24 de dezembro de 2009

TERNO DA FOLIA ANIMA AS FESTAS EM MAUÁ



O Centro Cultural Visconde de Mauá, agradecendo a participação e a confiança recebida em 2009, encerra as suas atividades do ano com a programação do Terno de Folia Visconde de Mauá, que sairá às ruas, visitando as casas, do dia 25 de dezembro até o dia 6 de janeiro de 2010, levando música e alegria aos moradores da região.
O destaque dos desfiles será a bandeira do Terno da Folia, bordada pelas mãos das bordadeiras de Visconde de Mauá. Os integrantes do grupo são Jorge Brito, Zé da Viola, Daleni e Márcia Patrocínio, contando com a participação também de Ovídeo do Campo Alegre, Geraldo Lopes e Luciano Jardim.
Célia Borges

UM ATO PELA PRESERVAÇÃO DA CAPELA DE NOSSO SENHOR DOS PASSOS



A comunidade de Itatiaia, através da sociedade civil organizada, está programando para o dia 3 de janeiro próximo, e primeiro domingo do ano, um ato cívico e religioso, pela preservação da Capela de Nosso Senhor dos Passos, que é o prédio mais antigo do município e seu principal patrimônio histórico. O Terço, que já vem reunindo a comunidade nos primeiros domingos de cada mês, e há mais de três anos, será rezado às 15 horas, estando previstos, a seguir, depoimentos de devotos sobre a história da capela.
O encontro do dia 3 de janeiro terá um caráter especial, também porque será apenas a segunda vez em que O Terço será rezado no interior da capela, desde o início da mobilização da comunidade, que há cerca de dois anos conseguiu o tombamento do prédio. A capela encontra-se desativada para fins religiosos desde o início da década de 40, sendo que nos primeiros anos da década de 90, logo após a emancipação do município, foi usada como sede da Secretaria Municipal de Obras.
Para as representantes da sociedade civil organizada, “a abertura das portas da capela significa um marco do resgate histórico e cultural de Itatiaia”. Por isso, estão empenhadas numa ampla convocação da comunidade, cuja mobilização poderá contribuir para a preservação do prédio, que se encontra ameaçado pelo abandono. Apesar de algumas iniciativas da prefeitura, como o levantamento das necessidades para proceder a obras emergenciais, e a promessa de um projeto de restauração, essas providências vem sendo tomadas lentamente, permitindo que a capela tenha sua integridade cada dia mais comprometida.
As organizadoras desse primeiro Terço de 2010 esperam uma participação ampla da comunidade, reunindo tanto pessoas que lutam pela preservação da capela por devoção, como as que se interessam pelo seu aspecto histórico e cultural. Além desse encontro no dia 3 de janeiro, a Capela de Nosso Senhor dos Passos também será o tema de um fórum, organizado pelo Departamento de Cultura da SMEC de Itatiaia, visando discutir as providências para sua conservação e reunir informações para a elaboração do projeto de restauração.
Célia Borges

21 de dezembro de 2009

AGENDA CULTURAL – Arte coletiva no Papel Botânico de Maurício Rosa



“O Papel das Vilas” – Arte Coletiva no Papel Botânico de Maurício Rosa, é a exposição que será aberta ao público nesta terça-feira, 22 de dezembro, no Centro Cultural Visconde de Mauá, que a promove em conjunto com a Papelaria Artesanal MR Papel, em evento que terá início às 19h30. A mostra poderá ser visitada sextas, sábados, domingos e feriados, das 10 às 18, até o dia 21 de fevereiro próximo.
A exposição mostra a magia do Papel Botânico, e os trabalhos de Maurício Rosa, em harmonia com a arte de Beatrijs ´T Kindt, Bete Reis, Boi, Carlos BG, Carmem Flores, Cassia Freitas, Claudia Simões, Cristina Ayres, Cristina loureiro, Daleni, Fabio Genovesi, Fernando Fleury, Ione Haubrichs, Key Ferreira, Luiza Ramagem, Nívea Leite, Oscar Araripe, Pedro Ferreira, Roberto Campadello, Roberto Granja, Rodrigo Rosa, Tatiana Ratinetz e Viviana Merlo.
Também fazem parte da mostra a nova linguagem para as imagens fotográficas de Daniel Campadello, Darshana, Domitila, Carlos Guerreiro, Fabio Manegale, Fernanda Castellan, Gaby Sixn, Helena Lavigne, Juliana Mello, Ligia Skowronski, Marlene Lanfredi, Rainer Jacobi e Vivian Cury. A abertura da exposição contará com a poesia de Roseana Murray, e a ilustração de Elvira Vigna no livro “Variações Sobre Silêncio e Cordas”.
Célia Borges

