12 de maio de 2008

PAISAGISMO E JARDINAGEM XII – Penduradas nas janelas, as melhores para jardineiras


A maioria das espécies floridas de pequeno porte pode ser usadas em jardineiras, arranjos decorativos ou vasos presos a paredes externas, desde que se respeite as exigências de cada uma delas com relação à quantidade de sol, umidade e ventos, por exemplo. Nessa escolha reside a principal dificuldade, já que encontrar espécies capazes de resistir ao excesso de todos esses itens, é um problema bem mais complicado.

A escolha de espécies que têm essas características é uma boa providência quando se pensa em plantar jardineiras, ou até mesmo colocar vasos em parapeitos (de preferência protegidos por grades, é claro!!!). O sol intenso associado a vento constante compromete a umidade, criando um ciclo do que poderiam chamar “condições adversas” para a maioria das plantas. Por isso, quando mais resistente a planta, maiores as possibilidades de sucesso.

Há algumas espécies, especialmente entre as nativas do país, de grande beleza mas também de fácil cultivo, inclusive algumas daquelas que se reproduzem “feito mato”, respondendo de forma exuberante diante de um mínimo de cuidados. Apesar disso, podem oferecer excelentes efeitos decorativos, nas mais variadas cores de flores.

Entre essas plantas extremamente resistentes, destaca-se a Azulzinha (Evolvulus glomeratus), que se adapta aos mais variados tipos de usos, desde bordaduras a maciços, de vasos de todos os tamanhos a jardineiras. As flores azuis e muito miudinhas podem variar de tom dependendo do local, mas nascem invariavelmente em grande quantidade, em contraste com a densa folhagem verde escura.

Da mesma família, a Gota de Orvalho (Evolvulus pusillus), se destaca da anterior por apresentar pequenas flores brancas, que se abrem na parte da manhã. Ambas respondem bem ao sol pleno e resistem aos ventos, sendo que a primeira prefere solo rico em matéria orgânica e segundo, solo arenoso. Ambas preferem boa umidade, por isso, evite deixar a terra completamente seca.Típicas de clima tropical, se adaptam bem o subtropical, só não suportando geadas.

Outra campeã de sobrevivência é a família das ruélias, principalmente a Pingo de Sangue (Ruellia brevifolia), não raramente encontrada em estado selvagem. As flores de vermelho intenso, em formato tubular, dão toque alegre ao locais onde são plantadas. Usada frequentemente em maciços, nas jardineiras e vasos exige podas freqüentes, pois deixada por conta própria, pode chegar à mais de um metro da altura. Fora isso, é de fácil reprodução e exige muito poucos cuidados.

Existem ainda a Ruélia Vermelha (Ruellia elegans), com flores vermelhas um pouco mais elaboradas, e as pétalas tubulares separadas, sendo muito atraente para os beija-flores; e a Planta Veludo (Ruellia makoyana), que tem flores de verde intenso alongadas e com um fio branco no centro, e flores tendendo para o rosa arroxeado. Como a primeira, são prioritariamente usadas em maciços, oferecendo boas soluções também em jardineiras e vasos.

Mas as rainhas das flores selvagens adaptadas para a jardineira são as da família da Maria Sem Vergonha, gênero Impatiens. Originárias de outros de outros países tropicais, mas perfeitamente adaptadas ao nosso clima, e proporcionam efeitos visuais, tanto em estado primitivo quanto cultivadas, os mais deslumbrantes. As flores variam desde o branco até os vermelhos mais intensos, passando por variadas nuances de cor de rosa, incluindo as raiadas. De flores simples ou dobradas, folhagens mais ou menos densas, elas são sempre uma verdadeira festa para os olhos, e um desafio à criatividade do jardineiro ou jardineira.

A Maria Sem Vergonha (Impatiens walleriana) é a mais popular e conhecida, e a mais fácil de ser encontrada no meio das matas e na beira das estradas. Considerada uma planta invasora, ela pode crescer e se multiplicar indefinidamente, se encontrar um local apropriado, geralmente úmido e em meia sombra. Mas sua extraordinária capacidade de adaptação faz com que possa ser cultivada em lugares os mais variados. Mesmo preferindo meia sombra e o máximo de umidade, ela é capaz de resistir, por exemplo, ao sol intenso do fim da tarde, desde que uma parte do tempo receba os benefícios de um clima mais ameno e sombreado.

