8 de junho de 2008

PAISAGISMO E JARDINAGEM XVII – Vasos e arranjos nas paredes: levando o verde para interiores e pequenos espaços


A construção de imóveis cada vez menores, mais adequados às exigências da vida moderna, também limitam muito as possibilidades de áreas verdes nas residências. As varandinhas, jardins internos e solários nem sempre atendem satisfatoriamente ao morador que gosta de plantas, e que faz questão de tê-las tão próximas quanto possível no dia a dia. Uma opção para solucionar eventuais problemas desse tipo é a exploração de paredes, como jardins verticais.

Já existem nas lojas muitos modelos de vasos tipo “meia lua”, que são indicados para cultivar em paredes. Há também grande variedade de bases verticais, como placas de xaxim, treliças de madeira e placas de fibra de coco com vasos embutidos. Para quem gosta de peças artísticas, lojas de artesanato apresentam soluções às mais criativas, e usando os mais variados tipos de materiais.

Mas o ideal é que, antes de tudo, se faça um planejamento sobre que paredes, e quais plantas devem ser escolhidas, não apenas do ponto de vista decorativo, mas também considerando as possibilidades de sucesso no cultivo. A incidência de luminosidade é um fator indispensável na definição de local, e quanto mais luz, ou até mesmo alguma quantidade de sol, podem aumentar em muito as variedades de plantas indicadas. São em quantidade bastante limitadas as espécies de plantas que sobrevivem na sombra.

Se o espaço for interno e protegido de ventos, mas dispuser de boa luminosidade e umidade, há possibilidades variadas e interessantes, como misturar avencas e samanbaias, introduzindo até, em espaços maiores e mais exóticos, um ou mais exemplares de “chifres de veado”. Paredes de pedra, tijolos aparentes ou outros materiais que possam reter umidade são os mais indicados nesses casos.

Outras plantas se adaptam bem em espaços internos, desde que bem iluminados, e podem compor belos arranjos de parede, como as violetas africanas e as peperônias, só para citar duas, entre floridas e folhagens. Os “lírios da paz” (Spathiphyllum cannaefolium) ficam no meio termo, com flores e folhagens, mas são mais indicados nos canteiros, devido à expectativa de crescimento. Já há, entretanto, uma espécie derivada, em miniatura, que se presta também para paredes.

Em espaços exteriores, há maiores possibilidades na escolha, tanto no aspecto das floridas quanto das folhagens, e das que reúnem as duas características. Nesse último caso, com flores e muitas folhas, há uma variedade de antúrios (Anthurium andraeanum) em cores e tamanhos, que gostam de meia sombra e se adaptam a qualquer dimensão de canteiros, podendo inclusive compor arranjos de parede.

No aspecto das floridas, uma espécie com prodigiosas possibilidades é a familia das begônias, que reúne uma grande variedade de tipos, com flores e folhas, em coloridos e formatos os mais diferentes. A maioria se adapta à meia sombra, ou sobrevive bem com apenas um pouco de sol. As exigências quanto à umidade e tipo de solo variam um pouco, mas todas costumam reagir bem ao ar livre.

A família das “maria sem-vergonha” e “beijo-pintado”, científicamente Impatiens, tem características semelhantes à espécie anterior, e são bastante adequadas para conteiros, podendo eventualmente compor arranjos de parede. Cores e tamanhos tantos das flores quanto das folhas, são as mais variadas. Em comum, a adaptação à meia sombra. Mas na natureza elas tanto sobrevivem com predominância de sombra, quanto até à insolação intensa.

Entre outras espécies intensamente floridas e indicadas para esses casos, estão os vários tipos de gerânios, que são plantas de clima frio, mas fácilmente adaptáveis, e que aceitam bem a meia sombra; e as petúnias, muito atraente pela grande variedade de cores de suas flores, mas que ao contrário da anterior, exigem o máximo possível de claridade ou sol. Mas, além de paredes e canteiros, elas funcionam muito bem em vasos pendurados, onde são mais frequentemente utilizadas.

As paredes de cozinhas, copas e áreas de serviço também podem ter seus “jardins verticais”, ou no caso “hortinhas verticais”, onde podem ser plantadas ervas medicinais e de tempero, não só valorizando a estética do ambiente, como também oferecendo o prazer de cozinhar ou fazer seus chás com plantas de cultivo próprio. No caso da cozinha é preciso prestar atenção para não deixa-las muito próximas do calor do fogão ou de outros equipamentos domésticos que desprendam calor intenso.

Nesses casos, alguma luminosidade também é indispensável, quanto mais melhor, e aumentando as possibilidades com alguma incidência de sol. Salsa, cebolinha, coentro, hortelã, orégano e pimenteiras são algumas das espécies que podem atender à essa expectativa, com as orientações de cultivo detalhadas em outro texto dessa série sobre Paisagismo e Jardinagem, publicado anteriormente com o título “Plante na cozinha”.

Já começam a surgir no mercado, inclusive, algumas mudas de miniaturas de vegetais comestíveis, como o chuchu e a berinjela, além de hortaliças, que podem trazer novas possibilidades para esse tipo de experiência botânica.

Nos casos de ambientes muito reduzidos, além de canteirinhos, paredes e plantas penduradas, pode-se adotar o recurso de instalar jardineiras voltadas para o lado de dentro das janelas, onde além de desfrutar o prazer de estar mais perto de suas plantas, você poderá garantir a luminosidade ou insolação de que elas precisam.

Célia Borges