17 de dezembro de 2009

IMAGENS DE ITATIAIA – Arquiteto busca informações para projeto de restauração da capela de Nosso Senhor dos Passos



O arquiteto Roberto Batista Reis, funcionário concursado e lotado na Secretaria Municipal de Educação de Itatiaia, informou ontem (15/12) que vem, há cerca de quatro meses, trabalhando num levantamento, que será a base para o desenvolvimento de um projeto de restauração e conservação da Capela de Nosso Senhor dos Passos. A capela, que é o prédio identificado como o mais antigo do município, e seu principal patrimônio histórico, encontra-se em estado de abandono, e com sua integridade ameaçada.
Segundo o arquiteto, nessa etapa do levantamento, ele está trabalhando em duas frentes: a primeira é a confecção do desenho técnico do prédio (planta baixa, corte e fachada), que já está em fase de conclusão; e a segunda, a pesquisa de todo o tipo de informação sobre o prédio, através de pessoas que tenham trabalhado nas obras de manutenção realizadas, devotos que freqüentaram a capela, e principalmente, na busca de fotografias antigas que possam servir de subsídio para a elaboração do projeto.
- “A colaboração da comunidade é muito importante para que possamos fazer um bom trabalho”, observa ele, constatando a falta de documentação histórica em que possa se basear, e que, na sua opinião, poderá ser compensada pelo menos em parte, através de depoimentos de moradores que conheceram e freqüentaram a capela. A contribuição decisiva para a reconstituição do projeto arquitetônico original e do interior do templo, que foi completamente destruído, poderá ser dada principalmente por fotografias, que ele vem buscando entre famílias antigas do município, na falta de um arquivo público municipal.
O projeto de recuperação e restauração da Capela de Nosso Senhor dos Passos, para Roberto Batista Reis, não é apenas mais um trabalho. Radicado em Itatiaia desde 1991, ele atuou na Secretaria de Obras da prefeitura, quando esta ocupava o prédio. Sua preocupação com a preservação da capela vem desde essa época, e ele lembra que, quando foi chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da prefeitura, entre 1992 e 1993, embora o assunto não fosse exatamente da sua competência, tomou a iniciativa de elaborar um relatório sobre a situação do prédio histórico, na expectativa de mobilizar o poder público para a solução do problema.
Nascido na cidade histórica mineira de São João Del Rey, Roberto formou-se em Barra do Piraí e estagiou dois anos na Fundação Pró-Memória, em Vassouras, alimentando aí sua sensibilidade e vocação para as questões do patrimônio histórico. E embora o trabalho na SMEC de Itatiaia o tenha levado para outro tipo de atividade – a reestruturação das unidades de ensino – seu interesse permaneceu, inclusive através de relações de amizade, como a que mantém com Isabel Rocha, do escritório técnico do IPHAN em Vassouras. Estudiosa em cerâmica antiga, ela já demonstrou interesse em analisar os tijolos da capela, além da consultoria que já vem dando através das atividades regulares do próprio IPHAN.
