20 de abril de 2008

ITATIAIA HISTÓRICA – A história do turismo em Itatiaia (primeira parte)


O clima ameno e a natureza exuberante, juntamente com uma localização estratégica – às margens da Via Dutra, entre os dois principais centros urbanos do país, Rio de Janeiro e São Paulo – fazem do município de Itatiaia um local privilegiado para o turismo. Essa vocação já vinha se revelando desde o final do século XIX, com o aparecimento dos primeiros hotéis-fazenda da região, sendo que o mais antigo é o Villa Forte, em Engenheiro Passos, fundado em 1893.

O clima, frequentemente denominado alpino, em referência aos Alpes, cadeia de montanhas da Europa, exerceu grande atração desde àquela época, sendo considerado extremamente saudável, e inclusive indicado para recuperação de pessoas convalescentes e debilitadas.

A existência de algumas belas sedes de fazenda, remanescentes da prosperidade do ciclo do café, e após o declínio verificado em conseqüência da abolição da escravatura em 1888, e do esgotamento das terras, transformou este tipo de hotelaria em interessante opção de atividade econômica e recurso para a manutenção dessas propriedades.

O Hotel Fazenda da Serra, que foi propriedade de Tito Lívio, cuja esposa, D. Benedita, era conhecida como a “rainha do café”, e o Hotel Fazenda Santa Mônica, são alguns dos exemplos de antigas sedes de fazenda transformadas em hotéis, além de outros como o Hotel do Morrinho, que funcionou na Fazenda Belos Prados, mas que posteriormente mudaram de atividade ou foram desativados.

No início do século XX a reputação de Itatiaia como local turístico continuou crescendo, enquanto surgiam inúmeras pensões, tanto na área da reserva florestal, onde hoje se encontra o Parque Nacional do Itatiaia, quanto na região de Visconde de Mauá. A maioria desses locais de hospedagem eram mantidos por estrangeiros, que começaram a se estabelecer na região à partir de 1890, atraídos pelo clima alpino onde era mais fácil se adaptarem pela semelhança ao clima de seus paises de origem, e também para os que foram trazidos para a formação dos “núcleos coloniais” de Itatiaia e Mauá, à partir de 1908. Alemães, suíços, italianos, espanhóis e famílias de outras nacionalidades contribuíram para dar ao cenário um ar ainda mais europeu, além de emprestar-lhe pitoresca diversidade cultural.

À partir da década de 20 a hotelaria começou a se diversificar para além dos hotéis-fazenda e das pensões, com o aparecimento de hotéis, hospedarias e pousadas, sendo que desde então se multiplicaram, alguns tendo vida longa, e muitos outros, duração efêmera. Na área do Parque Nacional, que só seria criado em 1937, surgiam os hotéis Donati e Simon.

No centro de Itatiaia vão aparecer o Hotel Tyll, o Jahu e o Central. Em Mauá, as famílias Buhler e Büttner também iniciavam seus negócios no setor. No final dos anos 20 os finlandeses chegam à Penedo, dando início a uma colonização que, alguns anos mais tarde, iria fechar este círculo, pois também lá, como opção econômica a um projeto agrícola que não foi bem sucedido, a hotelaria e o turismo foram as atividades que predominaram.

A fama de Itatiaia como um verdadeiro paraíso para o turismo, desde então, não parou de crescer, e fora o período da II Guerra Mundial, quando muitos colonos foram presos e perseguidos, como foi o caso de Josef Simon, fundador do Hotel Simon, o crescimento da hotelaria foi indiscutível.

A criação do Parque Nacional do Itatiaia, e sua imagem como um dos últimos remanescentes da mata nativa da Serra da Mantiqueira – com a riqueza e exuberância de suas fauna e flora – vieram criar uma circunstância decisiva para que o município se transformasse em um dos mais importantes centros turísticos do Estado do Rio de Janeiro, o que pode ser fácilmente confirmado pela existência de mais de uma centena de estabelecimentos de hospedagem, dos mais variados tipos (além de inúmeros restaurantes e lojas de artesanato), para atender a todos os gostos e exigências.

Célia Borges

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