20 de abril de 2008

ARTE, ARTISTAS E EXPOSIÇÕES - Um ano sem Marcius Lima

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Um jovem e promissor artista partiu precocemente. Mas deixou, além de uma obra admirável, uma lição de vida, a de um artista preocupado com a função social da arte, e também como uma linguagem relevante na defesa do meio ambiente. Marcius Lima faleceu em 15 de abril de 2007, vítima de um acidente ocasionado pela explosão de uma sauna, ocorrido em janeiro de 2007. Deixou três filhos, o trabalho na Marcenaria do CRAS Itapuca, várias obras com material retirado da natureza, e uma série de projetos a serem implementados através de parcerias com o setor privado.
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Suas obras são apreciadas pelo equilíbrio e contraste de cores, formas e sombras, que harmonizam ambientes e valorizam os espaços. Por isso, possui obras em diversos hotéis e pousadas da região. Já ganhou o Prêmio do Salão da Primavera do MAM de Resende em 2004, mas não tinha pretenções conceituais com seu trabalho artístico, apenas queria levantar a bandeira da preservação ambiental e da cultura.
Revelou-se um grande escultor, pintor, e divulgador da arte de Resende, sempre presente em exposições coletivas, individuais e eventos do município. Além disso, sempre teve preocupação com a questão social, onde direcionou seu trabalho na Prefeitura, ensinando mulheres, jovens e homens em situação de desemprego um ofício para geração de renda.
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Seis meses antes de falecer, junto com Kátia Kirino, ele idealizou o projeto Arte Floresta em Juruá, na Amazônia, onde conseguiu parceria com o IBAMA e desenvolveu Oficinas de Arte com a Comunidade de Juruá, com uma perspectiva ambientalista, pois partia do princípio de que da natureza nada se perde, mas tudo se transforma em arte. O projeto foi um sucesso que culminou com uma escultura de 2 metros de altura que retrata uma lenda da região: o Honorato - Cobra Grande.
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Como foi funcionário da Secretaria de Desenvolvimento Social de Resende, a mesma prestou-lhe homenagem póstuma inaugurando no local onde trabalhava o "Galpão de Artes e Ofícios Marcius Lima", em meados de setembro de 2007, com uma exposição de suas obras feitas através de instalações de arte, concebidas pelo artista plástico e amigo Wendell Amorim e Kátia Kirino.
A exposição mostrou obras inéditas, inacabadas e adquiridas que raramente poderão ser vistas novamente, pois o acervo ficou para a família, que gentilmente cedeu as obras. Mas a exposição foi visitada por centenas de alunos da rede municipal de ensino, que receberam a lição de vida deixada por Marcius Lima. Não tive a sorte de conhecê-lo pessoalmente, e agradeço aos seus amigos que contribuíram para estas informações e imagens.

ITATIAIA HISTÓRICA – A história do turismo em Itatiaia (primeira parte)


O clima ameno e a natureza exuberante, juntamente com uma localização estratégica – às margens da Via Dutra, entre os dois principais centros urbanos do país, Rio de Janeiro e São Paulo – fazem do município de Itatiaia um local privilegiado para o turismo. Essa vocação já vinha se revelando desde o final do século XIX, com o aparecimento dos primeiros hotéis-fazenda da região, sendo que o mais antigo é o Villa Forte, em Engenheiro Passos, fundado em 1893.

O clima, frequentemente denominado alpino, em referência aos Alpes, cadeia de montanhas da Europa, exerceu grande atração desde àquela época, sendo considerado extremamente saudável, e inclusive indicado para recuperação de pessoas convalescentes e debilitadas.

A existência de algumas belas sedes de fazenda, remanescentes da prosperidade do ciclo do café, e após o declínio verificado em conseqüência da abolição da escravatura em 1888, e do esgotamento das terras, transformou este tipo de hotelaria em interessante opção de atividade econômica e recurso para a manutenção dessas propriedades.

