3 de junho de 2008

ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE – O dia 5 de junho e a responsabilidade de cada um na proteção à natureza


O dia 5 de junho é aquele em que se comemora o Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente. Comemora-se é o modo de dizer. Não é exatamente um dia para comemorar, mas uma oportunidade para se meditar, avaliar e tomar posição quanto à novas posturas diante da questão ambiental. É um bom momento para decidir se vamos continuar agindo de forma inconsciente, e “empurrando com a barriga” os problemas, ou se já é boa hora de passar da teoria à prática, e de começarmos a agir de acordo com a responsabilidade que o meio ambiente requer.

Já houve um tempo que em achávamos que podíamos responsabilizar os outros, fossem autoridades municipais, estaduais ou federais, ou até mesmo os nossos próprios vizinhos, pela poluição que nos assola em todos os níveis. Mas o desenvolvimento de uma “cultura ambiental” nas últimas décadas, contribuiu para nos mostrar que a poluição, ou melhor dizendo, o controle da poluição, é responsabilidade de todos, e de cada um de nós. Não nos cabe apenas agir individualmente, mas discutir, argumentar, propor novas soluções e técnicas para enfrentar a questão no dia a dia.

O aquecimento global, o degelo das calotas polares, as mudanças climáticas, as enchentes e ocorrências de fenômenos inéditos em várias partes do mundo, tudo o que antes parecia ser apenas o noticiário de situações distantes, hoje começa a bater em nossas próprias portas. A falta de água potável e de alimentos são expectativas que não podemos mais desprezar, deixando a responsabilidade para “os outros”. Porque nós fazemos parte desses “outros”, seja pelo nosso comportamento, seja por nossa opinião.

Do ponto de vista da opinião, podemos manifesta-la das mais variadas formas possíveis, seja aderindo e fazendo parte de entidades que as compartilham conosco, filiando-nos a um partido político que apresente projetos de acordo com nossas idéias, ou votando em candidatos que apresentem plataformas que nos agradem nesse sentido. Associações de moradores, entidades de classe, grupos de amigos, a cada um desses podemos levar o debate, discutir e sensibilizar para um assunto que, afinal, não vai nos trazer nem um centavo de lucro pessoal, mas pode representar um valor acima de qualquer medida.

Mas a principal mudança precisa ocorrer no nosso próprio comportamento, nos menores gestos e nos mínimos detalhes. Conscientes do custo e da dificuldade de se obter água potável à longo prazo, por exemplo, é indispensável que aprendamos a economiza-la e a ensinar aos demais a fazer o mesmo. A mudança de pequenos hábitos, como a forma de lavar a louça, o tempo gasto no banho e o uso de produtos biodegradáveis são pequenas medidas que, se tomadas por muitos, podem levar à grandes resultados.

Economizar energia elétrica é assunto que já deveríamos dominar, desde a época dos apagões, e é sempre bom manter aquela experiência em mente, controlando o consumo tão rigorosamente quanto possível. Nos dias de hoje, a carência da vez diz respeito aos alimentos, então é importante começarmos a aprender a economizar também nesse setor, comprando o necessário e evitando o desperdício. A cultura do reaproveitamento pode trazer surpresas muito agradáveis, não apenas do ponto de vista da economia doméstica, mas também no da criatividade. Há sites na internet e outras fontes, como livros e revistas, com excelentes dicas sobre isso.

A reciclagem passou a ser assunto importante para quem cultiva uma consciência ambiental, e ela pode estar presente na opção de compra de cada pessoa, em relação à uma multiplicidade de produtos. Apoiar iniciativas baseadas no princípio da reciclagem é uma maneira, ainda que indireta, de contribuir para o equilíbrio ecológico. Na outra ponta do processo, encaminhar detritos com grande potencial de poluição para finalidades adequadas, evitando com eles comprometer o ambiente, é atitude ativa de grande importância. Pilhas gastas, latas de alumínio, óleo de cozinha usado, garrafas PET, embalagens de plástico e de vidro, hoje há uma infinidade de produtos que já contam com endereços de coleta, que se pode pesquisar na internet ou nos órgãos competentes de cada cidade.

A consciência da necessidade de economizar, e a perspectiva da reciclagem como forma de evitar o desperdício e ao mesmo tempo proteger a natureza, são atitudes culturais, que precisam ser criadas, alimentadas e cultivadas. Elas podem se manifestar como arte, como artesanato, como solução econômica, como projetos científicos, e uma infinidade de outras potencialidades.

Os problemas ambientais existem, e não há como evita-los. Mas encontrar as soluções adequadas, é coisa que depende de cada um de nós.

Célia Borges

PAISAGISMO E JARDINAGEM – Bonsai - como reconhecer um verdadeiro e como cultivar um falso


Cultivar um bonsai não é tarefa fácil, como já vimos nos textos anteriores. É trabalho e dedicação para, no mínimo, 15 anos... geralmente muito mais do que isso. Por outro lado os bonsais estão na moda, e assim é fácil encontrar árvores em miniatura em floriculturas, feiras, e até em supermercados. Antes de escolher, é conveniente fazer uma pesquisa de preços no comércio especializado, e decidir se o que você quer é mesmo um bonsai autêntico, ou se vai se arriscar no cultivo de um falso.

