26 de junho de 2010

ALDEIA GLOBAL – Eleições e o “conto” da pesquisa de opinião



Eu gostaria de encontrar um matemático, ou um estatístico, que me desmentisse. Mas à luz do bom senso, não há nada que me convença de que essas tais pesquisas de opinião não passem de lenda. Alguém me explique, por favor, como é que num universo de mais de 200 milhões de habitantes, a opinião pública possa ser medida pelo que pensam duas mil pessoas.
Enquanto espero alguém que tente me convencer da validade dessas pesquisas, quero tomar a liberdade de fazer minhas próprias continhas: digamos que nós trabalhamos numa empresa com 100 funcionários, e precisamos decidir sobre uma festa, mas como não dá tempo de consultar a todos, os organizadores se valham de uma pesquisa de opinião. Que ouçam, por exemplo, 10% dos funcionários, ou seja, dez pessoas. Vai ser uma vitória extraordinária se a opinião dessas pessoas representar o pensamento de pelo menos metade dos funcionários. Se forem mil funcionários, os 10% seriam 100 pessoas, e mesmo assim é difícil acreditar que sua decisão satisfizesse pelo menos a metade, ou seja, 500 pessoas.
Agora, se tomarmos a proporção de 200 milhões para 2.000, eu enlouqueço a minha calculadora e não chego ao resultado. Deve ser coisa tipo 0,000001%, e nem sei se coloquei os zeros suficientes, o que na minha pouca compreensão da matemática, é algo como quase nada. Ouvir 2.000 pessoas numa eleição municipal, com um universo de eleitores de 200 mil habitantes, por exemplo, já é uma exorbitância, mas para fins estatísticos, talvez ainda seja razoável. Nas principais capitais, com populações de sete, oito, dez mil habitantes, duvido que a opinião de 2.000 representem significativamente alguma coisa. No país, então...
Além do número irrisório de entrevistados, o que facilita a realização de pesquisas tão freqüentes, me atrevo a questionar também os critérios na escolha de entrevistados. Dependendo de onde, como e quando, não é muito difícil orientar pesquisas para se obter resultados previsíveis. Não estou questionado a idoneidade deste ou daquele instituto de pesquisas, apenas a forma como estas são realizadas, e que apesar de serem feitas sem nenhum tipo de controle, ganham notoriedade como se fossem verdadeiros oráculos modernos.
Pesquisas de opinião com 2.000 entrevistados, talvez fossem mais representativas se houvesse uma escolha aleatória, envolvendo todas as unidades da federação e municípios, assim como as mais variadas categorias profissionais e sociais, coisa que parece impossível. Como se os entrevistados fossem sorteados pelo número do telefone... ou pelo endereço, como uma espécie de loteria. Mas nem todos tem telefone, e nem todos tem onde morar, então já excluiríamos assim uma parcela da população. Mas duas mil pessoas, em poucas capitais e cidades do país? Não vejo como, nem acredito, que seja possível avaliar o termômetro eleitoral dessa maneira.
Não escrevo isso devido ao aumento de intenções de voto em pesquisas, na candidata do PT. Essa é minha opinião há muito tempo, e até imagino que, dependendo de onde forem feitas as pesquisas, D. Dilma já possa até ser dada como eleita. Para minha grande tristeza, aliás, pois gostaria de eleger uma mulher como presidente, mas não esta. Mas não se trata de partidarismo, e sim de simples e pura descrença.
É bem provável que muitos leitores torçam o nariz diante dessa minha dúvida, e mais ainda, da coragem que estou tendo de expressá-la. A maioria das pessoas que conheço está tão acostumada a acreditar em todo e qualquer absurdo que os políticos, a imprensa, e as pesquisas de opinião nos impõem, que já perdeu o hábito de questionar. Aliás, o saudável hábito de questionar. Nos últimos meses, entretanto, depois que a opinião pública provou que ainda vale alguma coisa, pressionando o Congresso para a aprovação do decreto da “ficha limpa”, tive uma “recaída” da esperança de que o eleitorado nacional está despertando para suas responsabilidades. Então, acho que não custa nada “meter o bedelho” em mais esse nicho do processo eleitoral, contribuindo, quem sabe, para o seu aperfeiçoamento.
Meu poeta predileto, Fernando Pessoa, escreveu um dia uma frase lapidar: “Crer é morrer; pensar é duvidar”. E como eu penso, não só confirmo assim minha existência, mas privilegio o uso do meu cérebro por sua própria conta, e não na fácil crendice por contos antigos ou modernos. Se algum defensor dessas pesquisas tiver a chance de ler meu desafio, que me responda, por favor. Confesso que aguardo ansiosa por um debate.
Célia Borges

