31 de março de 2008

PAISAGISMO E JARDINAGEM V – Elementos decorativos dão personalidade ao jardim interno



Se você dispõe de um espaço externo suficiente para fazer seu jardim, não é difícil emprestar a ele a sua personalidade, através da escolha e disposição das plantas. Mas se o espaço é pequeno, e principalmente se ele é um jardim interno, as opções ficam bastante reduzidas, tanto quanto ao tipo de planta, quanto com relação à maneira de arruma-las de forma agradável e harmônica.

Ao ar livre há quase sempre a chance de se fazer canteiros, e mesmo os vasos mais simples, latas e caixotes podem ser usados na composição do conjunto sem comprometer a estética. Já num espaço interno os detalhes ficam mais próximos e expostos, e por isso um certo cuidado na escolha dos elementos adicionais – além das plantas, propriamente – pode fazer grande diferença na aparência do lugar.

As possibilidades, em termos de elementos de jardim, são praticamente infinitas, tanto pra quem tem recursos para escolher as melhores peças nas lojas especializadas, quanto para quem prefere usar a criatividade. É necessária alguma atenção no uso de objetos de madeira ou outros materiais permeáveis, como papelão, porque podem se deteriorar facilmente no contato com a água e a umidade das plantas, mas mesmo estes podem ser usados, se forem tomados os cuidados indispensáveis, como aplicação de verniz ou outro tipo de isolamento impermeável.

Alguns elementos interessantes na composição de um jardim interno são:

FONTES – Além de serem facilmente encontradas em lojas do ramo, elas são um recurso muito usado, não apenas do ponto de vista estético, mas como fator de movimento e energia no jardim interno. O efeito calmante do barulho da água e sua contribuição para manter a umidade do ambiente são outros motivos que as tornam tão atraentes num projeto. Além daquelas que podem ser compradas prontas – e é preciso observar a existência de energia elétrica e água nas proximidades – pessoas com talento para isso podem construir as suas, geralmente com pedras, bambu, peças de madeira impermeabilizada e outros.

VASOS – A escolha deve ser cuidadosa, de acordo com o tamanho potencial do crescimento da planta e também com as exigências da composição estética. Vasos de tamanhos diferentes ajudam a dar idéia de mobilidade ao ambiente, e se houver espaço para concentra-los, colocando-se os mais altos no fundo e os mais baixos na frente, pode-se ter uma impressão de um jardim mais denso. Vasos pintados de cores fortes são mais adequados em espaços onde predominam as folhagens, mas são perigosos onde há plantas coloridas: nesses casos, só mesmo aqueles “feitos um para o outro”.

Vasos verdes não são adequados para folhagens, a não ser que o contraste de tons seja intenso, para evitar um clima de monotonia no ambiente. Eles vão funcionar melhor com plantas coloridas, principalmente as que puxem para o vermelho. Jardineiras são adequadas para prateleiras e batentes, e a escolha deve obedecer aos mesmos cuidados. Outro recurso indicado para jardim interno são os painéis de parede com vasos embutidos, seja em xaxim, fibra de coco e outros materiais.

PEDRAS, PEDRISCOS E ETC...- Para dar um toque pessoal no seu jardim, existe uma grande variedade de materiais, como pedras das mais diversas das cores, pedriscos, cascas de pinus e argila expandida, sendo que esses dois últimos são os de preços mais acessíveis. Eles tanto podem ser colocados dentro dos vasos, dando acabamento e auxiliando na manutenção da umidade, quanto em volta dos vasos e dos demais elementos.

Mas muitos outros materiais podem ser aproveitados com esse objetivo, alguns deles encontrados na própria natureza, como galhos e pedaços de troncos, para quem gosta de pesquisar nas matas, parques e outros locais com abundância de vegetais. Areia lavada, aquela pedra bonita que você trouxe de uma viagem...há enfim, dependendo da inspiração, do gosto e da personalidade de cada pessoa, quase tudo pode ser aproveitado para compor estéticamente o seu jardim interno.

Mais uma dica, e importante, é que é preciso conciliar os elementos com as necessidades das plantas, cuidando para não sacrificar uns em benefício de outros. A convivência entre os dois fatores é primordial, pois não adianta ter um ambiente com objetos lindos e plantas maltratadas. Se for preciso optar, melhor é cuidar que as plantas fiquem lindas, mesmo em contraste com os materiais mais simples

Célia Borges.

ALDEIA GLOBAL XXIII – Abaixo o “foro especial” para autoridades

Todos são iguais perante a lei. Menos os deputados, senadores, governadores, promotores, procuradores, juizes, desembargadores, ministros, presidentes e vice-presidentes da República. Quem lê sempre essa coluna vai pensar que a frase é minha, mas na verdade ela abre um artigo do deputado federal Marcelo Itagiba no jornal O Globo de hoje (31/03), onde escreve sobre sua proposta de emenda à Constituição federal (PEC n0 130), destinada a acabar com o foro especial para o julgamento de crimes dos quais sejam acusadas autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

A minha confiança na classe política é bem reduzida, mas quando aparece alguém com uma iniciativa dessa natureza, não tenho dúvidas de que merece apoio. Segundo o deputado, a proposta foi elaborada com base em preceitos defendidos pela Associação dos Magistrados Brasileiros, em seu seminário “Juizes contra a corrupção”, e aprovada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Mas creio que, para que ela seja aprovada até as últimas conseqüências, vai ser preciso uma grande mobilização da opinião pública, capaz de deter o corporativismo dos poderes.

Só costumo publicar textos que eu mesma escrevo, mas nesse caso me atrevo a transcrever abaixo outros trechos do artigo do deputado, que considero brilhante: “ É injustificável a manutenção da prerrogativa do chamado foro privilegiado nos ilícitos penais, em favor de quem quer que seja, perante o Supremo Tribunal Federal ou quaisquer outras cortes. Tal prerrogativa está degradada à condição de inaceitável privilégio, que transgride o principio de igualdade e promove o desequilíbrio da cidadania, com enormes danos, próximos ao irreversível, à crença num país justo”.

E ele continua: “O foro privilegiado é um direito que já nasceu retrógrado e injusto. Não podemos mais continuar nos reconhecendo, vergonhosamente, como um país formado por milhões de pessoas que têm seus direitos primordiais negados – e o à Justiça é um deles – e uma minoria de “cidadãos especiais” cujos privilégios os aproximam da impunidade”.

Não vou transcrever o artigo inteiro por respeito ao direito autoral, mas acho importante sua conclusão: “Somos um país cuja desigualdade vai do supermercado aos tribunais, onde o homem comum, na condição de réu e de vítima, não recebe qualquer tratamento privilegiado. Não é possível que autoridades continuem se alimentando do privilégio de responder a acusações de crimes comuns em cortes especiais num país que tem fome e sede de justiça”

Nunca votei no Sr. Itagiba nem tenho opinião formada por seu desempenho em Brasília, mas com essa postura, passou a merecer pelo menos o meu respeito. Hoje são muito poucas as figuras do nosso Congresso sobre as quais posso dizer o mesmo. Surpreendentemente, encontro uma ou outra figura ética, e nos mais variados partidos. E já vi também, muitos desses que considerava éticos, debandarem para o lado do inimigo. Confiar no deputado talvez já seja um exagero, mas apoiar sua iniciativa, e lutar por ela em todas as frentes possíveis, isso é uma exigência da cidadania.

Célia Borges