O arquiteto, que vem acumulando suas tarefas normais com o projeto da capela, observa que, antes da reforma e restauração do prédio, vem trabalhando prioritariamente num relatório de orientação para as obras emergenciais, visando a conservação desse bem público, enquanto o projeto completo precisará ser elaborado numa etapa posterior, dentro das normas técnicas indispensáveis à situação. Para atender à ambas as necessidades, ele está produzindo um “mapa de danos”, definindo metro por metro, todos os problemas encontrados, como as infiltrações, rachaduras, e ocorrência de fungos, entre outros. Isso implica em identificar, inclusive, as obras de conservação e remendos, realizados sobre o prédio original.
Segundo ele, o IPHAN deu parecer informal de que as obras emergenciais podem ser executadas pela prefeitura, já que o tombamento é municipal. Mas está sendo encaminhado um ofício ao instituto, para que essa anuência possa ser dada de forma oficial. Ao mesmo tempo, a prefeitura vem buscando recursos para essas obras emergenciais, que são principalmente a limpeza das calhas, a retirada das árvores do telhado, a substituição de telhas, troca de algumas madeiras e outras providências que garantam sua conservação, até a conclusão do projeto e o início das obras de restauração.
O arquiteto diz ainda que, no momento, é impossível definir o custo da restauração, já que um levantamento mais detalhado dos danos e das necessidades, vai depender inclusive dessas obras emergenciais, quando será possível colocar andaimes, por dentro e por fora do prédio, e assim observar mais de perto a situação de cada parte da capela. Todos esses dados precisam constar do projeto, assim como as propostas para os materiais de acabamento (madeiras, pisos e outros aspectos arquitetônicos) e do mobiliário (altar, escadas, jirau do coro e bancos, por exemplo). O custo de cada um desses detalhes, no momento da obra, é que vai determinar o orçamento.
Enquanto aguarda o início das obras emergenciais, e as condições para concluir seu levantamento visando a elaboração do projeto de restauração, o arquiteto vem desenvolvendo, em parceria com os arquitetos Felipe e Sergiane Castaño, uma maquete eletrônica, com os dados já disponíveis projetados sob a perspectiva do que pode e precisa ser feito para a recuperação da capela. As novas informações podem ser acrescentadas no decorrer do trabalho, até o projeto final.
- “No momento, trabalhamos com que está disponível para a conservação do prédio. Mas para a elaboração de um projeto de restauração, o que vamos precisar é de toda a informação possível, principalmente através de fotografias”, conclui ele, lembrando que a participação e a colaboração da comunidade do município podem fazer grande diferença para que Itatiaia possa ter, no futuro, um patrimônio à altura da sua história.
Célia Borges

