28 de janeiro de 2009

ALDEIA GLOBAL – Esse monstro chamado “Mercado”

O cidadão razoavelmente informado, que ouve, vê ou lê algum noticiário, já deve ter tido, em algum momento, noção da existência dessa entidade subjetiva chamada “mercado”, que os melhor informados podem traduzir automaticamente por “mercado de capitais”. O tal mercado tem influencias mais amplas além de apenas as Bolsas de Valores, mas essas são as arenas do grande circo econômico, onde o Sr. Mercado pode demonstrar cabalmente a sua força..
O Sr. Mercado, para simplificar nosso raciocínio, é o “dono do dinheiro”. São os banqueiros e demais detentores das grandes fortunas mundiais, oriundos dos mais diversos países (inclusive alguns bastante pobres), e donos de recursos cujas origens não parecem interessar a ninguém. São ricos, e pronto.
Ninguém quer saber se ou de quem roubaram, quantos e a quem mataram, para amealhar seus tesouros. De vez em quando um escândalo pipoca pelo mundo, pondo às claras bastidores das mais sujas negociatas, que sustentam algum desses magnatas desavisados, que não foi suficientemente esperto, ou por uma maré de má sorte, acaba “dando com os burros n’água” (desculpem, mas adoro essas expressões do tempo da minha avó). Mas o mercado, como um todo, continua incólume, e cada vez mais fortemente afortunado, absorvendo rapidamente os rescaldos do incêndio alheio.
A função do “mercado” deveria ser a de prover os paises dos investimentos necessários ao seu crescimento. Mas o “mercado” não investe, ele especula. Ou, sejamos justos, ele até investe... mas especula muito mais. Porque a especulação atende melhor à expectativa de lucros, quanto mais fáceis e imediatos, melhor. O “mercado” até parece uma criança que acredita em Papai Noel, sendo que o bom velhinho deles é aquele capaz de promover a produção de lucros e mais lucros, sem qualquer limite.
O mercado não sabe, coitado, que a produção de bens, pelo planeta e por sua população, tem um limite. Como criança insatisfeita, ele quer ganhar mais, sempre mais, cada vez mais. Mesmo que para isso tenha que usar de recursos artificiais e eventualmente desonestos, na ingênua crença de que não vai ter que prestar contas do que faz. O problema é que a ingenuidade do mercado nos custa muito caro. Porque o mercado não quer perder dinheiro “nem que a vaca tussa” (olha eu aí, de novo). E quem vai pagar a conta, no fundo, somos todos nós, não importa quanto nos custe.
O exemplo disso esta aí, nas páginas de todos os jornais, nas rádios e nas TVs: o “mercado” pisou na bola, especulou demais, gastou demais, e agora os governos dos mais diversos países vão precisar lançar mão dos recursos de suas reservas, para financiar a “recuperação” de um bando de milionários que se comportaram mal. Por que afinal, o povo pode ficar sem o feijão com arroz, mas o “mercado” não pode sobreviver sem seus jatinhos, seu champagne e seu caviar.
O mercado, coitado, também não sabe fazer contas. Se soubesse, as indústrias automobilísticas jamais poderiam trabalhar com a previsão de crescimento que prometeram ao seus acionistas. Como produzir tantos mais veículos da cada ano, sem acompanhar o crescimento da renda “per capita” mundial para absorver tal produção, sem o crescimento do número de motoristas pelo mundo que justifique tal quantidade? Será que tais “gênios das finanças” não percebem que todo crescimento tem limites? (ou será que sou só eu, e nesse caso, estou mesmo falando sozinha?!?!?!)
