14 de outubro de 2008

CARTA AO FUTURO PREFEITO – Em defesa da Cultura!!!!

Prezado Dr. Rechuan,
O senhor mal se refez das emoções da vitória, e eis que estamos nós aqui, querendo “meter o bedelho” no seu mandato, ainda nem iniciado. Não repare. E até desculpe a precipitação – eu prefiro considerar uma antecipação... O que me move são os rumos sempre incertos da frequentemente esquecida “política cultural” do nosso município. Porque Cultura nunca é prioridade. Nem municipal, nem estadual nem federal. E em Resende, pode-se dizer que ela está há anos luz abaixo das suas possibilidades.
Sei que muitos vão discordar do que lhe escrevo. Podem até nos passar uma longa lista dos eventos realizados nos últimos anos. O Museu (MAM), apesar de pessimamente instalado, continua cumprindo sua finalidade, e realizando suas exposições. A Casa da Cultura também promove seus eventos, e o Teatro de Bolso (teatro com muito boa vontade, diga-se lá!!!) monta de vez em quando alguma peça ou espetáculo. Não vou dizer que é cultura “pra inglês ver”, porque os ingleses valorizam demais a sua cultura, ao contrário de nós mesmos.
Temos um Festival de Teatro, que acontece de vez em quando, mas lava a alma. E só. Mesmo assim, com as maiores dificuldades. Não existe um engajamento real do poder público em torno das atividades culturais. Na “era do marqueting político”, essas iniciativas são ótimas para enfeitar imagens, mas quando o evento acaba, a situação da área cultural continua igual. Sem apoio e sem recursos.
O empobrecimento da cultura, em Resende, é lamentável sob todos os aspectos. Somos hoje o pálido fantasma de um passado glorioso. Até os anos 90 o município ainda teve uma vida cultural à altura da sua história. Havia teatros com atividade regular (como o da AMAN e o Senac), havia o Boca de Cena, havia a Companhia das Artes. Exposições e lançamentos de livros eram bem mais freqüentes que hoje. E havia uma muito maior e melhor divulgação de tudo isso.
Não acho que cultura seja só isso. Mas nós, que estávamos presentes naquela tão efervescente vida cultural, tínhamos olhos para o futuro, e acreditávamos que dali todas as formas de arte iriam conquistar o “grande público”, que iram se popularizar. Investimos muitos sonhos e energias (Menção especial para Celina, Vivi, Dudu e os demais animadores culturais da época). Havia muitas possibilidades. As comemorações dos 200 Anos, por exemplo, poderiam ter sido uma excelente oportunidade para resgatar a história e alimentar a auto-estima dos munícipes. Mas pra que gastar dinheiro com isso, não é mesmo? Como tudo o que diz respeito à cultura, essa oportunidade única passou ao largo do conhecimento da maioria da população.
Cultura é coisa que dá trabalho!!! Cultura é ação e ao mesmo tempo preservação da memória. Cultura é o resgate dos conhecimentos do passado, e a preparação da nossa identidade no futuro. Não é nem questão de muito dinheiro, é questão de muita vontade. É o caso por exemplo da recuperação dos arquivos históricos do município, que estão se deteriorando nas precárias instalações da Casa da Cultura. A microfilmagem e acondicionamento dos documentos custa, no total, tanto quanto um automóvel de preço médio, cerca de R$ 50 mil. É um valor irrisório, diante do seu significado. Mas nenhuma autoridade municipal dos últimos anos considerou que valesse à pena o investimento. É mais fácil gastar isso em medidas populistas, do interesse apenas de uma minoria.
Porque cultura, senhor futuro prefeito, é assunto do interesse de todos. Cultura é um ingrediente sutil, mas de um valor que faz grande diferença na vida do cidadão e da comunidade. Cultura é música, teatro, cinema, literatura. Cultura é museu e biblioteca. Cultura é conhecimento e acesso à Cidadania. E Resende tem um grande potencial cultural, de Claudionor Rosa à Marcos Esch, da Academia de História à ong Oito Deitado, de tantas mais pessoas e iniciativas que é impossível citar nessa carta.
A Saúde, a Educação, a Segurança, as Finanças, tudo isso é importante e de caráter prioritário para qualquer administração, e qualquer cidadão consciente tem que reconhecer isso. Mas o que eu quero lhe pedir, e tenho certeza de que não estou sozinha nessa solicitação, é de que não se esqueça da Cultura. Que não faça como outros prefeitos, deixando-a por conta de pessoas que não são do setor, não têm conhecimentos, nem estão interessadas em desenvolver trabalhos sérios nessa área.
O animador cultural, por definição, não estará lhe solicitando um emprego público. Ele terá um projeto, frequentemente interessante, eventualmente viável, e que trará dividendos sociais muito maiores do que o custo do investimento. Abrir espaço para o desenvolvimento de novas idéias, apoiar eventos populares, ampliar o acesso do público às atividades artisticas e esportivas, tudo isso é trabalhar pela cultura. E se eu conheço bem essa cidade, posso garantir que não vai faltar gente séria e dedicada, disposta a lhe ajudar!!!
Célia Borges

