17 de fevereiro de 2011

ALDEIA GLOBAL – O adeus a Isabella Cerqueira, a atriz que escolheu a montanha



Atriz de cinema, televisão e teatro, Isabella Cerqueira – falecida no dia 1º de fevereiro passado, no Rio de Janeiro - inscreveu-se na história cultural da região, por ter criado e mantido, juntamente com o marido, o cineasta Carlos Frederico, o Teatro da Montanha, que por mais de 20 anos foi palco dos mais variados eventos artísticos produzidos e exibidos em Visconde de Mauá. Baiana de Novo Mundo, nascida em 1938, aos 15 anos mudou-se para o Rio, onde estudou teatro e dança, tendo trabalhado como comissária de bordo, e depois como modelo, em Paris, tendo desfilado para a Maison Dior em 1960.
Isabella estreou como atriz dois anos depois, na peça A Prima Dona, e no cinema, no mesmo ano, no filme Os Apavorados, última chanchada da Atlântida. Em seguida fez Cinco Vezes Favela, da Cacá Diegues, um marco do Cinema Novo. Em 1968 chega ao auge da carreira, estrelando Capitu, filme de Paulo César Sarraceni, que foi seu marido. Na televisão, foi destaque em novelas como Passos dos Ventos, de 1968, e A Cabana do Pai Tomáz, em 1971, além do seriado O Sítio do Picapau Amarelo, em 1978.
No teatro, trabalhou nas peças Dura Lex sex Lex, no cabelo só Gumex, de 1965, Viver é Muito Perigoso, de 1968, Quinze Anos depois, de 1985, Amar se aprende amando, de 1987, e Cora Coralina, de 1989. Sua filmografia é mais extensa: Cinco Vezes Favela, 1962, de Marcos Farias; Os Apavorados, 1962, Ismar Porto; O Desafio, 1965, de Paulo Cesar Sarraceni; Proezas de Satanás na Vila do Leva e Traz, 1967, Paulo Gil Soares; Capitu, 1968, Paulo Cesar Sarraceni; Pedro Diabo Ama Rosa Meia-Noite, 1969, Miguel Faria Jr.; O Bravo Guerreira, 1969, Gustavo Dahl; A Cama ao Alcance de Todos, 1969, Daniel Filho e Alberto Salvá; Barão Olavo, o Horrivel, 1970, Júlio Bressane; Lúcia McCartney, Uma Garota de Programa, 1971, David Neves; A Possuida dos Mil Demônios, 1971, Carlos Frederico; As Quatro Chaves Mágicas, 1971, Alberto Salvá; A Lira do Delírio, 1978, Walter Lima Jr.; Lerfa Mu, 1979, Carlos Frederico; Parceiros de Aventura, 1980, José Medeiros e O Mundo aos seus Pés, 1987, curta de Carlos Frederico. Seu último trabalho foi uma participação especial em Brasília 18°, de Nelson Pereira dos Santos, em 2006. No ano seguinte ela deu depoimento no documentário Panair do Brasil, de Marco Altberg.
Em 1970 ela casou-se com o cineasta Carlos Frederico, e no ano seguinte radicaram-se em Visconde de Mauá, onde fundaram o Teatro da Montanha, palco onde apresentaram inúmeros de seus trabalhos, mas que também sempre foi aberto aos demais artistas e animadores culturais, com todo o tipo de espetáculo e evento, de circo ao lançamento de livros. Com o falecimento do marido e companheiro de arte, em meados da década de 90, Isabella ainda manteve o teatro por algum tempo, mas vendeu o local e mudou-se para o Rio. Na semana anterior ao seu falecimento, Isabella Cerqueira fez uma última visita aos amigos de Visconde de Mauá, nos quais deixará saudades.
Célia Borges

Um comentário:

Mauricio Rosa disse...

Grande figura, deixou suas marcas na cultura da montanha e muitas saudades. Merece todas as homenagens.