O preço de um bonsai verdadeiro varia de acordo com o tipo de planta, o aspecto estético, a idade e a origem. Uma árvore brasileira adaptada, com 15 anos, pode custar entre R$ 400,00 e R$ 500,00, enquanto um pinheiro negro (japonês) com mais de 80 anos de idade, pode ultrapassar os R$ 30 mil. Entre um e outro, há uma enorme variedade de opções, sendo que o comprador deverá estar sempre atento quanto às condições exigidas pela sua planta, e se terá condições de atende-las. Comprar uma árvore que gosta de sol e condições externas, e coloca-la em ambiente fechado e sombreado, é caminho certo para o prejuízo.

É importante observar que, entre verdadeiros e falsos, existem também os pré-bonsais, miniaturas mais novas, na faixa entre 3 e 10 anos, vendidas em bandejas ou vasos de plásticos, em condições para o plantio definitivo. São adquiridas geralmente por quem já tem alguma prática, e que se dispõe à trabalhar o formato do seu bonsai desde a origem, e vão exigir do jardineiro um acompanhamento intensivo, tanto em termos de poda, quando da adubação e localização em situação ideal.

O bonsai verdadeiro pode ser reconhecido da seguinte forma: 1) verifique se a arvore está firme no vaso e se as raizes apresentam aparência saudável; 2) as folhas devem estar firmes, e não devem cair ao simples toque, além de não apresentarem vestígios de pragas; 3) vasos plásticos e bandejas indicam a condição de pré-bonsais, e as orientações de seu cultivo devem ser exigidas do vendedor; 4) o comerciante deve apresentar todas as informações sobre a planta (uma espécie de pedigree), indicando as características da espécie, procedência, tipo de adubo necessário e demais recomendações de manutenção, além de atendimento pós-venda.

Se o seu objetivo é comprar um bonsai autêntico, pense nele como quem compra uma jóia. Desconfie de preços muito baixos, observe as condições acima, e principalmente não acredite se lhe prometerem que sua planta poderá sobreviver na sombra, porque mesmo aqueles que não exigem sol pleno e abundante, necessitam pelo menos de intensa claridade. O bom senso e o bom gosto também são relevantes, e optar pelo espécime mais bonito e de aparência mais saudável é direito do colecionador.

O jardineiro que gosta de desafios, pode ser arriscar num pré-bonsai. Desde que não se esqueça da dedicação e atenção exigidas. Nesse caso, e no de quem quer um bonsai autêntico, e recomendável estudar um pouco o assunto, seja através de sites especializados da internet, ou de manuais que se encontram facilmente no mercado. Conhecer a história, os formatos e significados, e demais aspectos botânicos e culturais desse cultivo, é um estudo não apenas útil, mas muito interessante.

Há, finalmente, os jardineiros mais corajosos, e que dispõem de menores recursos financeiros (entre os quais, inclusive, eu me incluo), que podem decidir cultivar os chamados “falsos” bonsais. Apesar do adjetivo pejorativo, o fato de serem considerados falsos não significa que não tenham seu valor.

Eles são justamente aqueles que encontramos em qualquer floricultura, feira ou supermercado, e que podemos dividir entre imitações, e os falsos bonsais “assumidos”. As imitações são as mais perigosas, pois é difícil avaliar suas reais condições. Mas tanto elas, quanto os bonsais assumidamente falsos, podem ser cultivados, na base da tentativa, erros e acertos. Uma planta é sempre uma planta, e vale o investimento. É difícil avaliar essas situações, porque sem maiores informações sobre idade e procedência, cada caso é um caso. A receita, nesse caso, é atenção, amor e dedicação, e ver até onde sua plantinha pode chegar.

Alguns falsos bonsais, entretanto, podem dar ao jardineiro tanto prazer quanto um verdadeiro, sendo que alguns deles são inclusive mais bem adaptados para ambientes interiores. É o caso dos Fícus, principalmente das “figueirinhas trançadas”, tão fáceis de se encontrar. Bem menos exigentes, e muito mais resistentes, elas podem proporcionar a quem tem pouco tempo para cuidar, a oportunidade e alegria de ter uma miniatura. Meia sombra e regas duas vezes por semana, são tudo o que é necessário para manter essa plantinha vigorosa, além de podas de três em três meses, procurando dar a ela o formato que se propõe, e que podem ser bem variados.

Verdadeiros ou falsos, o cultivo dos bonsais é sempre motivo de alegrias e prazeres, como aliás, é o cultivo de cada planta que empreendemos. Jardineiros profissionais ou amadores, diletantes ou colecionadores, paisagistas ou simples apaixonados pelas plantas, cada uma delas que projetamos, plantamos e cultivamos, é a nossa forma de homenagear a natureza.

Célia Borges