O Hotel Fazenda da Serra, que foi propriedade de Tito Lívio, cuja esposa, D. Benedita, era conhecida como a “rainha do café”, e o Hotel Fazenda Santa Mônica, são alguns dos exemplos de antigas sedes de fazenda transformadas em hotéis, além de outros como o Hotel do Morrinho, que funcionou na Fazenda Belos Prados, mas que posteriormente mudaram de atividade ou foram desativados.

No início do século XX a reputação de Itatiaia como local turístico continuou crescendo, enquanto surgiam inúmeras pensões, tanto na área da reserva florestal, onde hoje se encontra o Parque Nacional do Itatiaia, quanto na região de Visconde de Mauá. A maioria desses locais de hospedagem eram mantidos por estrangeiros, que começaram a se estabelecer na região à partir de 1890, atraídos pelo clima alpino onde era mais fácil se adaptarem pela semelhança ao clima de seus paises de origem, e também para os que foram trazidos para a formação dos “núcleos coloniais” de Itatiaia e Mauá, à partir de 1908. Alemães, suíços, italianos, espanhóis e famílias de outras nacionalidades contribuíram para dar ao cenário um ar ainda mais europeu, além de emprestar-lhe pitoresca diversidade cultural.

À partir da década de 20 a hotelaria começou a se diversificar para além dos hotéis-fazenda e das pensões, com o aparecimento de hotéis, hospedarias e pousadas, sendo que desde então se multiplicaram, alguns tendo vida longa, e muitos outros, duração efêmera. Na área do Parque Nacional, que só seria criado em 1937, surgiam os hotéis Donati e Simon.

No centro de Itatiaia vão aparecer o Hotel Tyll, o Jahu e o Central. Em Mauá, as famílias Buhler e Büttner também iniciavam seus negócios no setor. No final dos anos 20 os finlandeses chegam à Penedo, dando início a uma colonização que, alguns anos mais tarde, iria fechar este círculo, pois também lá, como opção econômica a um projeto agrícola que não foi bem sucedido, a hotelaria e o turismo foram as atividades que predominaram.

A fama de Itatiaia como um verdadeiro paraíso para o turismo, desde então, não parou de crescer, e fora o período da II Guerra Mundial, quando muitos colonos foram presos e perseguidos, como foi o caso de Josef Simon, fundador do Hotel Simon, o crescimento da hotelaria foi indiscutível.

A criação do Parque Nacional do Itatiaia, e sua imagem como um dos últimos remanescentes da mata nativa da Serra da Mantiqueira – com a riqueza e exuberância de suas fauna e flora – vieram criar uma circunstância decisiva para que o município se transformasse em um dos mais importantes centros turísticos do Estado do Rio de Janeiro, o que pode ser fácilmente confirmado pela existência de mais de uma centena de estabelecimentos de hospedagem, dos mais variados tipos (além de inúmeros restaurantes e lojas de artesanato), para atender a todos os gostos e exigências.

Célia Borges

PAISAGISMO E JARDINAGEM VIII – Plantas floridas para jardins internos: violetas africanas e outras


O uso de espécies floridas em jardins internos e na decoração de interiores, empresta ao ambiente um aspecto alegre e luminoso. E entre as preferidas para essa finalidade encontram-se as violetas africanas, devido à grande variedade das cores, tamanhos e formatos de suas flores, e também das folhas. Apesar do seu porte reduzido, é planta de grande efeito, e até mesmo um pequeno vaso florido no centro de uma mesa, pode fazer uma grande diferença no efeito visual do seu espaço.

Lindas, e razoavelmente resistentes, elas são contudo de uma espécie bastante caprichosa, tanto na hora do plantio quanto com as condições necessárias para seu pleno desenvolvimento e floração. Originárias da África, como o próprio nome diz, elas exigem intensa luminosidade, mas não se prestam para cultivo ao ar livre, porque não suportam a água da chuva em suas folhas, nem insolação direta.

O primeiro cuidado no cultivo das violetas africanas é a escolha dos vasos: os de argila ou de barro são os mais adequados, pois proporcionam a evaporação da água através da porosidade da cerâmica. Os vasos plásticos mantêm o solo úmido por mais tempo, o que pode provocar o apodrecimento da raiz e das folhas.

Para compensar essa tendência, é indicado usar nesse caso, uma mistura de solo que seja grossa e porosa, o que pode ser obtido acrescentando-se 1/3 de areia de rio (nunca salgada) para 1/3 de terra de jardim e 1/3 de terra vegetal ou adubada. Também é possível encontrar no comércio fórmulas já prontas, com turfa, vermiculita ou carvão vegetal na mistura.

É importante, na hora do plantio, prover o vaso de um eficiente sistema de drenagem, evitando que a água empoce. O vaso ou recipiente deve ter um furo no fundo, e sobre ele colocado um caco de cerâmica, completando-se o fundo do vaso com pedriscos ou mais alguns cacos de cerâmica. Outra recomendação é o uso de vasos pequenos e de apenas uma planta em cada vaso.

Depois do plantio, a escolha do local adequado é fundamental. As violetas africanas preferem um clima quente (temperatura entre 22 e 24 graus) mas não suportam nem o calor excessivo, nem frio demais (abaixo de 13 graus), o que recomenda que, no inverso, sejam transferidas se possível para um local mais quente. Boa ventilação e a maior luminosidade possível completam as condições para que seu cultivo seja um sucesso.

A questão da luminosidade é o grande desafio para manter as violetas africanas floridas, pois se por um lado não suportam a exposição ao sol direto, vão florir tanto quanto for maior a claridade a elas oferecida. A proximidade de janelas, as varandas fechadas com vidros, ou locais com telhas transparentes são boas soluções para abriga-las. Luminosidade insuficiente pode produzir uma boa folhagem, mas sem flores. Nesse caso, ir mudando sua planta de lugar até achar aquele em que ela se dá bem (mesmo que sejam alguns centímetros da cada vez) pode dar resultados. Eu, pessoalmente, já experimentei essa solução, com algum sucesso.

Mas, uma das vantagens das violetas africanas em jardins internos é que elas também se adaptam bem à luz artificial, de forma que isso pode compensar a insuficiência de luz natural. É bom observar que as plantas de cores mais escuras necessitam mais de luz que as verde-claro ou variegadas (folhas pintadas). Elas reagem bem tanto à lâmpadas florescentes, há uma distância de 20 cm, ou, para que emitem mais calor, distâncias maiores, entre 20 e 30 cm. Em geral necessitam de 10 a 12 horas de luz artificial (se essa for exclusiva ou predominante) mas em épocas mais quentes esse período pode ser reduzido para oito horas.

Outra peculiaridade dessa plantinha de flores delicadas - cujas cores vão do branco puro a vários tons de vermelho, passando pelos róseos, lilases e roxos, com bordas mais claras e mais escuras - é a extraordinária facilidade de reprodução: geralmente basta uma folhinha retirada de uma planta, e enfiada pela metade do caule em um vaso, para que se obtenha uma nova planta. Quando está saudável, ela também costuma produzir mudinhas ao lado daquela já plantada, e é aconselhável nessa situação promover a divisão por touceiras e replantar as várias partes, para que ela não fique sufocada pelo excesso de raízes e folhas.

Além das violetas africanas, existem outros gêneros da mesma família, das gesneriáceas, que oferecem igualmente efeito ornamental. As gloxínias são as mais conhecidas, com flores em forma de sino, e em cores bastante variadas, com folhas grandes e aveludadas. Suas condições de cultivo são bastante semelhantes às da violeta africana, com a diferença de que se propagam por bulbos. A columéia, ideal para cultivo em jardineiras e vasos suspensos, e as epísceas, que tem nas flores coloridas seu maior atrativo, são outros tipos disponíveis da mesma espécie.

Célia Borges