O dia 5 de junho é aquele em que se comemora o Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente. Comemora-se é o modo de dizer. Não é exatamente um dia para comemorar, mas uma oportunidade para se meditar, avaliar e tomar posição quanto à novas posturas diante da questão ambiental. É um bom momento para decidir se vamos continuar agindo de forma inconsciente, e “empurrando com a barriga” os problemas, ou se já é boa hora de passar da teoria à prática, e de começarmos a agir de acordo com a responsabilidade que o meio ambiente requer.
Já houve um tempo que em achávamos que podíamos responsabilizar os outros, fossem autoridades municipais, estaduais ou federais, ou até mesmo os nossos próprios vizinhos, pela poluição que nos assola em todos os níveis. Mas o desenvolvimento de uma “cultura ambiental” nas últimas décadas, contribuiu para nos mostrar que a poluição, ou melhor dizendo, o controle da poluição, é responsabilidade de todos, e de cada um de nós. Não nos cabe apenas agir individualmente, mas discutir, argumentar, propor novas soluções e técnicas para enfrentar a questão no dia a dia.
O aquecimento global, o degelo das calotas polares, as mudanças climáticas, as enchentes e ocorrências de fenômenos inéditos em várias partes do mundo, tudo o que antes parecia ser apenas o noticiário de situações distantes, hoje começa a bater em nossas próprias portas. A falta de água potável e de alimentos são expectativas que não podemos mais desprezar, deixando a responsabilidade para “os outros”. Porque nós fazemos parte desses “outros”, seja pelo nosso comportamento, seja por nossa opinião.
Do ponto de vista da opinião, podemos manifesta-la das mais variadas formas possíveis, seja aderindo e fazendo parte de entidades que as compartilham conosco, filiando-nos a um partido político que apresente projetos de acordo com nossas idéias, ou votando em candidatos que apresentem plataformas que nos agradem nesse sentido. Associações de moradores, entidades de classe, grupos de amigos, a cada um desses podemos levar o debate, discutir e sensibilizar para um assunto que, afinal, não vai nos trazer nem um centavo de lucro pessoal, mas pode representar um valor acima de qualquer medida.
Mas a principal mudança precisa ocorrer no nosso próprio comportamento, nos menores gestos e nos mínimos detalhes. Conscientes do custo e da dificuldade de se obter água potável à longo prazo, por exemplo, é indispensável que aprendamos a economiza-la e a ensinar aos demais a fazer o mesmo. A mudança de pequenos hábitos, como a forma de lavar a louça, o tempo gasto no banho e o uso de produtos biodegradáveis são pequenas medidas que, se tomadas por muitos, podem levar à grandes resultados.
Economizar energia elétrica é assunto que já deveríamos dominar, desde a época dos apagões, e é sempre bom manter aquela experiência em mente, controlando o consumo tão rigorosamente quanto possível. Nos dias de hoje, a carência da vez diz respeito aos alimentos, então é importante começarmos a aprender a economizar também nesse setor, comprando o necessário e evitando o desperdício. A cultura do reaproveitamento pode trazer surpresas muito agradáveis, não apenas do ponto de vista da economia doméstica, mas também no da criatividade. Há sites na internet e outras fontes, como livros e revistas, com excelentes dicas sobre isso.
A reciclagem passou a ser assunto importante para quem cultiva uma consciência ambiental, e ela pode estar presente na opção de compra de cada pessoa, em relação à uma multiplicidade de produtos. Apoiar iniciativas baseadas no princípio da reciclagem é uma maneira, ainda que indireta, de contribuir para o equilíbrio ecológico. Na outra ponta do processo, encaminhar detritos com grande potencial de poluição para finalidades adequadas, evitando com eles comprometer o ambiente, é atitude ativa de grande importância. Pilhas gastas, latas de alumínio, óleo de cozinha usado, garrafas PET, embalagens de plástico e de vidro, hoje há uma infinidade de produtos que já contam com endereços de coleta, que se pode pesquisar na internet ou nos órgãos competentes de cada cidade.
A consciência da necessidade de economizar, e a perspectiva da reciclagem como forma de evitar o desperdício e ao mesmo tempo proteger a natureza, são atitudes culturais, que precisam ser criadas, alimentadas e cultivadas. Elas podem se manifestar como arte, como artesanato, como solução econômica, como projetos científicos, e uma infinidade de outras potencialidades.
Os problemas ambientais existem, e não há como evita-los. Mas encontrar as soluções adequadas, é coisa que depende de cada um de nós.
Célia Borges
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