ALDEIA GLOBAL – Copenhage e a natureza do nosso próprio quintal



Enquanto as autoridades dessa nossa aldeia global se degladiam em Copenhage, para estabelecer normais internacionais visando controlar a degradação do meio ambiente, e preservar o planeta diante das cada vez maiores ameaças de desastres naturais, a maioria de nós segue alheia, na inocente irresponsabilidade de achar que não tem nada com isso, ou, no caso dos nossos governantes, usando as questões ambientais como mero “marketing” eleitoral, e exercendo sua culpada irresponsabilidade.
Falando sério, é claro que pouco podemos fazer sobre o que se discute em Copenhage. Mas se olharmos à nossa volta, começando pela nossa casa, pela nossa rua, pelo nosso bairro, pela nossa cidade, talvez encontremos alguma, ou até muita coisa a fazer em defesa do meio ambiente. Temos arbítrio, e podemos tomar atitudes, começando pela destinação do nosso próprio lixo. Existem mecanismos de reciclagem, que só não são mais eficientes porque falta consciência, participação e condicionamento, via educação ambiental, da comunidade.
Eu cito o lixo, para começar, porque é uma questão que pode ser trabalhada de forma individual e comunitária. A coleta seletiva pode ser feita em casa, no prédio, no quarteirão, ou através de uma associação de bairro. Quanto mais pessoas e unidades habitacionais envolvidas, maior a chance de sucesso da iniciativa. Já existe uma coleta organizada para restos de óleo de cozinha, por exemplo, e diversas instituições como a APAE, que recolhem e usam o lixo reciclável como fonte de renda. São pequenas providencias que dependem do cidadão, e que podem fazer grande diferença no volume e qualidade do lixo de um município.
Cuidar do próprio lixo corresponde à um tipo de consciência ambiental, que pode ter desdobramentos, como a de promovermos a reciclagem dentro da própria casa, aprendendo a reaproveitar e assim, a economizar. Atentos, podemos aprender novas e melhores formas de fazermos isso. Vivendo e agindo dentro desse conceito, podemos dar exemplos, e influenciar o comportamento dos nossos familiares, parentes e vizinhos. Observando soluções, e divulgando-as, podemos estar fazendo parte de uma “corrente do bem”, da qual, no futuro, pode depender a nossa própria sobrevivência. Ou a dos que seguirão depois de nós.
A consciência ambiental será tão mais sólida quanto começar em nossa própria casa. Mas ela também precisa se expandir para além dos nossos muros e paredes, e alcançar as nossas ruas e nossos bairros. Nossos municípios e estado. Porque a cada dia somos cúmplices, embora geralmente inconscientes, dos mais diversos crimes e irresponsabilidades contra a natureza. Vemos pessoas caçando e mantendo pássaros em cativeiro, e há gente que acha isso muito natural. Jogamos lixo na rua ou varremos das calçadas para os bueiros, sem pensar no que isso pode resultar. As árvores das nossas ruas estão infestadas de erva-de-passarinho, definhando e provocando riscos, mas passamos por elas sem nem ao menos um segundo olhar.
Olhando um pouco além dos nossos bairros, numa visão geral dos nossos municípios – Resende, Itatiaia, Quatis e Porto Real – podemos ver uma sequência de morros e montanhas nuas de vegetação, herança do “ciclo do café”, que se extinguiu há mais de cem anos. Há 25 moro por aqui, e pouco mudou nessa paisagem. Especialistas em meio ambiente, por aqui existem muitos. Eles se revezam em cargos no poder público – municipal e até estadual – e no comando de organizações e desorganizações não governamentais. Participam de congressos, dão entrevistas nos jornais. Podem ser grandes mestres na teoria de salvar o meio ambiente, mas eu ainda estou à espera de um, apenas um, que me mostre uma iniciativa de resultados, um projeto de reflorestamento que tenha sido relevante, a história de uma única árvore plantada. Temos mestres em teoria, mas nada vai resultar em prática, enquanto o cidadão, através da comunidade, não souber manifestar o que quer, e exigir o que é preciso.
Pode ser que em Copenhage as autoridades do planeta tomem alguma decisão importante. Mas nada do que eles decidirem lá vai ser tão relevante para o meio ambiente, quanto a atitude de cada um de nós, cuidando do nosso lixo, da nossa rua, do nosso bairro, do nosso município...
Célia Borges (em homenagem à Fátima Porto)

