3 de maio de 2008

LIVROS – Tesouros desconhecidos no Arquivo da Câmara Federal

.....A Biblioteca do Congresso dos EUA é um dos maiores orgulhos do povo norte-americano, e referência mundial na pesquisa dos mais variados assuntos. Ela conta com verbas garantidas e pessoal especializado, o que contribui para que tenha um dos maiores acervos de livros e documentos do planeta. No Brasil, seu correspondente em importância seria o Arquivo da Câmara Federal, que ao contrário daquela instituição, conta com muito pouco apoio e verbas, e têm sua preciosa coleção ignorada pelos leigos e muito pouco aproveitada até mesmo pelos historiadores do país.
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.....O Arquivo é pouco conhecido até para a maioria dos deputados, embora ocupe quatro andares do prédio da Câmara, sendo três subterrâneos, disponha de um staff de cerca de 200 funcionários, e conte com uma biblioteca pública de mais de 350 mil livros e duas mil obras raras. Seu acervo reúne também mais de um milhão de documentos históricos, que vão desde o registro de casamento de D. Pedro II com D. Thereza Christina, de 1842, até a certidão de óbito do deputado Ulisses Guimarães em 1992.
.....A coleção conta a história dos 185 anos do Parlamento brasileiro, incluindo a ata da primeira reunião preparatória para a Constituinte de 1823, os originais de quase todas as Constituições brasileiras – com exceção das de 1824 e 1937, que se encontram no Arquivo Nacional no Rio de Janeiro – e até as cartas de nomeações da Princesa Isabel como regente. Outro documento valioso é a ata da última sessão do Império, realizada na manhã de 15 de novembro de 1889, quando o marechal Deodoro da Fonseca já comandava as tropas para a derrubada do regime.
.....Apesar de sua importância histórica, faltam ao arquivo e à biblioteca as condições ideais de temperatura, umidade e luz, além da deficiência de pessoal especializado para trabalhar na restauração dos documentos, muitos deles já bastante deteriorados. Muitas obras raras ainda nem foram catalogadas, como o livro de Gaspar de Barleus sobre o governo de Maurício de Nassau em Pernambuco.
.....Essa obra, escrita em latim entre 1631 e 1647, ilustrada com gravuras de Franz Post, é um dos livros mais suntuosos e importantes sobre a colonização holandesa no Brasil. Outra raridade é a obra do sacerdote português João José de Santa Thereza, que escreveu em 1698, o primeiro livro sobre o Brasil, publicado em Roma.
.....Nos últimos anos, graças aos esforços de sua equipe de técnicos e historiadores, uma parte desse acervo tem sido colocada à disposição de pesquisadores através da internet. Entre outras curiosidades, encontra-se uma proposta enviada à Câmara em agosto de 1891, através da petição de dois engenheiros, Charles Muller e Augusto Tanguy, defendendo a construção de um túnel de ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, incluindo seu projeto com essa finalidade.
.....Entretanto, a falta de uma política cultural voltada para a preservação de documentos históricos, jornais antigos, livros raros e demais acervos das bibliotecas no país, mostra a pouca importância que ainda se dá ao conhecimento do nosso passado, dificultando o acesso desses materiais a quem se dispõem a estuda-los. E reflete o descaso das autoridades legislativas para com um patrimônio que caberia a eles proteger.
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SAÚDE – Remédios importados para quem precisa deles

Se você conhece alguém que precisa de remédios importados e tem dificuldades em obtê-los, essa é uma boa dica: no prédio da VARIG, no Aeroporto Santos Dumont, existe a facilidade de aquisição desses medicamentos.

A Fundação Rubem Berta, em parceria com a VARIG, presta um serviço humanitário na compra de medicamentos não fabricados no Brasil, sem qualquer ônus quanto aos serviços de compra e transporte, ficando a cargo do solicitante apenas o custo do medicamento.

O contato pode ser feito através do Setor de Medicamentos da VARIG, pelo telefone (011) 5091-2250. No Aeroporto de Congonhas, portaria 3, com Simone, do Medhelp também é possível esse contato. Para esclarecer qualquer dúvida à respeito também é possível através do site www.rubemberta.org.br/htdocs/medicinaexterior.html

Célia Borges

O mais antigo dicionário de português está disponível na internet


O mais antigo dicionário da língua portuguesa, o “Vocabulário Portuguez e Latino”, escrito pelo padre inglês radicado em Portugal Raphael Bluteau e publicado à partir de 1712, já está à disposição de pesquisadores e curiosos através da internet. O Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), da Universidade de São Paulo, digitalizou e colocou gratuitamente à disposição dos internautas os mais de 40 mil verbetes da obra, composta por oito volumes e dois suplementos, sendo o último publicado em 1728.

A digitalização dessa obra faz parte do projeto do instituto, para facilitar a consulta de livros raros e de difícil acesso ao público em geral. A pesquisadora responsável pelo projeto, historiadora Márcia Moisés Ribeiro, esclarece que esse trabalho durou um ano e três meses, e foi realizado por quatro profissionais.

“Foi um grande trabalho. São aproximadamente 44 mil verbetes, que tivemos que listar para consultas on-line”, explica a historiadora. Segundo ela, por se tratar de uma obra muito antiga, todos os verbetes foram escritos tanto na forma antiga quanto na atual, com e sem acentos, para facilitar a consulta.

Por exemplo, a palavra assucar (como era escrita na forma antiga) está disponível também nas versões açúcar e açucar. “Se deixássemos apenas na forma antiga as palavras nunca seriam encontradas, porque as pessoas iriam procurar uma palavra que não conhecem”, explica Márcia Moisés Ribeiro.

O objetivo da digitalização, de acordo com a pesquisadora, é evitar o manuseio do dicionário, que é muito frágil e tem algumas folhas de trapo. Ao todo, são dez volumes de cerca de mil páginas cada um, sendo que todas tiveram que ser fotografadas, em vez de escaneadas. “O dicionário é muito frágil e não pudemos coloca-lo num scaner porque a luz poderia danificar as páginas. Além disso, há todo o problema do manuseio. E nosso principal objetivo é preservar um documento raro.

Este é o segundo dicionário raro digitalizado pelo IEB. O primeiro foi “Medicina Popular”, que também está disponível no site do Instituto. Segundo Márcia, esse primeiro dicionário foi digitalizado como teste, já que era bem mais simples e com apenas dois volumes. Outros cerca de 120 livros raros e manuscritos está digitalizados na íntegra e disponíveis no site.

O IEB continua trabalhando para oferecer novos dicionários raros para consulta, todos relacionados à língua ou à cultura portuguesa. A digitalização do “Vocabulário Portuguez e Latino” contou com ajuda financeira da Biblioteca Guita e do famoso colecionador e bibliográfo José Mindlin. “A idéia do projeto não é a de ganhar dinheiro, e a parceria do IEB com José Mindlin foi feita com a intenção de facilitar o acesso do público a obras raras, de grande utilidade e difícil acesso”, conclui a historiadora. O endereço para consulta é: www.ieb.usp.br/online/

Célia Borges