se formar como advogado. Então porque se expressar como um grosseirão analfabeto?

O mais chocante é que isso acontece todos os dias, e cada vez mais ampla e intensamente em todas as áreas da política e da administração pública, de forma que o estudante, perplexo, deve estar se perguntando: “De que é que adianta estudar?”Tenho a impressão de que se juntassem todos os vereadores do Brasil, e os submetessem à uma prova tipo ENEN, o número de notas baixas ia ser bem maior do que as dos estudantes.

Além da ignorância que já lhes cabe naturalmente, nossas autoridades se esmeram em adotar posturas cada vez mais medíocres, promovendo uma desnecessária decadência na qualidade do discurso público. Falar errado, se comportar mal, rir com ar de arrogância, todos esses comportamentos vêm sendo privilegiados na postura desses personagens. Valorizar a mediocridade, desprezar a opinião pública, aliás reduzida à condição de “uma elitizinha” e dar seus péssimos exemplos às novas gerações, isso é o que parece que se reza, na cartilha da arrogância política.

Por enquanto, sigo observando esses fatos e me estarrecendo (porque ainda sou pessoa capaz disso, embora solitáriamente). Estou na dúvida se esse nivelamento por baixo é resultado de um esforço para chegar ao patamar de linguagem da população, infelizmente composta prioritariamente de pessoas ignorantes e pouco informadas, ou se tudo isso é para evitar constrangimentos ao nosso presidente. Presidente esse que é mestre em dizer bobagem, sendo que última que me ocorre e ter respondido, em entrevista, uma crítica de nível internacional, dizendo que “é sacanagem”.

Digam o que disserem do povo brasileiro, eu que faço parte dele protesto: eu não mereço!!!

Célia Borges

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