A crise que nos ameaça é um reflexo da falta de cérebros no comando dos países. Faltaram administradores, diplomatas e cientistas que conseguissem enxergar além dos interesses políticos imediatos, prevendo e impedindo que as economias dos paises e blocos econômicos ficassem reféns do mercado, como se encontram agora. Não é por outro motivo que os governos tem se mobilizado tanto no esforço para “salvar’ empresas e nichos econômicos. No fundo eles sabem que não mandam mais nada, e que as economias nacionais são reles prisioneiras do Sr. Mercado.
O Sr. Mercado, entretanto, é uma entidade que não tem pai nem mãe, que não vai à missa, nem presta contas à ninguém, de seus mandos e de seus desmandos. E ainda não deu sinais de que esteja disposto a abrir mão de seus privilégios, para manter a economia mundial funcionando. O Sr. Mercado precisa, exige, remuneração cada vez maior para o seu capital, não importa que seja à custa dos empregos de alguns milhões de pessoas ao redor do mundo – e no nosso país também.
Caprichoso, ganancioso, egoísta e cruel, o Sr. Mercado segue fazendo seus estragos, e não acredito que todos esses trilhões de dólares liberados por norte-americanos e União Européia, além dos tigres (ou seriam gatinhos) asiáticos, sejam capazes de sacia-lo. Não há riquezas, suor e vidas suficientes para saciar uma sede por lucro sempre crescente. É como se tivéssemos um emprego, e a cada mês quiséssemos ter um ganho real de 1% a mais. Nosso patrão iria à falência, e nos perderíamos o cargo.
O Sr. Mercado precisa cair na realidade, mas enquanto for essa entidade subjetiva, dando guarita à um punhado de egos insaciáveis, não há meios de se vislumbrar um fim para a crise. O Sr. Mercado tem um exemplo brilhante da sua mentalidade, no comportamento dos bancos brasileiros, que segundo o noticiário de hoje (28/01/2009) pensam em aumentar os juros ao consumidor, diante de uma expectativa de aumento da inadimplência.
É claro que aumentando os juros, a inadimplência vai aumentar. Aliás, se os bancos não estivessem sustentando tão monumentais recordes de lucros, durante tantos anos, seria até provável que a inadimplência de seus clientes fosse infinitamente menor do que a que tem sido verificada. É um caso típico de transferência unilateral de renda, dos pobres contribuintes para a rede bancária, na usura institucionalizada e até protegida pelo Estado cúmplice. Cúmplice dos banqueiros, cúmplice do Sr. Mercado.
A solução da crise é uma simples questão de matemática e bom senso. Mas passa por reeducar tanto o caprichoso Sr. Mercado quanto às demais autoridades, para verem que lucro menor é melhor do que nenhum, e que ele é muito mais seguro se for distribuído em maior escala, beneficiando o conjunto da população, com a criação de mais sólidos “mercados”... Como diria a minha avó, é muito simples: só falta ver quem é que vai amarrar o guizo no tigre...
Célia Borges

