11 de agosto de 2008

PAISAGISMO E JARDINAGEM – Arvores típicas de Resende: Guapuruvu, Mulungu, Sibipiruna e o misterioso Timburibá...






Algumas árvores nativas do Brasil, tiveram origem ou ocorreram intensamente em áreas do vale do Rio Paraíba do Sul, caracterizando a paisagem dessas regiões. Apesar do ciclo do café, muitos exemplares dessas espécies foram poupados do desmatamento, ou reproduzidos, no Médio Vale, devido à grande beleza e imponência, sendo encontrados ainda em grande quantidade principalmente na região serrana. Na área urbana, entretanto, elas podem ser vistas cada vez mais raramente.

Das quatro espécies citadas, apenas o Mulungu (Erythrina Mulungu) é indicado para jardins e quintais. Característica do clima tropical, pode chegar até 14 metros de altura. É árvore espinhenta, cujas flores aparecem no final do inverno - quando ela está sem folhas - num tom de vermelho vivo, que proporciona um lido espetáculo. Muito indicada no paisagismo, inclusive de áreas públicas, exerce grande atrativo para a fauna, tendo suas flores visitadas por beija-flores, periquitos, papagaios e outras aves, para se alimentarem do seu néctar.

A mais típica da região entre todas é o Guapuruvu (Schizolobium parahyba), como o próprio nome científico indica. Como anterior, apresenta flores de beleza exuberante, só que amarelas, que também aparecem em meados do inverno, na forma de espigas longas, com numerosas flores pequeninas. Pode alcançar até 30 metros de altura, e não é recomendada para proximidades de residências ou estacionamentos, porque seus galhos se quebram fácilmente ao vento, podendo provocar acidentes. Em parques e áreas amplas é muito recomendada pelo aspecto estético.

Semelhante, e por isso às vezes confundida com o Guapuruvu, é a Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), diversa entretanto pelo porte (no máximo 16 metros) e pela maior densidade da folhagem. As flores são amarelas, pequenas e reunidas em formato de espiga, e também surgem em meados do inverno. Seu cultivo é recomendado em praças, parques e ruas, desde que longe da fiação elétrica, e também em jardins de grande porte. Característica de clima tropical, tem grande adaptação quanto às condições de solo.

O Timburibá (Enterolobium contortisiliquum) é considerado, do ponto de vista histórico, a árvore símbolo de Resende, tendo dado nome a um jornal, tema de inúmeras poesias, e da lenda mais popular do município. Mas, do ponto de vista botânico, o Timburibá é um mistério. Registros históricos dão conta da existência de um exemplar muito famoso, existente no bairro Alto dos Passos, nas proximidades do cemitério, mas este teria tombado durante uma tempestade, há cerca de cem anos atrás. Desde então, quanto mais famoso, mais misterioso. Ninguém mais que se saiba na cidade, parece conhecer a existência de outro. Mas continuo contando com a ajuda de amigos historiadores, paisagistas, botânicos e outros, para esclarecer-lo. Enfim, procura-se um Timburibá!!!!

As três primeiras espécies citadas estão em plena floração, que se estenderão pela primavera, e ainda embelezando a cidade com os exemplares que ainda restam, como que numa homenagem pelo aniversário, comemorado em setembro. Cada vez mais raras, me atrevo a sugerir ao pessoal que vai planejar jardins para as grandes industrias que vêm chegando, e até para as próximas áreas públicas a serem criadas, o resgate dessas espécies, tão típicas e tão lindas. E seria uma pena que se extinguissem, como parece que aconteceu com a nossa árvore-símbolo.

Célia Borges