18 de abril de 2008

ITATIAIA HISTÓRICA – Parque Nacional: um guia para o turista


Uma das principais atrações turísticas do Parque Nacional do Itatiaia, infelizmente, perdeu-se há pouco tempo: o Museu da Fauna e da Flora, que se situava em prédio de curiosa arquitetura, com três pavilhões em forma de U, construído em 1942, e que começou a ser desativado há cerca de dois anos. Seu acervo, que foi dividido entre várias instituições, como o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a Fundação Osvaldo Cruz, era constituído por material para exposições e coleções para estudo, possuindo 2.328 espécies de plantas, 186 frutos, 400 tipos de animais (répteis, aves e mamíferos) e 2.354 artrópodes (insetos e aracnídeos), todos esses para exposição.

A coleção destinada a estudos dispunha de 1.108 animais preparados e cerca de 11.200 artrópodes, que atraiam cientistas e estudantes do mundo inteiro. Todo esse material, segundo promessa dos atuais administradores, deverá ser transformado em material gráfico e áudio-visual, para garantir as finalidades de pesquisa, o que ainda está em fase de projeto. Restou pelo menos um interessante relógio de sol, situado ao lado da sede do parque, construído na Inglaterra em 1925, e um dos poucos do país que ainda funciona regulado pelas estações do ano e pela incidência da luz solar sobre seu mecanismo.

Mas se o trabalho do homem tem sido provisório, o mesmo não se pode dizer da natureza, que garante muitos outros atrativos, como as cachoeiras que vão se formando pelo leito do rio Campo Belo, desde a fronteira com Minas Gerais, no alto da Serra da Mantiqueira, e atravessando todo o parque. São cachoeiras dos mais variados tipos, sendo a mais conhecida o Véu da Noiva, formada por uma queda abrupta de mais de 30 metros de altura, cujo efeito visual é o de um grande véu branco. A água respinga em torno, criando um ambiente úmido, propício à exuberante flora da qual é cercada.

Igualmente bela é a cachoeira Itaporani, com três quedas d’água e uma piscina natural de 10 metros de diâmetro. Ela é cercada por mata ainda primitiva, onde ipês amarelos e rosa, além de gramíneas floridas, entre outras espécies, atraem borboletas das mais variadas cores.

Outras cachoeiras são a Poranga – 10 metros de queda e uma piscina natural de 30 metros de diâmetro e 10 de profundidade; Piturendaba e Pitu de Baixo – duas quedas em seqüência, com três metros de altura e respectivamente 20 e 30 metros de diâmetro; Cascata e Lago da Maromba – cinco metros de queda em dois níveis, cercadas de um lago oval, com abundante vegetação; o Lago Azul, atravessado por uma ponte, da qual pode-se observar uma seqüência de pequenas cachoeiras e piscinas naturais, muito procuradas para mergulho.

Dentro do parque, mas no vale do rio Bonito, que desce a serra paralelamente ao Campo Belo, também encontram-se recantos interessantes, como a Cachoeira do Rio Bonito, com queda de seis metros, uma piscina natural e vegetação luxuriante. Na Serra do Palmital é possível visitar a base dos três morros conhecidos como Três Picos, que vistos pelo lado do Penedo levam o nome de Pedra da Índia, por lembrar o perfil de uma mulher deitada.

O PICO E A RODOVIA DAS FLORES – Para chegar ao Pico das Agulhas Negras, assim como às áreas mais altas do parque, é preciso ir até Engenheiro Passos, e aí entrando à direita na BR-354, Rio-Caxambu, segundo 26 km até a Garganta do Registro, limite entre o Rio e Minas, entra-se novamente à direita para a Rodovia das Flores, considerada uma das mais altas do país, com altitudes superiores a 2.200 metros.

Depois de mais 14 km, chega-se à guarita do parque, que á acesso ao planalto superior do Maciço do Itatiaia. Impressionante, é o mínimo que se pode dizer da paisagem, tendo as Agulhas Negras à esquerda e as Prateleiras estendendo-se à direita. Mais dois quilômetros e chega-se ao Abrigo Rebouças, situado à 2.350 metros, e que serve como ponto de referência para turistas e pesquisadores.

O Abrigo Rebouças é constituído por três construções de pedra, sendo dois dormitórios (masculino e feminino) com capacidade para 24 pessoas, e a terceira para banheiros e tanques. Menos de um quilometro adiante encontra-se a Cachoeira das Flores – três quedas d’água com cerca de 8 metros de altura e espelho d’água de 60 metros quadrados. Seu acesso é difícil, pois o rio passa, nesse ponto, a 100 metros baixo da estrada. Ainda nas proximidades do abrigo pode-se visitar a nascente do Campo Belo, que fica à esquerda, após percorrer-se uma trilha de um km rio acima. Ele nasce junto a uma grande formação rochosa, como um pequeno fio d’água, que chega a congelar no inverno. Seu volume vai aumentando à medida que vai recebendo seus afluentes, até ficar mais caudaloso na área mais baixa do parque.

Seguindo-se à direita, chega-se à Serra das Prateleiras, uma seqüência de formações rochosas cujo ponto mais alto é a Pedra do Gigante. Outras formações recebem nomes curiosos, como a Pedra da Tartaruga, a Pedra da Maçã e a Pedra Sentada (que lembra duas pernas sentadas numa cadeira). E coroando a paisagem do parque, à esquerda do abrigo, encontra-se o Pico das Agulhas Negras. Ele é o ponto culminante do estado do Rio de Janeiro, a 2.787 metros acima do nível do mar, e o sétimo do país.

O Parque Nacional do Itatiaia, embora seja federal, e portanto fora da área de jurisdição do município, dá sua relevante contribuição à economia de Itatiaia, não só pelos inúmeros estabelecimentos comerciais que se localizam em sua área geográfica e adjacências – como hotéis, pousadas, restaurantes e lojinhas de artesanato – como por ser seu principal ponto de atração turística.

Célia Borges

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