14 de dezembro de 2009

IMAGENS DE ITATIAIA – Patrimônio histórico e cultural ameaçado







Apesar de ter muito pouco do que pode ser chamado “patrimônio histórico”, o município de Itatiaia ainda possui alguns bens, inclusive centenários, cuja preservação é de interesse cultural. A maioria do que poderia merecer esse adjetivo, já foi posta abaixo há muito tempo. Os que ainda resistem são, principalmente, a capela de Nosso Senhor dos Passos e a Chácara Pequenina, ambas na Rua São José, ao final da qual se encontra a Praça Mariana da Rocha Leão, endereço da Igreja Matriz de São José e do Paço Municipal Campo Belo, sede do governo municipal. Nesse “eixo histórico” encontra-se também a antiga usina de leite, atual sede do poder Judiciário, mais recente, mas na faixa dos 100 anos.
A capela de Nosso Senhor dos Passos foi tombada há poucos anos, e infelizmente, por mais incrível que isso possa parecer, ainda há gente em Itatiaia que pensa que um prédio “tombado” é aquele que se deve demolir. Ou, simplesmente, “deixar cair”. Pode parecer piada, mas em se tratando de Itatiaia, isso é a mais pura verdade. E o pior é que as autoridades entraram na onda da ignorância geral, e parecem estar dispostas mesmo a “deixar cair”, e depois disso apelando, talvez, para o “eu não sabia” ou o “não tenho nada a declarar”...
A luta pela preservação e recuperação da capela de Nosso Senhor dos Passos, construída por empenho de D. Mariana Rocha Leão à partir do final do século XIX, não é recente, e já contou com outras iniciativas, sempre frustradas pelo desinteresse do poder público. Logo após a emancipação, por falta de locais adequados para a instalação das repartições públicas necessárias ao funcionamento do primeiro governo, ela abrigou a Secretaria Municipal de Obras, o que contribuiu para a total descaracterização de seu interior, que aliás, na época, já se encontrava bastante comprometido.
As condições precárias do prédio levaram à sua desocupação, e por falta de uma consciência histórica das administrações seguintes, a um estado de completo abandono. A capela foi alvo de constantes invasões, inclusive para a prática de atividades anti-sociais. Como solução provisória, passou a servir como depósito de materiais descartados pela Secretaria Municipal de Educação, situação em que se encontrou até há poucos meses. As providências para salvar a capela de Nosso Senhor dos Passos, entretanto, estão demorando, o que pode, num futuro próximo, transformá-la em ruínas.
Os primeiros passos vitoriosos no sentido de garantir a preservação da capela de Nosso Senhor dos Passos foram dados há cerca de três anos, por um grupo de mulheres do município, reunidas em torno da OFRA – Organização Fraterna Pró Humana – e que passaram a promover um encontro mensal nas escadarias da capela, no primeiro domingo do mês, para rezar o Terço, e assim manter viva a tradição religiosa em torno dela. Sob a inspiração religiosa da conhecida "Vó" Solange do Cantinho de Oração e suas auxiliares,e contando com a cultura e os conhecimentos técnicos de Neusa Saúde, Auditora Fiscal aposentada da Receita Federal, um grupo cada vez maior de itatiaienses passou a se mobilizar, e finalmente dar contornos objetivos à essa luta.
Um abaixo-assinado, com cerca de duas mil assinaturas, foi o ponto de partida para uma campanha que, depois de dezenas de reuniões, marchas e contra-marchas, resultou na aprovação pela Câmara Municipal, do decreto de tombamento apresentado pelo vereador Zezinho Penepão. O tombamento da capela foi uma vitória, mas o objetivo dela, de garantir a preservação do velho prédio, ainda está longe de ser concretizado. Se por um lado já houve, no atual governo, a boa notícia de uma dotação financeira de R$ 200 mil, através de emenda no orçamento da União pelo deputado Deley, para as obras necessárias, por outro lado, medidas simples como a desocupação do prédio, do entulho que ali se acumulava, demorou quase oito meses.
Outras providências emergenciais, que poderiam contribuir para a conservação da capela, como limpeza regular e pequenos reparos, não estão sendo realizadas. E a comissão de mulheres, que pretende lutar pela capela, até a conclusão de sua restauração e recuperação, está sendo cada vez mais isolada pela administração, que parece considerar a salvação de seu único prédio que realmente pode ser considerado patrimônio histórico, assunto sem a menor prioridade. Mais fácil tem sido sensibilizar instituições de fora do município, como a Fundação Roberto Marinho, que já se mostrou interessada em patrocinar o projeto, desde que disponha da documentação necessária. O que, afinal, também depende da prefeitura.
A luta tem sido árdua, mas as mulheres de Itatiaia que se esforçam pela preservação da capela de Nosso Senhor dos Passos são incansáveis. No Terço de dezembro, realizado nesse domingo, dia 6, elas já conseguiram se reunir para rezar dentro do templo, uma reivindicação que faziam há meses. Semanas antes haviam conseguido a chave, para elas mesmas fazerem a limpeza, e agora deixaram lá, montado, um pequeno e ainda provisório altar.
Enquanto aguardam por atenção e resultados, elas seguem com seus trabalhos, nas muitas frentes em que vêm atuando, inclusive no aspecto da pesquisa histórica, como por exemplo na busca de fotos antigas que possam mostrar como era a capela, em seu interior. É um subsídio importante para a elaboração de um projeto de reconstituição, já que é impossível restaurar o que não existe mais.
Célia Borges

4 de dezembro de 2009

ALDEIA GLOBAL – Que país é esse?



