5 de agosto de 2009

SAÚDE – Rejeição à carne de frango pode ter explicação científica


O tema dessa matéria é resultado, em grande parte, de experiência pessoal, e gostaria de alertar aos meus leitores de que não tem, rigorosamente, qualquer fundamentação científica. Ela foi reforçada, entretanto, por mensagem que vem circulando na internet, o que demonstra que o assunto vem ganhando espaço no inconsciente coletivo.
Há algum tempo, eu mesma e uma grande amiga, de constante convivência, temos manifestado uma aparentemente inexplicável rejeição por comidas preparadas com carne de frango. Essa carne, que durante muitos anos foi constante na nossa dieta, inclusive pelas infinitas variações de receitas de “canja”, que gostávamos de experimentar, foi ficando cada vez menos agradável ao nosso paladar.
Curiosamente, tenho verificado uma certa incidência desses casos, embora não tenha me dado ao trabalho de registrar cada um deles, por ter relegado a questão ao terreno das coincidências. Pode ser que, através dessa postagem, mais pessoas se manifestem à respeito. Costumamos dar pouca importância aos caprichos dos nossos apetites, mas sobram estudos para demonstrar que, frequentemente, eles refletem necessidades do nosso organismo. Como a vontade de açúcar, quando se tem hipoglicemia...
Há muitos anos um grande amigo meu rejeita sistemáticamente a carne de frango, sob o argumento de que os hormônios nela contidos seriam projudiciais á sua masculinidade. Sempre levamos, seus amigos, essa atitude por conta de seu caráter, bastante peculiar. Mas recentemente, comecei a dar atenção aos seus argumentos, diante da minha própria experiência. Reforçada agora por uma mensagem recebida via internet, cuja origem não tenho como me certificar.
ASAS DE FRANGO, ISSO É PERIGOSO – O texto, em tom dramático, que prefiro não reproduzir, fala da experiência pessoal de uma mulher que, depois de remover um sisto no ovário, teve reincidência. O médico perguntou se ela seria consumidora de asinhas de frango, tendo comentado que os frangos geralmente recebem as injeções de esteróides – destinados a apressar seu crescimento – nas regiões da asas e do pescoço, onde as dosagens de hormônios ficariam, consequentemente, mais concentradas.
O uso de produtos químicos, sejam hormônios, adubos ou inseticidas – ou até outros que nem sequer imaginamos – encontram-se disseminados, especialmente nos paises pobres ou em desenvolvimento, onde o contrôle dos seus efeitos é desprezado, na busca de maior produtividade. As consequências dessas políticas estão longe de serem avaliadas, especialmente com relação aos seus efeitos sobre a saúde de quem consome tais produtos.
Recentemente fomos alertados, em ampla campanha, de que o consumo de ovos só deve ser feito após seguro processo de cozimento, para se evitar contágio por “salmonella”, incontrolável nos produtos de granja, ou seja, nas produções intensivas. Sobre a qualidade da carne de frango, as autoridades de saúde pública não se manifestaram, o que não nos exime de estrita atenção, se estamos preocupados com a nossa saúde.
É lamentável que não possamos confiar no controle daquilo que consumimos, ficando expostos, assim como nossas famílias, aos mais variados tipos de problemas, que podem ir de uma simples alergia, até o risco de contrair um câncer. E se não nos restar outra defesa, podemos e devemos, pelo menos, estar atentos às reações dos nossos próprios organismos, quando pedem ou rejeitam tais ou quais alimentos. Consultar os médicos e narrar seus sintomas é sempre uma esperança, mas respeitar os caprichos, limites e imposições do próprio organismo, é um passo importante na manutenção da saúde.
Célia Borges

