19 de março de 2008

MULHER NA HISTÓRIA - Mulheres, negras e vitoriosas

Nesse mês de comemorações sobre o papel da mulher na sociedade, sem nenhuma palestra encomendada (o que geralmente me ocupa nesse período) e promovendo minha faxina regular na papelada, encontrei um recorte de jornal guardado há pouco mais de um ano, trazendo de volta um tema que há muito tempo eu sonhava em pesquisar: o papel da mulher negra na sociedade brasileira.

O texto, publicado na revista dominical do jornal O Globo, em 11 de fevereiro de 2007, anuncia o lançamento de um livro onde se desvendam numerosos casos e histórias de mulheres negras, pioneiras, destacadas e bem sucedidas na História do Brasil. Casos e histórias que abrangem os mais variados níveis e circunstâncias sociais, da diplomacia ao samba.

O livro é Mulheres negras do Brasil, de Érico Vital Brazil e Schuma Schumaher, editado pelo Senac Editoras. Ainda não consegui encontra-lo para leitura integral, então me baseio na matéria: a primeira negra incluída numa delegação olímpica do país foi Melânia Luz, em 1948, dezesseis anos depois da primeira mulher, Maria Lenk, em 1932. A primeira juíza federal do país foi a sergipana Maria Rita Soares de Andrade, nomeada em 1967, aos 63 anos Apesar de negra, os poucos registros sobre o seu pioneirismo não citam isso.

A primeira negra a cursar o Instituto Rio Branco e fazer carreira diplomática foi Mônica de Menezes Campos. A primeira negra a integrar o corpo de baile do Teatro Municipal foi Mercedes Batista. A primeira Miss Brasil negra foi a gaúcha Deise Nunes. E Zaira de Oliveira, primeira mulher do compositor Donga, foi pioneira ao conquistar o prêmio de canto do Instituto Nacional de Música, em 1921.

Uma parte dessas histórias de sucesso da mulher negra já haviam sido levantados e publicados no Dicionário de mulheres do Brasil, publicado em 2000 por Jorge Zahar Editor, inclusive alguns pelos próprios autores do Mulheres Negras, Érico e Schuma, que decidiram aprofundar-se no assunto, com esse novo livro.

Na entrevista eles confessam que não pretendem esgotar o tema, que é tão amplo e provávelmente cheio de surpresas, mas dar a maior contribuição possível para se lançar luz sobre a história de tantas mulheres brilhantes, e tão pouco lembradas. Esse é também o meu caso: já venho reunindo material sobre o assunto, mas sei que há muito o que se pesquisar e compreender.

Tenho esperança de que o meu não seja um interesse solitário, que haja mais gente sintonizada com essa parte da História. Quem sabe o leitor ou a leitora possam também dar sua contribuição?

Célia Borges