Apropriada a maciços e bordaduras, mas perfeitamente cultivável em jardineiras e vasos, as Impatiens têm também as variedades Impatiens balsamina ou Beijo de frade, planta anual e de flores arroxeadas; a Impatiens hawkeri hubrid ou Beijo de frade; a Impatiens walleriana Rosette, igual à primeira, apenas com folhas dobradas; e a Impatiens walleriana var. nana, que é uma espécie de miniatura, também do primeiro tipo. Existe também uma grande variedade de hibridas nas lojas especializadas, porque essa planta é facilmente sujeita a cruzamentos de espécies.

O cultivo em jardineiras é relativamente fácil, mas é preciso tomar alguns cuidados: nos casos de jardineiras embutidas, de cimento, ou de madeira, é indicado forrar o fundo com “manta bidim”, produto fácil de ser encontrado, e que vai impedir que a infiltração das regas danifique o material do fundo. Devido à quantidade pequena do espaço para armazenar nutrientes, por mais resistentes, as plantas devem ser regadas com adubos apropriados, pelo menos a cada três meses. E pelo menos uma vez por ano, é adequado refazer o local, retirando o excesso de raízes, multiplicando as mudas por touceiras e assim permitindo mais espaço para que possam respirar e florir.

Célia Borges

SAÚDE – A jabuticaba é um achado para a saúde


Até bem pouco tempo, ninguém nem desconfiava. Parodiando o ditado, fruta de casa não faz milagre. Ou não fazia... até que a química Daniela Brotto Terci, da Universidade Estadual de Campinas, pesquisando em seu laboratório sobre novas fontes naturais de pigmentos capazes de substituir os corantes artificiais usados na indústria de alimentos, decidiu fazer experiências com a jabuticaba, devido a cor intensa de sua casca. Os resultados foram surpreendentes, revelando essa frutinha 100% brasileira como importante e inesperada aliada na saúde.

A pesquisadora reconhece que os estudos sobre a jabuticaba são escassos. Daí sua surpresa com a revelação de que a cor arroxeada da fruta é devida a uma grande concentração de antocianinas, a mesma substância presente nas uvas escuras, e consequentemente, no vinho tinto, e apontada como benfeitora das artérias. Num conjunto de frutas analisadas, ela concluiu que a quantidade de antocianinas por miligrama é de 314 para a jabuticaba, contra 290 da amora e 227 da uva.

Além da utilidade na fabricação de corantes, a análise da jabuticaba resultou em relevantes descobertas do ponto de vista da medicina: ela atua como antioxidante, ajudando a varrer as moléculas de radicais livres, efeito que é considerado eficiente na prevenção de tumores e problemas cardíacos. Estudos recentes apontam também os antioxidantes como auxiliares para estabilizar o açúcar no sangue dos diabéticos.

Além das antocianinas, foram detectados na composição de cada 100 gramas, ou um copo de jabuticaba os seguintes elementos: calorias = 51; vitamina C = 12 mg; niacina = 2.50 mg; ferro = 1,90 mg; fósforo = 14 g. A maior quantidade de antocianina está na casca, mas os demais nutrientes encontram-se na polpa. E tanto na casca quanto na polpa foi identificada também a presença de altos teores de pectina, fibra muito indicada para combater níveis altos de colesterol.

Como muitas outras frutas, a maior riqueza do ponto de vista da nutrição encontra-se na casca, à qual pode-se dar inúmeros aproveitamentos. A geléia, por exemplo, que é um dos mais famosos subprodutos da jabuticaba, com a vantagem de que as altas temperaturas não degradam as substancias benéficas para a saúde. O licor de jabuticaba também é muito apreciado, preservando valor e sabor. Muito interessante é também o “vinho” de jabuticaba, um fermentado que passa um ano em barris de carvalho, e que, de tão apreciado, já está inclusive sendo exportado.

Já os sucos, embora bastante saudáveis e indicados, são um pouco mais complicados: “Misturar jabuticaba com abacaxi dá uma bebida azulada”, comenta a nutricionista Solange Brazaca, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba-SP. Segundo ela, gotas de limão tornam o suco avermelhado. E recomenda que deve ser ingerido imediatamente após batido, pois sofre alterações de cor e sabor.

Outro cuidado que os cientistas indicam é que a fruta é muito delicada, e se modifica assim que arrancada da árvore, o que recomenda muito o seu consumo “no pé”. Como tem muito açúcar, a fermentação começa no mesmo dia da colheita. Por isso, a recomendação para maior conservação é embalada em saco plástico e mantida dentro da geladeira.

Muito popular, nativa e encontrada no Brasil inteiro, do Pará ao Rio Grande do Sul, a jabuticabeira é extremamente fácil de se cultivar. É também uma árvore bonita e atrai muitos passarinhos. Seu porte pode chegar até 9 metros de altura. A palavra jabuticaba vem do tupi, e quer dizer “fruto em botão”.

Célia Borges