25 de junho de 2010

ARCANJO GABRYEL – Festa Junina faz quinze anos, sábado às 18 horas



A tradicional Festa Junina da Arcanjo Gabryel está fazendo quinze anos, e promete estar mais animada do que nunca, nesse sábado, dia 26 de junho, com início às 18 horas.
Com o tema “Olha para o Céu meu amor, e Vê como Ele está lindo”, a festa da Arcanjo deve se superar na animação e criatividade, que vem fezendo dela um dos eventos mais concorridos do inverno de Penedo.
Além de se divertir, os participantes terão a chance de apoiar uma das mais relevantes instituições dedicadas à educação de pessoas com necessidades especiais, e que atua dentro de uma filosofia de trabalho que merece ser melhor conhecida e divulgada.
Célia Borges

21 de junho de 2010

CLUBE FINLANDIA: Festa de Juhanus neste sábado, às 18 horas



A Festa de Juhanus, São João, na Finlândia coincide com a antiga celebração do solstício de verão, que é o dia mais longo do ano e o início da estação quente no hemisfério norte. No Brasil, como estamos no hemisfério sul, temos o dia mais curto do ano e o início do inverno. A colônia finlandesa de Penedo sempre organiza a festa chamada Juhanus, nessa época, no Clube Finlândia, promovendo um encontro das duas tradições. Este ano Juhanus será comemorado no próximo sábado, dia 26, à partir de 18 horas, com fogueira, música, dança, comidas e bebidas, em evento aberto à comunidade.
A Noite de São João é breve na Finlândia – em Helsinki, por sua latitude, o sol se põe ás 22 horas e nasce novamente às 2 da madrugada. Nessa noite, segundo a tradição, magos e duendes se reúnem para prever o futuro. As moças procuravam saber alguma coisa sobre seu futuro marido na noite de São João, e para essa finalidade cultivavam os mais variados rituais, como alguns que enumeramos abaixo:
- Ao dormir, a moça deve virar a meia do pé esquerdo pelo avesso, colocar uma moeda no calcanhar e calçá-la de novo, e depois disso não falar mais nada. O futuro marido aparecerá no sonho da moça (tradição de Ruovesi)
- Dormir com uma moeda de cobre embaixo do travesseiro. Ao levantar pela manhã, o nome do primeiro homem que encontrar será o nome do marido (tradição de Valtimo)
- Colher 13 tipos diferentes de flores, colocar embaixo do travesseiro. O futuro marido a visita em sonhos (tradição de Hauho)
- Colocar dois espelhos frente a frente, olhando em um espelho verá o rosto do futuro marido no outro (tradição de Sääksmäki, 1887)
-Deixar cair 9 alfinetes numa fonte de água, passando por um anel de ouro, o rosto do futuro marido aparecerá refletido na água (tradição de Koskenpää, 1923)
- Dormir com roupas acabadas de lavar, com a Bíblia embaixo do travesseiro, e irá sonhar com o futuro marido (tradição de Kiuruvesi)
- Tirar a roupa, e varrer ao redor de um poço, para o lado esquerdo, e depois olhar dentro do poço e verá o rosto do futuro marido (tradição de Pomarkku)
(Fonte: Helena Hildén, presidente do Clube Finlândia)
Célia Borges

17 de junho de 2010

PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA – Aos 73 anos, um idoso em estado de abandono