20 de janeiro de 2009

PAISAGISMO E JARDINAGEM – Flores para interiores




O cultivo de plantas em interiores é sempre um desafio, cujas dificuldades crescem na medida em que os espaços são menores e menos providos de luminosidade. Mais difícil ainda quando se dá predileção às flores, já que na maioria das espécies o colorido depende muito da quantidade de luz. Mas, como na natureza nada é impossível, e experiências anteriores mostram resultados animadores, encarar esse desafio pode ser um grande prazer e diversão, para quem quer trazer um pouco de natureza para dentro da sua casa, por menor que ela seja.
Algumas espécies, de tão satisfatoriamente adaptadas, já se transformaram em “cartas marcadas” na decoração de interiores, como o Lírio da Paz (Spathiphyllum cannaefolium), também conhecido popularmente como “antúrio branco”, que apresenta também a variedade gigante (Spathiphyllum wallisii). Alem da exuberante folhagem e das flores brancas e lindas, ele sobrevive bem em locais sombreados, mas precisam, como a maioria dos demais vegetais, de alguma luz, sob o risco de murcharem e melarem definitivamente. Além disso, são típicos do clima tropical e sub-tropical, e sobrevivem à quase tudo, menos ao frio intenso.
Em seguida, entre as mais populares floridas para interior, estão as Violetas Africanas (Saintpaulia ionantha), grande grupo que reúne uma infinidade de hibridas, com variedades de tamanhos, formatos e cores, tanto das folhas, quase sempre aveludadas, quando das flores, que vão do branco ao violeta mais intenso, passando por rosados e vermelhos. Extremamente adaptável, e dotadas de um sistema de reprodução fácil, pelo enraizamento das folhas, elas são um recurso decorativo dos mais acessíveis, apresentando apenas alguns caprichos, como as anteriores, de exigir o máximo de luminosidade indireta, e de não suportar muito frio.
Outra família com grande variedade de formatos e tamanhos de folhas e flores, e com boas possibilidades de adaptação aos ambientes internos, são as Begônias (nome científico e popular), já que a maioria delas prefere a meia-sombra. As espécies originais, muitas nativas do Brasil, outras de outros pontos da América do Sul, apesar de muito resistentes, também não toleram frio. Entretanto, há grande variedade de hibridos produzidos nos EUA e na Europa (especialmente na Holanda) com maiores possibilidades de sobrevivencia em temperaturas mais baixas. É importante observar o tipo a ser cultivado, porque também há begônias que exigem clima tropical e sol pleno.
Antúrios (anthurium andraenunm) também oferecem boas possibilidades, pois além de serem apropriados para meia sombra, existem em dezenas de variedades, obtidas por melhoramentos genéticos, oferecendo folhagens e florações abundantes e exuberantes, dos mais variados tamanhos e cores. Como os Lírios da Paz, podem ser cultivadas em canteiros (maciços) ou em vasos, exigindo sempre um grupo de mudas. É preciso observar se a espécie escolhida é apropriada ao ambiente, já que alguns chegam a crescer mais de um metro de altura. Típicos de clima tropical ou sub, não toleram frio.
Outras plantas floridas apropriadas para ambientes internos são as Gloxínias (Gloxínia sylvatica e outras): as Prímulas, originárias da China, com várias cores e tamanhos: as Petúnias (essas melhores para vasos e jardineiras suspensas, com o máximo de insolação possível); as Campainhas (Sinningea speciosa); os Amores Perfeitos (da família das violetas, violas variadas); e as Quaresmeiras rasteiras (Schizocentrum elegans), mais apropriada para vasos em que possa ficar pendente.
A maioria dessas espécies floridas, apesar de não suportar frio intenso, podem ser cultivadas em locais mais frios, desde que protegidas das temperaturas excessivamente baixas, seja por se manterem janelas fechadas, seja por se adotar algum tipo de aquecimento interno, que as proteja das condições adversas. Como a maioria das minhas referências diz respeito aos climas brasileiros, do sudeste, quem reside em muito frios deve fazer suas próprias pesquisas, em floriculturas e vizinhanças, estudando assim as espécies mais adequadas à sua situação.
Célia Borges

17 de janeiro de 2009

ALDEIA GLOBAL – Será que tem sentido ainda ter esperança?