PAISAGISMO E JARDINAGEM – O centenário de Roberto Burle Marx


Hoje comemoram-se os 100 anos de nascimento de Roberto Burle Marx. Uma data memorável, dentro e fora do Brasil, e uma data muito especial para paisagistas, botânicos e jardineiros, país afora, toda uma geração para a qual ele foi inspiração e exemplo. Um revolucionário no paisagismo, foi também um artista talentoso como ceramista, gravurista, tapeceiro, designer de jóias, pintor e músico.
Burle Marx deixou a marca peculiar do seu talento, originalidade, genialidade mesmo, em tudo o que fez. Sua visão modernista foi matéria prima para a criação de alguns dos mais extraordinários projetos paisagisticos do país, transformados em verdadeiros cartões postais, emprestando sua identidade ao conceito de “arte brasileira”. Por esses, e outros projetos em diversos países, recebeu os títulos de “Doutor honoris causa” da Academia Real de Belas Artes da Holanda e do Royal College of Art, da Inglaterra, ambos em 1992. No ano anterior, 1991, o Museu de Arte Moderna de Nova York dedicara à ele sua primeira exposição de paisagismo.
EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA – As comemorações pelo centenário de nascimento de Burle Marx começaram em dezembro passado, com a abertura da exposição “A Permanência do Instável”, que permaneceu até março no Paço Imperial do Rio de Janeiro, e montada posteriormente no Museu do Ibirapuera, em São Paulo. A mostra, com curadoria de Lauro Cavalcanti, é composta de 335 itens, revelando as várias áreas de atuação do artista, inclusive como autor de cenários e figurinos para peças de teatro e óperas.
Através dessa exposição é possível conhecer a trajetória desse contemporâneo, parceiro e amigo de Oscar Niemayer, autor dos projetos de paisagismo de obras tais como o Aeroporto da Pampulha, em Minas Gerais, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e do Eixo Monumental de Brasília. Também é dele o projeto original do paisagismo do Parque do Ibirapuera, que nunca chegou a ser completado. Seus jardins foram executados em cerca de 20 países.
DADOS BIOGRÁFICOS – Roberto Burle Marx nasceu em 5 de agosto de 1909, em São Paulo, quarto filho do alemão Wilhelm Marx e da pernambucana Cecília Burle. Em 1913 a família muda-se para o Rio de Janeiro, onde a proximidade com o mar e outras paisagens, além da influência da mãe, dedicada à jardinagem, e do pai, assinante de revistas estrangeiras de paisagismo, contribuiriam para incentivar seus talentos naturais. Entre 1928 e 1929, vive com a família um período na Alemanha. Na volta, em 1930, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Em 1932 Burle Marx assina seu primeiro projeto de paisagismo, para a família Schwartz, no RJ, e em 1934 assume a Diretoria de Parques e Jardins de Recife, onde tem oportunidade de projetar praças e jardins públicos. Em 1937 cria o primeiro Parque Ecológico do Recife. Nos anos que se seguem, realiza pesquisas botânicas, recolhendo espécimes pelo país. Em 1949, adquire um sítio em Guaratiba, RJ, com área de 365 mil metros quadrados, onde iria abrigar sua notável coleção de plantas, e também uma boa parte da sua produção artística.
Entre 1953 e 1961 projeta os jardins da Cidade Universitária do Fundão, do Aeroporto da Pampulha, do Parque do Ibirapuera, do MAM-RJ, do Eixo Monumental de Brasília e do Aterro do Flamengo. Em 1968 faz o paisagismo da Embaixada do Brasil em Washington, EUA, e em 70, o do Palácio Karnak, sede oficial do governo do Piauí. Em 1971, recebe a Ordem do Rio Branco, do Itamaraty, em Brasília. De sua rica biografia, impossivel de ser sintetizada nesse espaço, vale lembrar que, já com mais de 70 anos, coordenou uma expedição científica à Amazonia, através da qual um grupo de botânicos, arquitetos paisagistas e fotógrafos percorreram mais de 10 mil quilômetros, em 53 dias de exaustiva observação, coleta de espécies, documentação, catalogação e embalagem de plantas vivas.
Pioneiro em tantos aspectos, Burle Marx foi também um homem desprendido, que em 1985 doou seu sítio, e todo o seu acervo, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Sua vida e obra têm sido alvo de inúmeros estudos, pesquisas, e publicações, e valem serem conhecidas, tanto por interessados nos assuntos, quanto por leigos que queiram conhecer melhor a história da arte no Brasil. Roberto Burle Marx faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de junho de 1994, depois de ter projetado mais de 2.000 jardins.
Com admiração e respeito.
Célia Borges