Na segunda-feira, dia 14 de junho, o Parque Nacional do Itatiaia completou 73 anos. É a reserva florestal mais antiga do país, e seu aniversário deveria ter sido motivo de festas. Mas se houve alguma comemoração, não conheço quem tenha ido, nem ouvido falar. Quem foi ao Parque, no dia do aniversário, deve ter percebido que não há mesmo o que comemorar, porque a primeira unidade de conservação do país encontra-se num estado lastimável de abandono, com as estradas esburacadas, as trilhas sem conservação, muitas cachoeiras com acesso interditado, ausência de Guarda Florestal ou serviço de guias, e um Centro de Visitantes que pouco tem a mostrar, depois que o Museu da Flora e da Fauna foi desativado.
A última comemoração amplamente divulgada de aniversário do Parque, em 2007, quando fez 70 anos, não correspondeu à anunciada revitalização, já que na oportunidade, além de não ganhar nada, o Parque ainda perdeu o seu museu. O Museu da Flora e da Fauna abrigava um acervo de inestimável, constituído de material para exposição e coleções para estudo, com 2.328 espécies de plantas e 186 de frutos, 400 tipos de animais (répteis, aves e mamíferos) e 2.345 artrópodes (insetos e aracnídeos), sendo que a coleção de estudos reunia 1.108 animais preparados e cerca de 11.200 artrópodes, que atraiam cientistas e estudantes de todo o mundo.
Mas o Parque Nacional do Itatiaia, origem desse monumental acervo, não foi considerado pela nova administração, que assumiu sua direção naquela época, local adequado para continuar abrigando-o, então as coleções foram enviadas para outras instituições. Nunca soubemos exatamente quais receberam o quê, pois não houve um relatório divulgado sobre o assunto. E os visitantes que se conformem com a fria exposição proporcionada por recursos audiovisuais.
Nesses três anos, nada foi feito de relevante no PNI, que lembre qualquer preocupação com a preservação ambiental. A condição da reserva é de acentuada decadência, resultado de uma administração negligente, que concentrou todos os seus esforços na execução de um Programa de Manejo, cujo único objetivo visível é a ameaça de desapropriação das propriedades particulares da pequena área do Núcleo Colonial Itatiaia, onde existem residências e hotéis.
A proposta desse projeto é criar na área do Núcleo, um grande complexo de lazer, com universidade para 1.500 alunos – inclusive com Curso de Gastronomia, para estudar novos cardápios, para degustação de espécies selvagens, entre outras barbaridades. Hotéis, campings, e a prática de esportes radicais são alguns dos outros itens para a planejada ocupação. E tirar essas terras de seus verdadeiros donos, para entregá-las à terceiros, à escolha dos responsáveis pela “política ambiental” vigente.
A pretensão da atual direção do Parque baseia-se num decreto de ampliação datado de 1982, do então presidente João Batista de Figueiredo, e que, baixado sem a realização de estudos prévios, incluiu a área do Núcleo Colonial, criada em 1908 pelo próprio governo federal, e por ele emancipada em 1916, portanto mais de 20 anos antes da criação do parque, em 1937. O decreto ampliava a área de cerca de 12 mil alqueires – definida no decreto de criação do parque, e onde já existia a Reserva Biológica anteriormente criada - para 30 mil, sendo que as terras do núcleo não ocupam nem 2 mil alqueires, sendo uma parcela mínima do total pretendido. Assim, mesmo excluindo-se as terras do Núcleo, o governo federal ainda dispõe de uma área maior do que 16 mil hectares, para promover a desejada ampliação.
A proteção dessa grande área, ainda rica em vegetação nativa, e dos vários tipos de altitude – os 12 mil alqueires do parque atualmente, e os mais de 16 mil que se encontram na parte alta do Maciço do Itatiaia – não mobilizou a atual direção do parque nesse período, nem se encontra prevista no Programa de Manejo apresentado em 2007. A efetiva preservação ambiental do patrimônio natural do parque, vem sendo tratada como questão secundária, deixando-o entregue às ações predatórias e ao constante risco de incêndios, que já provocaram perdas irreparáveis nos últimos anos.
Há espécies vegetais e animais em risco de extinção, sem que nada seja feito para evitar suas perdas. Mas as autoridades ambientais do país preferem dar prioridade ao dispêndio de recursos públicos para desapropriar imóveis urbanos, em local em que existe uma mata secundária cultivada justamente por esses moradores, e usando para isso todo o tipo de expedientes, como a desvalorização dessas propriedades por meio de medidas ilegais e arbitrárias, como restrições ao livre trânsito e impedimento de receber produtos e serviços, inclusive para indispensáveis obras de manutenção.
Os moradores do Núcleo, reunidos através da Associação dos Amigos do Itatiaia, por não concordarem com as propostas do Programa de Manejo, entraram na Justiça Federal em janeiro passado, pedindo a caducidade do decreto de 1982, e reivindicando não apenas a exclusão das terras do núcleo da ampliação do parque, mas também inúmeras medidas de interesse cultural e ambiental, como a devolução do Museu da Flora e da Fauna, e a exigência de que a direção do Parque Nacional do Itatiaia assuma sua responsabilidade para com aquela reserva, promovendo sua preservação e manutenção.
Antes de apelar para a Justiça, que foi um recurso extremo, a AAI tentou negociar com as autoridades ambientais a reclassificação daquela área para Patrimônio Natural, de forma que os moradores ficassem sujeitos às normas de uma área de proteção ambiental, sem perder seus direitos de propriedade. Essa seria uma solução que ao mesmo tempo cumpriria a legislação, não oneraria a União, não traria maior impacto ambiental do que o já existente, e também preservaria o patrimônio histórico, cultural e social do núcleo, e da comunidade do município de Itatiaia, à qual está estreitamente envolvido.
A proposta da AAI não foi sequer considerada, já que a instituição nunca foi chamada para ter a oportunidade de discuti-la. A implantação do Programa de Manejo foi decisão unilateral, e do ponto de vista das autoridades, não sujeita à debates. Por isso foi tão mal recebida a Ação Civil Coletiva da AAI na Justiça, e contra a qual a atual direção do Parque não tem poupado todo o tipo de acusações infundadas, inclusive atribuindo à uma eventual vitoria dessa ação à impossibilidade de promover a ampliação do Parque. Nada mais falso, aliás, porque o governo federal poderá ampliar o parque, ocupando legalmente as áreas disponíveis da chamada parte alta, através de um novo decreto, e no momento que quiser.
É importante observar que essas propriedades, que sequer foram ainda desapropriadas, vêm sendo tratadas como se já fizessem parte do parque, e seus moradores, que são legítimos proprietários, como se fossem invasores. Para atingir seus objetivos, a atual direção do Parque lança mão de uma campanha que chega às raias da difamação, mobilizando organizações não governamentais voltadas para a preservação ambiental, e manipulando essas organizações pela imposição de seus pontos de vista, evitando um saudável e democrático debate sobre a questão. Os autênticos ambientalistas, da região e do país, dariam grande contribuição ao meio ambiente se estudassem o assunto, tomando conhecimento do conteúdo do Programa de Manejo, e lendo detidamente os termos da Ação Civil Coletiva da AAI. Dessa forma, seria bem fácil definir quem faz pouco caso do meio ambiente, e quem está preocupado e quer realmente proteger a natureza.
Os defensores do Programa de Manejo, além de pouco preocupados com a preservação do Meio Ambiente, também se esmeram em desconhecer a História, que é um dado relevante para uma boa compreensão de toda essa questão que envolve a ampliação do Parque. Aos 73 anos, o Parque merece ter sua história conhecida, e reconhecida, para que seja restabelecido o papel dos moradores do Núcleo Colonial Itatiaia, que tanto contribuíram para restaurar uma área devastada, transformando-a em floresta secundária, e que foram os principais apoiadores e incentivadores para a criação do Parque Nacional do Itatiaia.
Quem quiser conhecer um pouco dessa história, fique atento á próxima postagem desse blog. A foto é do Núcleo Colonial nos anos 40, quando a área ainda não tinha tido a mata recuperada pelos moradores.
Célia Borges

15 de junho de 2010

LIVROS: Léxico Tupi-Português, de Hugo di Domenico



Incentivar o interesse das pessoas pelo conhecimento e pela interpretação das palavras do idioma indígena introduzidas na nossa língua, é o principal objetivo do Dr. Hugo di Domenico, com a publicação do Léxico Tupi-Português, um dicionário que reúne a tradução de milhares de palavras de origem tupi para a língua portuguesa.
Pesquisador, médico e professor aposentado, Hugo di Domenico foi um dos primeiros professores do curso de Medicina da Unitau (Taubaté-SP), e hoje, com 94 anos, ainda exerce parcialmente a clínica médica na cidade de Taubaté. O Léxico Tupi-Português é resultado de uma pesquisa realizada pelo autor durante quase sete décadas.
Esse é o terceiro trabalho publicado pelo autor, sendo que os anteriores também tiveram origem nos seus estudos sobre o idioma tupi: “Toponímia e Nomenclatura Indígena do Município de Taubaté”, em 1976, e “Fitomínia e Zoonímia Indígenas do Município de Taubaté”, em 1981.
O livro poderá ser adquirido pelos interessados, com o próprio autor, através do telefone (012) 3632-2328 ou através da Fundação Ipiranga, uma das instituições apoiadoras da obra, pelo telefone (091)3344-0777. Mais informações: www.diariotaubate.com.br/display.php?id=16095 ou www.unitau.br/voufazerpos/destaque3.php
Célia Borges

13 de junho de 2010

LABRADORES PARA ADOÇÃO




Prezados leitores, venho fazendo parte de uma corrente informal para promover o encontro de pessoas que gostam de animais, e queiram ter um, e outras que, por força de suas atividades, têm animais a oferecer para adoção.
São entidades de proteção aos animais, clínicas veterinárias, abrigos ou pessoas de bom coração, na cidade do Rio de Janeiro, que acolhem e cuidam provisoriamente, mas que sem condições de adotar, procuram novos donos para esses cães, abandonados ou cujos donos não tiveram como mante-los.
Atualmente, meu contato tem sido mais freqüente com pessoas que têm labradores para oferecer para adoção, como os dois da foto: Kiara, de um ano, e um filhote cor de chocolate com 5 meses. Quem tiver interesse, pode escrever para um dos meus endereços de e.mail, com informações para resposta, que eu os colocarei em contato com os atuais cuidadores.
Célia Borges

7 de junho de 2010

AGENDA CULTURAL – Entalhes em madeira de Roberto Granja, no Centro Cultural Visconde de Mauá



Nesta quinta-feira, dia 10 de junho, o Centro Cultural Visconde de Mauá está convidando sócios, amigos e o público em geral para a abertura da exposição de Entalhes em Madeira, do artista plástico Roberto Granja. O evento, que começará às 19 horas, contará com momentos musicais pelo Duo Contraponto e convidados, exibição dos vídeos Janelas do Mirantão e Ensaios de um Atelier, de Marcelo Hilgenberg, e também o lançamento do livro “O Dom da Vaca”, de Bruno Casotti, e ilustrado por Roberto Granja.
Os trabalhos da mostra de Entalhes em Madeira foram produzidos por Roberto Granja tendo Daniel Alves como assistente. A exposição ficará aberta do dia 11 de junho a 19 de julho, abrindo aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 18 horas. Durante a semana, visitas guiadas estão sendo previamente agendadas para a comunidade escolar.
A mostra conta com os apoios da Pousada Casa Bonita, da Pousada e Restaurante Terra da Luz, Capril De Ville, Menino da Montanha – Pães Artesanais, MR Papel – Papelaria Artesanal e Sidartha – Moda Indiana.
Célia Borges

LIVROS – Estrada Real Caminho Novo da Piedade, de Francisco Sodero Toledo



O leitor interessado na história do vale do rio Paraíba do Sul, conta agora com mais um título dedicado ao assunto, o livro Estrada Real Caminho Novo da Piedade, do professor Francisco Sodero Toledo, lançado há pouco mais de um mês em evento realizado na Unisal. A obra trata dessa importante via colonial, que corta o denominado Vale Histórico, em áreas paulistas e fluminenses.
Nesse trabalho o autor busca resgatar a história dessa região, o reconhecimento de suas influências no passado, e as possibilidades que ainda permanecem para sua reutilização como rota turística. O livro relata os “interesses metropolitanos, as dificuldades de construção do Caminho Novo, os impactos ocorridos após sua conclusão, a ocupação da terra, os personagens, os ranchos, o comércio, as capelas, os primeiros núcleos populacionais e a saga dos seus desbravadores e colonizadores”.
O professor Sodero Toledo é licenciado em História, Filosofia e Pedagogia, pós-graduado em História da Civilização Brasileira e mestre em educação, entre outros títulos. Nascido em Silveiras, é atualmente docente e pesquisador da Unisal-Lorena e na Escola de Engenharia de Lorena – USP, além de ser consultor em projetos histórico-culturais e educacionais. Ele criou e dirige o portal www.valedoparaíba.com, e o livro pode ser adquirido através do www.valedoparaiba.com/shopping/produto.asp?produto=33.
Célia Borges

6 de junho de 2010

FOGOS NÃO!!! Comemore de outra forma. Fogos de artifício afetam os animais domésticos e selvagens