Há apenas 100 anos, as notícias andavam de navio... e por isso, demoravam tanto a chegar. Nesse último século, o homem se esmerou, através da tecnologia, em transformar a comunicação em tal condição de imediatismo, que foi possível ver a tragédia das Torres Gêmeas de Nova Iorque em tempo real. Sem querer entrar no mérito das vantagens e desvantagens de tanta tecnologia, o que não há como negar é que ela acrescentou muito stress e responsabilidade no dia a dia do cidadão comum.
A crise econômica de 1929 foi devastadora, mas seus efeitos não têm nem como serem comparados com o que pode acontecer na Era da Comunicação Imediata. A imagem que me ocorre sobre a crise dos dias de hoje, é a de uma manada de elefantes descendo ladeira abaixo, sem nenhum controle. Embora, no fundo, a única esperança de controle seja justamente uma tomada de consciência, coletivamente, com força bastante para desarmar essa bomba-relógio que se chama “mercado financeiro”.
Não conheço qualquer raciocínio matemático ou filosófico, que seja capaz de apoiar essa situação de busca irracional e desenfreada pelo lucro. O incrível é que os gênios da economia não tenham visto que uma crise como essa, que se anuncia, tinha que acontecer, mais dia, menos dia. Porque entregar os rumos políticos e sociais do planeta nas mãos do tal chamado mercado financeiro, uma entidade onipresente e onisciente, que só visa o lucro, isso tem sido pura e simplesmente uma questão de irresponsabilidade. Uma irresponsabilidade coletiva, dos dirigentes dos tais paises desenvolvidos, e dos menos desenvolvidos como o nosso também.
O Poder Econômico, definitivamente, tomou conta da nossa Aldeia Global. Os conceitos humanistas que caracterizaram movimentos sociais, políticos e econômicos desde meados do século XIX até a Segunda Guerra Mundial, estão completamente soterrados. O ser humano, o homem, essa criatura social que cada um de nós é, deixou de ser o centro dos objetivos civilizatorios e desenvolvimentistas dos governos, para ser apenas alguma peça, numa engrenagem cujo significado lhe é alheio. Porque visa produzir bens e riquezas, para saciar a insaciável fome por lucros desse fantasma, chamado mercado financeiro.
Se não estivéssemos tão informados e conscientes do que acontece no mundo, provavelmente nosso sono seria muito mais tranqüilo. É claro que temos a opção de não comprar jornais, não ligar a TV, ou, como último recurso, simplesmente não pensar no assunto. Mas isso não vai mudar em nada a realidade, e seja uma tsunami ou uma marolinha, não há dúvidas de que ela vai nos respingar. Ou nos molhar... nos encharcar... e não sabemos até que ponto pode até nos aniquilar, dependendo da situação de cada um, e de quanto vamos estar vulneráveis ao desemprego, à falência, ao empobrecimento.