Não satisfeitos com a vergonha interna, descemos mais um degrau, e estamos dando vexame à nível internacional. A ignorância do nosso presidente agora é servida nas finas bandejas de prata e nos copos de cristal dos eventos externos, temperada com a mesma desfaçatez que nos empurram goela abaixo dentro do próprio país. Embriagados com o sucesso fácil de uma política interna populista, nossas autoridades querem levar sua visão estreita além de nossas fronteiras, na ilusão de poderem enganar os “trouxas” lá de fora, como enganam os daqui.
Quem votou no Lula acreditando estar elegendo o presidente de um país, enganou-se. O presidente preside apenas algumas parcelas da população. Sem qualquer referência cultural do que seja um estadista, ele tem deixado claro, desde o início, que quer ser o “prisidente” dos pobres, dos miseráveis, dos negros, dos gays, e de outras minorias. O resto da população, em seu conceito, não precisa de presidente. Já tem vencimentos suficientes para sobreviverem sozinhos. E que se danem, pagando os maiores impostos do mundo.
O partido no poder é o Partido dos Trabalhadores. Mas nunca antes na história desse país, o trabalho e o trabalhador foram tratados com tanto descaso, com tanto preconceito, com tanta arbitrariedade. Nossos impostos servem para pagar a mordomia dos poderosos – executivos, legislativos e judiciários – e para sustentar programas clientelistas, como Bolsa-Família e outras bolsas oportunistas. Educação, saúde, meio ambiente, se não estão satisfatórios, se nunca tem os recursos necessários... ah! Isso é culpa da classe média. E agora me explica quem é a classe média, se não a classe dos trabalhadores.
O trabalhador, seja da ativa ou aposentado, que sustenta ou sustentou o país com seus esforços, só tem deveres. Seus direitos vêm sendo cada dia mais usurpados, em benefício de interesses financeiros e empresariais: os bancos, com tarifas e juros exorbitantes; planos de saúde que pagamos além da previdência oficial, com seus prazos de carência, chantagens por faixa etária, e outros desmandos; concessionárias de serviços públicos, como transporte, luz, gás, água e telefonia, sempre funcionando abaixo do razoável; e finalmente, mas não por último, a própria Receita Federal, que nos trata como se fossemos uma população de marginais sonegadores, enquanto nos sufoca com índices de agiota e uma legislação que é uma verdadeira armadilha para incautos.
O Brasil multi-racial e democrático, não interessa àqueles para quem “perpetuar-se no poder tornou-se mais importante do que construir uma nação”, como definiu muito bem César Benjamim, em recente e brilhante crônica na Folha de São Paulo. Entre nós, a política virou apenas mais um braço da criminalidade. Todos os crimes podem ser cometidos e justificados, quando e onde há a garantia da impunidade. Nossa “Santidade Presidencial”, que já se considera figura tão messiânica quanto Jesus Cristo, embora sua atuação possa ser melhor comparada com a de um Hitler, consegue, em sua suprema benevolência, ser solidário com a mais vasta gama de corruptos, de Paulo Maluf à Fernando Collor, passando, é claro, por toda a arrogante “nação petista”.
O slogan “Brasil, um país de todos”, só pode ser uma ironia, além de pura hipocrisia. A política que nos é imposta, de cima para baixo, se esmera em produzir uma – ainda que falsa – visão maniqueísta do país, incentivando o preconceito racial – negros contra brancos -, a luta de classes – pobres contra ricos – e até dissenções de caráter sexual – gays contra hetero. Dividir para vencer, esta é a infância da arte da guerra. Mas de governos que abandonaram a educação, que desdenham da cultura, que ridicularizam a cidadania, não se pode esperar mesmo uma postura madura e democrática, só um comportamento irresponsável e infantil. Diante de uma população em que ser alfabetizado significa saber assinar o nome, isso, aliás, fica muito fácil.
Não sei bem onde é que andam os jornalistas estrangeiros que atuam no Brasil, que não conseguem desvendar aos olhos do mundo a nossa triste realidade. Talvez porque, para um mundo globalizado, as cifras tenham mais visibilidade do que as pessoas, do que as verdadeiras condições de vida de toda uma população. E assim, está sendo bem fácil enganar “os gringos” até agora. Enfim, os balões são ocos, mas podem crescer muito, quando estão cheios de gás. Acontece que gás demais infla a forma, mas não preenche o conteúdo. O nosso “balão cheio” está se tornando cada vez mais espaçoso no cenário internacional, mas vai ao mesmo tempo revelando a leviandade, a falta de critérios, a vocação autoritária, que nos leva a apoiar publicamente, e mesmo contra a vontade da população consciente do país, figuras como Fidel Castro, Hugo Chaves e Ahmadinejad.
Que a maioria da população do país, mantida na semi-escolaridade, e na ignorância dos seus mais básicos direitos civis, possa ser enganada por tanto tempo, não é exatamente surpreendente. Eu quero ver é se esse balão cheio vai enganar a comunidade internacional, muito cônscia de suas responsabilidades, sintonizada com as perspectivas históricas, e preocupada com coisas mais importantes do que a vaidade de um “pseudo-líder” continental, por muito tempo. As nossas gafes internacionais se sucedem com grande velocidade, e desde que o tal do presidente culpou os “loiros de olhos azuis” pela crise econômica, outros absurdos já devem ter ligado o sinal de alerta, para os riscos dessa política externa brasileira. Só nos resta rezar para que eles acordem á tempo. E que tenham a lucidez de não confundir os desmandos de presidentezinho oligofrênico, com a opinião pública de todo o país.
Célia Borges

2 de dezembro de 2009

LIVROS – Margaret Mee e as Flores da Floresta Amazônica



Para os amantes da natureza, principalmente os apaixonados por orquídeas e bromélias, o nome de Margaret Mee dispensa apresentações. Inglesa, com formação em artes plásticas, ela se apaixonou pelo Brasil numa viagem à São Paulo para visitar uma irmã, e aqui radicou-se - primeiro em São Paulo e depois no Rio de Janeiro. Unindo seu extraordinário talento artístico, ao conhecimento de botânica que foi adquirindo no decorrer de seu trabalho, ela realizou diversas expedições à floresta amazônica, reproduzindo suas flores em detalhes, e no próprio “habitat” natural, e agindo sempre com extremo cuidado na preservação desses espécimes.
O resultado dessas viagens foram alguns milhares de desenhos e aquarelas, que fazem parte de importantes acervos de museus e instituições de pesquisa, principalmente na Inglaterra, e que já foram publicados em diversos volumes, para o encanto de seus admiradores.
Sua primeira viagem à região amazônica foi feita em 1956, quando ela contava 47 anos. Loira, de estatura pequena e aparência franzina, ela foi entretanto uma corajosa pesquisadora, que não se intimidou com as condições adversas, com o desconforto e o perigo, para realizar estudos botânicos que jamais foram igualados. Durante 32 anos ela realizou várias viagens à Amazônia, sendo a última em 1988, aos 79 anos, e então apoiada numa bengala, em conseqüência de um problema na bacia, resultante de uma queda.
Amiga de Burle Marx, ela foi aclamada ao mesmo tempo por autoridades em botânica quanto por críticos de arte. Ela estudou botânica com o especialista em orquídeas Guido Pabst e com Richard Evans Schultes. Ela identificou nove novas espécies de plantas anteriormente desconhecidas, sendo que algumas foram batizadas em sua homenagem, como a Aechmea meeana e a Neoregelia margaretae.
Uma das edições mais acessíveis sobre o trabalho de Margaret Mee é o volume Flores da Floresta Amazonica, reunindo sessenta de suas principais obras, e com desenhos adicionais. Um belo volume em capa dura, pode ser uma excelente sugestão para presente de Natal, e encontra-se á venda na Livraria Nobel, do Resende Shopping, por apenas R$ 99,00.
Célia Borges