Um alerta, na perspectiva do início dos jogos da Copa do Mundo: se você é um cidadão consciente, ambientalista ou não, evite soltar fogos durante a Copa do Mundo... e daquí pra diante. Os fotos de artifício afetam negativamente a vida dos animais, tanto os domésticos quanto os selvagens, causando transtornos que vão muito além das aparências.
Fogos eventuais já fazem mal. Mas o foguetório intenso de certas ocasiões podem causar tantos danos que seria preciso um tratado de biologia para esclarecer o assunto. Os efeitos são variados, dependendo da espécie animal e do impacto (de acordo com a proximidade e persistência) do ruído, podendo em alguns casos levar à morte.
Segundo o veterinário João Paulo Ramagem, os cães são extremamente sensíveis aos fogos, pois sua audição pode ser entre 10 a 20 vezes mais sensível do que a do ser humano. Por isso é bastante comum que os animais fiquem estressados nos dias de comemorações que se caracterizem pela soltura de fogos. Ele cita inclusive acidentes graves, de cães que se cortaram ao atirarem-se contra vidraças, descontrolados pelo ruído.
Apaixonado pelos beija-flores, o empresário Franklin Guanabarino, do restaurante Vernissage, em Penedo, vem fazendo campanha contra os fogos nessa época da Copa, pela forma como ele acredita, diante da sua observação pessoal, que isso afeta essas aves. A impressão do Franklin também é confirmada pelo Dr. João Paulo Ramagem, de que o estresse provocado pelos fogos afeta a vida selvagem, interferindo inclusive nos ciclos reprodutivos.
Se nos centros urbanos os fogos já afetam visivelmente os animais domésticos, quem tem o privilégio de viver em áreas preservadas ou próximas, tem um compromisso ainda maior de zelar por esse patrimônio, contribuindo para preservá-lo, abstendo-se de soltar fogos. O assunto é amplo, e quem tiver mais informações sobre ele, por favor, me escreva. Antecipadamente agradeço.
Por enquanto, conto com a consciência ambiental dos meus leitores.
Célia Borges

PARQUE NACIONAL DO ITATIAIA: AMPLIAÇÃO NÃO DEPENDE DAS TERRAS DO NÚCLEO



A atual direção do Parque Nacional do Itatiaia vêm defendendo, literalmente “com unhas e dentes”, a implantação de um Programa de Manejo, baseada em decreto de 1982. Essa medida, que implica na desapropriação da área do Núcleo Colonial Itatiaia, está sendo questionada na Justiça pelos moradores, já que, entre outras irregularidades do decreto, ele avança sobre área urbana e propriedades particulares, o que vai contra a legislação vigente.
A questão encontra-se, portanto, na esfera judicial, aguardando decisão. Mas a direção do PNI não se deu por satisfeita, e decidiu pressionar o Judiciário, na forma de uma Moção assinada pelo Conselho Consultivo do Parque Nacional do Itatiaia – CCPNI – e que foi apresentada na Assembléia Geral daquele conselho em 7 de maio de 2010, pegando os conselheiros de surpresa, já que o assunto não constava da pauta.
Mostrando consciência e maturidade, o Conselho pediu tempo para analisar a proposta, tendo sido marcada uma Assembléia Extraordinária, para 14 de maio, onde mesmo sem ter tido tempo de avaliar o outro lado da questão – já que a presidente da AAI, Leila Heizer, teve apenas cinco minutos nesse dia para expor as razões da instituição – os conselheiros aprovaram a Moção, com ressalvas, como pode ser verificado pela Ata daquela assembléia, se e quando ela for colocada à disposição para leitura.
O argumento da direção do PNI, que confundiu os conselheiros do CCPNI e que continua causando confusão nos meios ambientalistas e na imprensa, é de que a Ação Civil Coletiva da AAI vai impedir a ampliação do Parque Nacional do Itatiaia. Nada mais falso. Se a ação for vitoriosa, e o decreto de 1982 for cancelado, o governo federal tem todas as condições de editar um novo decreto, reincorporando uma área de mais de 28 mil hectares, já que a s terras particulares do Núcleo representam menos de dois por cento do total. Poderá até ampliar além disso, já que em 1908 o governo comprou dos herdeiros do Visconde de Mauá 48 mil hectares. Como terra não sai andando, essa área ainda deve estar lá, no mesmo lugar.
A atitude da direção do Parque no episódio da Assembléia da CCPNI reflete bem o comportamento que essas autoridades vêm adotando desde 2007, esmerando-se em caracterizar os moradores do Núcleo como invasores – o que não é verdade, porque são legítimos proprietários de suas terras – e inimigos do meio ambiente – o que também é falso, já que esses moradores foram comprovadamente responsáveis pela recuperação de uma mata secundária naquela região, que no início do Núcleo encontrava-se completamente devastada.
A estratégia tem sido a de convencer os crédulos e pouco informados de que existe um conflito de interesses entre o Parque e o dos moradores do Núcleo, e que a vitória de um corresponde à derrota do outro. E de que, quem apóia a AAI é contra os interesses ambientais. Entretanto, quem se dispuser a estudar os documentos do caso, vai perceber que a Ação da AAI demonstra uma muito maior preocupação ambiental que o Programa de Manejo, onde está claramente demonstrado que tais autoridades se dispõem a dispender enormes recursos na desapropriação de casas e hotéis, mas não prevêem medidas para a proteção dos seus outros 28 mil hectares, onde o que resta de mata nativa continua sujeita à incêndios e todo o tipo de ação predatória.
Os moradores do Núcleo sempre se notabilizaram pela preocupação ambiental, e nunca foram inimigos, mas sempre parceiros e apoiadores daquela unidade de conservação. Desconhecer isso é virar as costas para a história, e agir de má fé. Mas atual direção do Parque vem se esforçando em renegar essa história, e semear um preconceito que coloca os moradores do Núcleo como inimigos do Parque e da natureza. A forma como a Moção à CCPNI foi apresentada testemunha exatamente isso, um afã em desacreditar quem, pura e simplesmente discorda, e tem a coragem de ir à Justiça, defender seus direitos e opiniões.
É bom lembrar que a AAI tentou negociar a reclassificação da área, de forma a preservar as características ambientais de suas terras, mas mantendo as propriedades. E que a Ação foi um recurso extremo, diante da falta de diálogo. A atual administração do PNI não apenas não demonstrou interesse em abrir canais de negociação, como assumiu uma postura de posse sobre o que não lhe pertence – já que os imóveis não foram desapropriados -, impondo regras e limitações ao livre trânsito dos moradores do Núcleo, à prestação de serviços e entregas de compras em suas casas. Por tal autoritarismo e arbitrariedade, os moradores não tiveram outro recurso se não apelar para a justiça.
Funcionários públicos, que apenas estão lotados no Parque, prestando um serviço temporário, agem como se fossem seus proprietários. E se sentem no direito de manipular informações e opiniões para atingir seus objetivos, impedindo um debate livre e democrático, no temor de que ele possa enfraquecer seus argumentos, construídos sobre uma base falsa. A Ação da AAI, ainda que acatada e ganha na Justiça, não vai impedir a ampliação do Parque Nacional do Itatiaia, e é até uma ingenuidade acreditar nisso.
O Parque Nacional do Itatiaia pode ser ampliado, de diversas maneiras, mesmo com a exclusão da área do Núcleo Colonial Itatiaia. Por exemplo, por um decreto novo, que substitua o antigo, e que seja editado após novos estudos e demarcações... ou por uma divisão do Maciço do Itatiaia em pequenas reservas federais, estaduais e municipais, partilhando a responsabilidade pela conservação do meio ambiente com toda a sociedade.
Não há justificativa para que a atual direção do Parque Nacional do Itatiaia queira impor os termos de um decreto ultrapassado em mais de 25 anos, e se recuse a discutir novas propostas, que podem sim, e efetivamente, promover a proteção daquela unidade de conservação. E se a proposta deles é boa, porque não discuti-la? Por que é tão indispensável a imposição, ao invés da discussão?
Enquanto espera a decisão da Justiça, a atual administração do Parque faria melhor cuidando de suas responsabilidades, antes de propor Moções. Afinal, quem for hoje visitar o Parque Nacional do Itatiaia – a mais antiga reserva ambiental do país - vai encontrar estradas esburacadas, trilhas intransitáveis, cachoeiras interditadas, sinais de descuido e abandono por todos os lados... e isso, referindo-nos só ao que está mais visível e acessível.
É importante estarmos atentos para o fato de que, caso a AAI ganhe a Ação, isso não encerra o debate sobre a questão da ampliação do Parque. As terras ainda estarão lá – os mais de 28 mil hectares – e o parque, felizmente, ainda terá muito para onde crescer. O que preocupa é o que será feito dessa reserva, e se tão admirável patrimônio natural vai continuar sendo tratado com tanto descaso. Porque se a atual direção do Parque já não dá conta de uma manutenção mínima na ainda pequena área sob sua jurisidição, quem garante que vai ter competência para dar conta do resto?
Célia Borges