Entretanto, já que não adianta chorar, e o máximo que podemos fazer no caso é tomar consciência, cada vez mais ativamente, pensar bem à respeito e reagir diante da situação. Por isso, quero propor um raciocínio interessante, inspirada por um desses autores quase anônimos da internet (Neto, diretor de criação e sócio da Bullet) e que foi uma das melhores mensagens que tenho recebido nos últimos tempos.
Não vou transcrever o texto, para não abusar do direito autoral, mas posso mandar o original a quem interessar. Ele fala das imagens de pobreza que estamos acostumados a ver, no noticiário, nos documentários, e até em livros de fotografia de grande sucesso. Fala das ONGs e outros organismos criados para combater a pobreza. “A miséria, pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá, sensibiliza”, diz o texto. E completa: “Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucedem nas nações mais poderosas do planeta. Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo”.
O autor comenta (e eu endosso solidariamente) que mesmo que esse valor tenha sido subestimado, e que fossem necessários, não o dobro, mas o triplo desses recursos, e então precisaríamos de 120 bilhões de dólares para tornar o mundo um lugar mais justo. Para, se não extinguir completamente, pelo menos tornar uma exceção o estado de fome de tantas populações pelo planeta afora. Mas nunca houve um esforço concentrado para isso, nunca os recursos foram suficientes...
Entretanto, “em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potencias, tiraram da cartola 2,2 trilhões de dólares – 700 bi nos EUA e 1,5 tri na Europa – para salvar da fome quem já estava de barriga cheia. Bancos e investidores”, conclui o nosso brilhante blogueiro, e eu sigo na carona.
Não vou nem entrar no mérito do quanto se gasta em guerras, projetos bélicos e produção de armamentos. Talvez também fosse suficiente para acabar com a fome, levar educação, saúde e expectativas para a vida de tantos seres humanos que sobrevivem em condições degradantes.
Mas o que predominantemente se vê pelo mundo são as populações mais pobres sustentando o luxo de seus dirigentes, submissas a todo o tipo de autoritarismo, mercê de interesses econômicos que valorizam o menor dos centavos, em detrimento de uma vida. Porque vidas não valem muito, nesse processo antropófagico, em que o ser humano vai sendo dividido em números, e classificado segundo sua utilidade.
Às vezes penso que seria melhor não ter lido Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), 1984 (George Orwell) nem Laranja Mecânica (Anthony Burgess). Gente que lê nesse país, está cada vez mais condenada à solidão. E eu, certamente, viveria mais inocentemente, e muito menos assustada!!!
Célia Borges