UFRJ DEBATE ENDIVIDAMENTO NESTA SEXTA (17/10)

A Ouvidoria Geral da UFRJ estará promovendo, nesta sexta-feira, dia 17, o seminário “Endividamento & Cidadania: A questão do superendividamento”, reunindo especialistas, professores e estudantes com o objetivo de “construir alternativas viáveis e fundamentadas juridicamente para minimizar o cenário de superindividamento dos brasileiros”.
O evento será realizado no auditório do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, na Av. Athos da Silveira Ramos, 274, Campus do Fundão. Quem quiser poderá se inscrever até quarta-feira (15/10) pelo e.mail ouvidoria@ufrj.gov.br com participação gratuita.
O seminário visa educar encontrar mecanismos para educar a população para o crédito e o consumo, e a universidade vai apresentar pesquisas e propostas sobre o tema, noções sobre direitos e deveres ligados a serviços financeiros e regras de contratos de crédito. Segundo a Ouvidoria, ele foi motivado pelo crescente número de demandas sobre o assunto, como exclusão bancária, cláusulas abusivas e publicidade enganosa.
Entre os convidados para o debate estão a professora Cláudia Marques, da UFRGS, a defensora pública da União Daniela Jacques e o diretor do DPDC do Ministério da Justiça, Ricardo Morishita. (Segundo matéria O Globo de 12/10)
Célia Borges

12 de outubro de 2008

LIVROS – “O Planalto do Itatiaia” de Helton Perillo Ferreira Leite




Uma das melhores surpresas do ano em termos de livros sobre a região é o recém lançado Planalto do Itatiaia – Região das Agulhas Negras, do Engenheiro Agrônomo Helton Perillo Ferreira Leite. Montanhista, e ex-alpinista, o autor não se limitou apenas a mostrar alguns dos mais exuberantes aspectos da mata, como discorre sobre geologia, flora, fauna, clima e preservação.
A obra, impressa em papel reciclado, contem 130 fotos e mapas coloridos, além de 234 páginas de texto, onde Helton Perillo compõe um verdadeiro guia para estudiosos e visitantes, com a descrição das trilhas, orientação sobre mapas, ensino do uso da bússola e do GPS. O conteúdo apresenta também informações históricas sobre o Parque Nacional, e um roteiro de informações sobre unidades de conservação.
O aspecto didático do livro não o torna enfadonho. Ao contrário, a seqüência de informações contribui para facilitar a compreensão e torna-lo ainda mais interessante. Há apresentação e comentários sobre a identificação de novas espécies, e a descrição detalhada da maior parte dos acidentes geográficos, trazendo informações inéditas sobre esses e outros aspectos, torna-o atrativo até mesmo para quem já conhece a região.
Filho de um engenheiro agrônomo e de uma professora de geografia a artista plástica, Helton Perillo atribui à família sua inspiração na luta pela divulgação e preservação da natureza. Ele esclarece ainda: “O Parque do Itatiaia é muito extenso, e tem uma ecologia muito complexa. Neste trabalho, limitei-me a descrever o planalto, foco maior dos meus interesses e região menos conhecida do público”.
Sobre o livro, o autor diz ainda: “Alem das minhas impressões pessoais, tentei traduzir a essência de algumas teses acadêmicas. De algumas, muito específicas, retirei poucos esclarecimentos. De outras, mais amplas e focadas em aspectos menos herméticos, aproveitei muito. Para completar, incluí experiências próprias e até umas páginas de memórias do alpinismo brasileiro, bem como algumas “dicas”
práticas. O texto pretende ser simples e conciso. As fotos, o mais natural possível. O livro tenta abordar apenas o essencial, o imprescindível. Itatiaia é muito mais amplo.”
Célia Borges

10 de outubro de 2008

ELEIÇÕES – Que tal aproveitar a virada e passar a cobrar mais dos vereadores eleitos?