15 de janeiro de 2009

ALDEIA GLOBAL – O presidente que não lê e o elogio à ignorância

A apologia que o Presidente da República faz à sua própria ignorância seria ridícula, que alguém ainda se desse ao trabalho de achar alguma coisa nesse país ridícula, ou se a maioria da população tivesse discernimento para avaliar esse comportamento. Mas o caso é que não tem.
Há alguns poucos anos, ao abrir solenemente uma Bienal do Livro, nossa autoridade maior declarou que só havia lido um livro (ou seriam dois?) em toda a sua vida. E não disse isso encabulado, envergonhado, jurando que iria tentar se informar e aprender mais. Disse com indisfarsavel orgulho, como se estivesse se gabando da própria ignorância.
Tudo isso só confirma uma cena do folclore palaciano, que circula na internet há anos, segundo a qual numa reunião de ministros “sua excelência” teria dito a um deles que, “o que é que adianta ter tanto diploma? Eu não tenho nenhum, mas quem manda aqui sou eu”. Não sei se tal cena existiu, mas diante dos fatos, quem duvidaria disso?
O grande problema da ignorância, é que ela existe frequentemente associada à arrogância. Que lê, estuda, sabe das coisas, tem necessariamente a consciência de que ainda há muito o que aprender. O ignorante, que não tem a menor idéia do que pode aprender, esse acha que sabe tudo, que não precisa aprender nada.
Ao elogiar insistentemente a ignorância, e administrar o país dentro de conceitos que desvalorizam o conhecimento, nosso presidente está trafegando na contramão da história. Ele não tem noção, por exemplo, de porque os países do hemisfério norte integram aquilo que se convencionou chamar de “primeiro mundo”. Não tem idéia de que foi justamente através da educação de suas populações, da erradicação do analfabetismo, contando com uma força de trabalho cada vez mais qualificada, que chegaram à liderança do crescimento e do desenvolvimento.
Apesar das suas tantas viagens, o presidente não se deu ao trabalho de perceber que os outros países que disputam conosco a condição de “economias em expansão”, como a China, a Índia, a Coréia, estão baseando seu crescimento em maciços investimentos em educação, na multiplicação de escolas, universidades e centros de pesquisa, visando dar respaldo tecnológico ao desenvolvimento econômico pretendido.
No Brasil, entretanto, parece que a maioria acredita que estudar não é preciso. E o presidente da República está aí para provar e repetir insistentemente que ele não precisou estudar para chegar onde chegou. Então, por que é que o resto do povo precisaria? Além dele, alguns milhares de outros semi-analfabetos e iletrados ocupam cargos de comando, especialmente os oriundos do Poder Legislativo, onde a única competência que se exige atualmente é que seja “bom de voto” e ajude aos partidos a se perpetuarem no poder. Gente com educação, cultura, espírito crítico, tem restrito acesso, e os que se elegem, tem carreira curta na nossa rotina política.
A população segue o exemplo dos seus líderes. Já houve época em que os pobres, justamente para sair da linha de pobreza, se esmeravam na educação dos filhos. Hoje, há tantos apelos para ganhar dinheiro fácil, para se “fazer na vida” sem esforço, que a educação, e ainda menos, a boa educação, deixou de ser prioridade. Não é preciso mais ser professor, médico, engenheiro, economista, advogado. Quem ganha dinheiro mesmo são os jogadores de futebol, modelos, atores e atrizes... E tem também a carreira política, onde, se não se elege, sempre pode fundar uma ONG. Em último caso, ser selecionado para o próximo Big Brother, também promete um futuro radioso. Para uma minoria, é claro... mas a maioria nem quer saber desse detalhe.
Acho que foram os poetas e os artistas quem primeiro, como sempre, despertaram para essa condição. Como cantou Zé Ramalho, “Eiaô, vida de gado/povo marcado/povo feliz”. E é isso que se vê, como nunca antes nesse país, pelas ruas das cidades e estradas do campo. Cada vez mais gente que não pensa, que não quer pensar, que tem medo de pensar. O analfabetismo puro e simples está dando lugar ao analfabetismo funcional, que é o daquelas pessoas consideradas alfabetizadas para fins de escolaridade, mas que são incapazes de conceber o mais primário dos raciocinios, e ainda que isso interfira em suas próprias sobrevivências, como as questões de higiene pessoal e familiar, ou seus direitos como cidadãos.
Nunca antes na história desse país, como agora, o povo foi pago para não pensar. Basta ter bastantes filhos, que a comida chega à mesa. E o resto, Deus dará. Ou o presidente Lula... A dívida educacional e cultural que está sendo criada para com a população, por conta de tanta ignorância e estupidez, provavelmente nós não estaremos aqui tempo suficiente para avaliar.
Hoje, oferecer um livro para um adolescente ler, é recebido como uma ofensa. E talvez para a maioria dos adultos também. Ainda bem que ainda sobra uma boa parcela da população que gosta de ler, de estudar, de se informar. Mas se o elogio à ignorância continuar sendo feito com tanta persistência, não duvido que há de chegar o dia em que ainda vamos nos envergonhar de sermos estudiosos, cultos, leitores de livros. Já somos minoria, qualquer dia entraremos em extinção.
Célia Borges

11 de janeiro de 2009

PAISAGISMO E JARDINAGEM – Mudanças climáticas são um desafio para jardineiros e paisagistas




As mudanças climáticas que enfrentamos, a cada ano de forma mais acentuada, têm efeitos ainda não devidamente avaliados, sobre todas as formas de vida. Mas as plantas, como organismos dos mais sensíveis ao ambiente, podem ser as primeiras a reagir de formas inesperadas como resultado dessa influência, seja pelas mudanças em seus ciclos, seja pelo comprometimento da sua sobrevivência de, desde um exemplar, até uma espécie inteira.
As florações fora de época, antecipadas ou atrasadas, a incidência de certas pragas e o aparecimento de espécies invasoras que põem em risco aquilo que se cultiva, são alguns dos sintomas dessas mudanças climáticas, e que já estamos experimentando desde há alguns anos. Mais recentemente, longos períodos de estiagem, seguidos de longos períodos de chuvas torrenciais, como temos observado nas regiões sul e sudeste, também vêm afetando o comportamento das plantas, especialmente as espécies mais sensíveis, e com grandes exigências de adaptabilidade.
Se as grandes culturas contam com o trabalho de engenheiros agrônomos e outros profissionais, e dispõem de amplos recursos técnicos para enfrentar esse tipo de problema, os jardineiros e paisagistas amadores ficam, por assim dizer, entregues à própria sorte, diante de problemas novos e inesperados, com os quais não estão habituados a lidar.
Algumas mudanças são sutis e demoradas, como aquelas resultantes do aquecimento global, com o aumento da temperatura e o degelo das calotas polares. Outras podem ser percebidas, e afetam as nossas plantas de forma mais imediata, como é o caso do excesso de chuvas, que encharca o solo a ponto de, literalmente, afogar certas espécies que não suportem umidade tão intensa. Tão nociva quanto o excesso de água, pode ser a estiagem prolongada, que promove o ressecamento das raízes das mesmas árvores que a chuva torrencial e a ventania vão arrancar na próxima estação.
Afinal, tudo está interligado, e é preciso estarmos atentos à saúde das nossas plantas, tanto nas estações secas quanto nas chuvosas, provendo-as daquilo que falta, sendo regas mais constantes ou sistemas de drenagem... e valendo também algumas medidas compensatórias, como coberturas provisórias, mistura de areia e outros elementos que tornam a terra mais leve e drenável, e até a mudança das plantas de lugar, quando estão em vasos.
A grande complicação de toda essa situação é que ainda não existem soluções prontas. Tudo é novo, e a ciência não consegue evoluir com a mesma rapidez da ocorrência desses novos fenômenos, senão emitindo previsões que nem sempre correspondem ou se concretizam. Por isso é que, jardineiros e paisagistas, literalmente abandonados à própria sorte do ponto de vista climático, têm que fazer nos nossos dias, da sua sensibilidade e observação a rota do seu trabalho.
Alguns conceitos, entretanto, podem ser sempre levados em consideração, tanto para amadores quanto para profissionais: 1) Quanto maior a cobertura vegetal de uma área, menores as chances de enchente, já que a absorção da água da chuva pelo solo é tão melhor quanto mais vegetais houver na área, sendo que as grandes árvores são ainda o melhor “filtro” de chuva para qualquer local, mas pelo menos um gramado já cumpre bem essa finalidade; 2) Sistemas de drenagem e irrigação são cada vez mais indispensáveis, se o objetivo é evitar que a seca ou o alagamento venham a comprometer sua paisagem. Existem sistemas desde os mais simples aos mais sofisticados, e investir neles pode ser uma boa garantia contra dores de cabeça no futuro; 3) Mesmo que isso signifique uma reforma no seu jardim, é importante prover as espécies de sua preferência dentro das novas exigências climáticas, respeitando as necessidades de mais ou menos umidade, de mais ou menos luz e calor, e estando atentos à forma como elas reagem à essas novas circunstâncias.
Não poder contar com a ajuda de manuais para resolver nossos problemas com as plantas, tem suas desvantagens e vantagens. As primeiras são óbvias. As segundas, são aquelas que nos desafiam a observar, avaliar, julgar e agir por nós mesmos. Vai dar um pouco mais de trabalho, mas os resultados podem ser muito interessantes.
Célia Borges

IMAGENS DE ITATIAIA – O novo prefeito vai ter muito trabalho para “por a casa em ordem”