O despertar dos eleitores - e a virada na escolha dos novos prefeitos de Resende e Itatiaia - é um fato político digno de análises mais especializadas. Não é o meu caso, já que escrevo como jornalista, mas também, e principalmente, como cidadã. Torci intimamente, e fiquei satisfeita com os resultados. Mas também acho que ainda é cedo para comemorações exageradas, já que não é justo nem razoável esperar que os novos prefeitos sejam, sozinhos, os salvadores dos nossos municípios. Nem os únicos responsáveis pelas melhorias nas nossas condições de vida.
A administração pública municipal, para ser competente e eficiente, depende muito do desempenho do Poder Legislativo, ou seja, das Câmaras e dos vereadores. Os dois governos municipais atuais se caracterizam por uma estreita – e por isso mesmo, para o cidadão, possivelmente incômoda e inconveniente – aliança entre Executivo e Legislativo. Juntos, eles fazem o que querem, mesmo que à revelia dos interesses da população. E gastam o nosso suado dinheirinho, naquilo que lhes interessa.
Não vou entrar nos méritos dos absurdos que nos assolam, como os de desperdícios de recursos públicos, porque isso é assunto para uma grande reportagem, que eu mesma gostaria de fazer. Nem vou entrar nos méritos dos nomes escolhidos para a próxima vereança, porque isso também merece uma análise à parte. O fato é que elegemos um grupo de cidadãos como nossos representantes, e a obrigação principal deles é exatamente essa: a de nos representar.
Isso deveria significar também que a nossa opinião – e a nossa responsabilidade como cidadãos – não acaba no momento em que depositamos nossos votos na urna, ou quando conferimos a relação daqueles que foram efetivamente eleitos. Tendo ou não votado nos que se elegeram, é preciso, é necessário, é indispensável, que continuemos a exercer nossos direitos, cobrando deles uma representação à altura da nossa confiança.
O produto do trabalho dos nossos vereadores, nos últimos anos, avaliado em conjunto, fica abaixo de medíocre. As poucas iniciativas relevantes, do ponto de vista do interesse da comunidade a que deveriam servir, geralmente são pobres, mal feitas, e sem continuidade. Ao invés de exercerem suas verdadeiras responsabilidades, acham que dando uma esmolinha ou outra do seu farto orçamento para a cultura, para o atendimento social ou para o esporte, é suficiente para “lavar” as suas consciências.
Essa política “da idade da pedra”, essa ótica clientelista, precisa ser modificada, ao custo de ficarmos marcando passo indefinidamente. Não elegemos vereadores para ficarem discutindo nomes de ruas. Não elegemos vereadores para ficarem apenas negociando seus interesses pessoais a troco de voto para os projetos do Executivo. Não elegemos vereadores para encerrar as sessões legislativas com 15 ou 20 minutos, por falta de presença ou por falta de assunto.
Enquanto as prefeituras estão prestes a passar por uma renovação, nas Câmaras Municipais a continuidade está mais ou menos garantida, com a reeleição de uma boa parte dos vereadores (menos em Resende, mais em Itatiaia). O que significa que, para mudar alguma coisa, o cidadão vai ter que continuar na sua luta. Freqüentar as sessões, por exemplo, é uma boa sugestão para nos mantermos informados sobre o que eles fazem, e principalmente, sobre o que eles não fazem e deveriam estar fazendo.
A pressão pode funcionar muito bem quando está em votação alguma proposta de interesse coletivo. A presença de público, geralmente tão rara, pode influir em decisões cruciais sobre a nossa vida. E dificulta a cumplicidade entre os poderes. Estamos acostumados a deixar tudo passar ao largo, como se não nos dissesse respeito. Mas é assim que os políticos que tanto detestamos, encontram espaço para fazer suas tramóias. E a única forma de atuarmos efetivamente é participando de todas as etapas daquilo que diz respeito à nossa cidadania.
Se não lutarmos pelos nossos interesses à nível municipal, quem vai nos representar à nível estadual e federal? Por isso é que eu acho que, mesmo a contragosto, deveríamos nos revezar em plantões nos plenários das Câmaras, em dias de sessão. Deveríamos criticar o que consideramos errado, cobrar resultados em todos os níveis da administração, fazer valer nossos direitos constitucionais...
Se nós continuarmos sendo cidadãos acomodados, desinteressados do que fazem aqueles que nos representam, vamos acabar não tendo nem mesmo de quem, nem a quem reclamar...
Célia Borges

7 de outubro de 2008

ELEIÇÕES: Milagre!!! Milagre!!! Parece que dessa vez o eleitor acordou!!!!

Os resultados das eleições municipais em Resende e Itatiaia não deveriam ser tão surpreendentes à luz da razão, porque afinal, parece que se elegeram os melhores candidatos. Mas, considerando o panorama político que vinha se desenrolando na última década, não seria exagero dizer que eles foram, realmente, uma surpresa. Surpresa principalmente para os candidatos derrotados, que acreditaram que continuar fazendo uso da máquina administrativa para obter votos seria garantia suficiente para a vitória e a continuidade no poder.
Embora não tenha tido oportunidade de acompanhar de perto, acredito que a apuração em Resende tenha sido das mais emocionantes, disputada urna a urna, e com o resultado indefinido até o último momento. Não sei se, em algum momento, a turma da situação chegou a comemorar vitória, mas não duvido. Apesar dos sintomas das últimas semanas, parece que o atual prefeito não acreditava que fosse perder. Havia a perspectiva de uma margem apertada. Mas perder?!?!?! Até sem bola de cristal sou capaz de jurar que eles não esperavam por isso.
Pelos ecos da comemoração, parece que nem o prefeito eleito e sua equipe esperavam por essa. O foguetório que costuma marcar a conclusão do pleito, dessa vez foi tímido. A chuva, aliás torrencial, não contribuiu para reunir multidões, e parece até ter acalmado os ânimos dos descontentes. A vitória apertada da oposição parece ter criado uma espécie de anti-climax. A notícia, se não ganhou o troar dos alto-falantes, correu pela cidade na base do boca-a-boca. Correu como rastilho do pólvora. Na segunda-feira pela manhã todos já sabiam, mas muitos ainda tinham dificuldades em acreditar. Como eu mesma!!!! Sinceramente, essa vitória pra mim teve gosto de milagre...
A polarização entre os dois principais candidatos foi indiscutível, e consumiu mais de 90% dos votos válidos, sendo que a votação dos demais candidatos foi irrelevante. Juntos, os dois outros candidatos – Stagi e Esch - não chegaram a 5% do total dos votos apurados. E tudo estaria dentro do previsível, se não fosse a virada promovida por pouco mais de 1000 eleitores. O que significa, afinal, que cada pequeno votinho fez uma grande diferença...
Enfim, é assim que se exerce a DEMOCRACIA. A opinião popular, dessa vez, prevaleceu sobre os interesses pessoais. Foi por pouco... mas foi. Por pouco é melhor do que por nada. O eleitor parece estar dando um basta à era da acomodação, à era do voto útil... O cidadão resolveu arriscar. Se dessa vez não acertar, pelo menos não estará incorrendo na repetição do erro. É melhor arriscar num erro novo, do que se continuar insistindo nos erros antigos.
A voz do eleitor resendense mostrou ao prefeito que não adianta mais ficar três anos ausente, e aparecer para mostrar trabalho no último ano antes da eleição. O povo já não está tão fácil de enganar. Também não adianta promover embelezamento de última hora na cidade, na ilusão de que vai continuar a enganar o eleitor desavisado. Aquela politicazinha mesquinha de antigamente, dessa vez não deu resultado. A avaliação popular mostrou que chega de politicagem, de empreguismo, e de acomodação por parte das autoridades.
Com relação à Itatiaia, a surpresa não foi tão grande, mas ainda assim foi considerável. As pesquisas, formais e informais, já mostravam o crescimento do candidato Luis Carlos Ypê, que aliás, na eleição anterior, ficou em segundo, depois de fazer “suar a camisa” do atual prefeito, que ganhou por margem relativamente pequena, naquela oportunidade. Dessa vez a administração medíocre, o nepotismo, e outras mazelas da atual administração parecem ter sido decisivas na opinião do eleitor itatiaiense, que optou pela renovação.
Os futuros prefeitos dos nossos dois municípios são políticos estreantes, sem mandatos anteriores, e vão ter a oportunidade de mostrar que a renovação, na política, é importante, senão indispensável. O eleitorado da região demonstrou uma surpreendente vitalidade, apostando nessa renovação. Vamos esperar que ambos estejam à altura da confiança que neles foi depositada. A responsabilidade de mudar os velhos hábitos da política, de concessão aos interesses econômicos em detrimento dos sociais, do pouco caso com a educação e cultura, com a saúde e com a segurança...
O eleitor, dessa vez, já fez a sua parte. Agora vamos esperar que nossos prefeitos eleitos façam as deles. Só nos resta torcer para que dessa vez a escolha tenha sido acertada. Afinal, o sucesso deles será o nosso sucesso também...
Célia Borges