Ano Novo, Prefeito Novo!!! É boa a hora para a população do município renovar suas esperanças de que alguma coisa vai mudar. E as expectativas são animadoras. A cerimônia de abertura do ano administrativo, no dia 5 de janeiro, na sede da Prefeitura Municipal, foi uma boa oportunidade de demonstrar que se inaugura uma nova fase. Até, pelo simples fato de haver uma cerimônia.
A marca da nova administração pode ser sentida nos mínimos detalhes, até pelo fato da programação ter sido cumprida pontualmente. De ter obedecido fielmente as regras do cerimonial. E de reunir, e apresentar ao público presente, a equipe de governo. Além de proporcionar momentos de grande civismo e emoção. Afinal, temos uma autoridade atenta à “liturgia” do cargo, demonstrando respeito por seu próprio papel, como também pelos funcionários e pela população.
Melhor que isso é saber que temos um prefeito que chega ao trabalho ao mesmo tempo, ou até antes, do que maioria dos funcionários. A primeira semana do prefeito Luis Carlos foi exemplar, não apenas pelo número de horas, mas também pelo intenso ritmo de trabalho. Se a equipe corresponder, se o funcionalismo se adaptar, e se a população colaborar, temos tudo para ter uma administração à altura das potencialidades do município.
Sim, porque é bom termos consciência de que, sozinho, o prefeito, por melhor que seja, não vai conseguir realizar muita coisa. O sucesso do atual governo municipal será tão grande, quanto melhores forem os desempenhos dos seus diversos setores, e tanto quanto puderem atuar harmonicamente, colaborando entre si, e jamais comprometendo o conjunto.
Mas à população também cabe fazer a sua parte. O cidadão deve ter consciência dos seus direitos, e lutar por eles, mas não pode deixar de ter consciência também dos seus deveres, e agir de acordo com eles em benefício da comunidade. E me ocorre destacar essa condição, como resultado daquilo que venho observando nas minhas caminhadas diárias pelas ruas do Penedo, de como muitos moradores se aproveitam da desorganização do poder público para usar ruas e praças como lixeiras.
Nas postagens anteriores sobre o assunto, critiquei o desmazelo e a sujeira nessas mesmas ruas e praças. Apesar de me contestar, pude observar que a administração anterior até andou recolhendo uma parte desse lixo. Mas, para minha surpresa, em poucos dias, os mesmos locais estavam novamente atulhados do chamado “lixo verde”, revelando que existe o hábito de transgredir, talvez até mesmo por falta de uma opção legítima para descarregar esses resíduos.
Enfim, é um problema. E exige solução. E essa solução pode ser negociada, entre o poder público e o cidadão. Em primeiro lugar, a prefeitura precisa fiscalizar e multar quem usa as ruas como lixeira. E principalmente quem descarrega entulho de obras, o que é bem mais fácil, porque geralmente a obra está próxima. Existem serviços apropriados para o recolhimento do entulho, inclusive com o aluguel da caçamba. É inadmissível que o cidadão se faça de desentendido e comprometa toda a vizinhança.
A questão do lixo verde, entretanto, é um pouco mais complicada, pois esse lixo é produzido por quase a totalidade das residências e hotéis, num tal volume que frequentemente se torna impossível absorve-lo. Seria o caso de, através das associações de moradores, se propor locais pré-determinados para que ele possa depositado e depois recolhido, ou uma rotina de recolhimento do lixo verde, que possa atender às necessidades da comunidade. Estudar formas de reciclar esse lixo também seria uma boa notícia...
Já foi bastante animador encontrar, nessa primeira semana útil do ano, funcionários da prefeitura capinando e aparando grama em largos e calçadas do Penedo. Agora é preciso por a cabeça pra funcionar, e mãos à obra, no sentido de que nós, cidadãos, precisamos e podemos fazer a nossa parte, ainda que seja dar opiniões e sugestões para que a administração pública possa fazer melhor a parte dela.
O prefeito Luis Carlos vai ter muito trabalho para “por a casa em ordem”, nesses primeiros meses, e por tudo o que mostrou nesses primeiros dias, merece nosso crédito de confiança. Se seu exemplo for seguido pelos secretários municipais, e funcionários de todos os níveis, em breve poderemos ver a diferença que faz uma administração presente, ao contrário de tantas outras administrações ausentes que passaram pelo município. Ao cidadão, resta fazer a sua parte e torcer...
Célia Borges

1 de janeiro de 2009

REVEILLON DA VITÓRIA - C.C. Casa da Lua





Mais fotos do Reveillon da Vitória!!!!!

REVEILLON DA VITÓRIA - C.C. Casa da Lua






O "Reveillon" da Vitória, no Clube Campestre Casa da Lua, em Resende, reuniu na passagem do ano algumas centenas de pessoas participantes e envolvidas na recente campanha eleitoral que elegeu como prefeito o Dr. Rechuan. A festa foi animada, mas as autoridades sairam cedo, tendo em vista a cerimônia de posse, nesse primeiro dia do ano de 2009. Seguem algumas fotos do evento: