21 de agosto de 2009

JUAN LLERENA - UM CASO DE GENEROSIDADE, UM CASO DE GRATIDÃO



As pessoas que lidam com cultura sabem quanto é difícil obter ajuda para os seus projetos. A cultura é uma área que gera uma infinita riqueza subjetiva, mas geralmente, um limitado retorno financeiro. E também não se caracteriza por render votos.
As dificuldades são ainda maiores quando a atividade cultural tem objetivos sociais e comunitários: mesmo quando os recursos necessários são de pequenos valores, não é fácil encontrar gente sensível e disposta a ajudar.
Por isso, venho destinar esse espaço a uma dupla homenagem: a Juan Llerena, pela sua generosidade, e à Marcia Patrocínio, pela gratidão contida na carta que transcrevo abaixo, sendo a gratidão também matéria rara nos nossos dias.
Por mais dificil que seja o mundo em que vivemos, com tanta violência e ignorância, com tanta ambição, ganância e covardia, e talvez por isso mesmo, é preciso dar espaço aos bons sentimentos e exemplos. A carta de Márcia Patrocínio, em sua simplicidade, nos revela um desses casos de generosidade, e também de gratidão, e resgata na nossa esperança no ser humano.
Prezados Amigos,
Infelizmente venho dar uma triste notícia. Hoje, logo pela manhã fui informada do falecimento do SR. Juan Llerena. Recebi essa mensagem com muita tristeza no coração.
Conheci o SR. Juan em abril de 2004, e no mesmo dia, ainda sem me conhecer, ele me deu um cheque de R$ 200,00 (para comprar 10 flautas doces) e a chave da porta de uma sala na simpática Aldeia dos Imigrantes (Vila de Mauá). Naquela semana, o Centro Cultural foi criado por mim. Nos tornamos grandes amigos, e com a total confiança dele fui tocando esse trabalho, que todos vocês já conhecem.
Pude acompanhar de perto toda a dedicação do Juan na criação da Banda, no apoio ao Centro Cultural, nos incentivos sociais comunitários, enfim uma infinidade de benefícios para toda a região de Visconde de Mauá, com a criação da Associação Pró-Bem-Viver.
Ele nos deixa o EXEMPLO de como podemos tornar o mundo melhor, e ajudar ao próximo sem querer nada em troca.
O movimento social-comunitário-artístico-musical-cultural da região de Visconde de Mauá perde o seu maior aliado.
Vai em paz meu AMIGO QUERIDO, com a certeza de que a semente plantada por você, e que já frutifica, continuará viva!
Um abraço afetuoso para meus amigos e para toda a família Llerena!
Márcia Patrocínio
Centro Cultural Visconde de Mauá - 5 anos de arte, cultura e educação para todos!
Célia Borges

15 de agosto de 2009

ALDEIA GLOBAL – O “caso Sarney” e o complexo de superioridade das nossas autoridades


Os recentes episódios da nossa história política, nos quais a imprensa cumpriu o seu papel, expondo as vísceras do Senado Federal, tiveram a importância de nos revelar, clara e cabalmente, que os políticos em particular, mas também as demais as autoridades brasileiras em geral, sofrem de um inexplicável e injustificável “complexo de superioridade”, que as mergulha numa estranha ilusão – logo que assumem o poder – de que são pessoas especiais, e portanto, muito melhores do que as demais, quer dizer, nosostros, cidadãos que não estamos no poder.
Eu, pessoalmente, quero declarar que não compactuo com isso. Vivemos numa democracia, e segundo meu conceito, todos somos iguais perante a lei. Pessoas eleitas para cumprirem mandatos, dispõem apenas dos poderes transitórios inerentes aos seus cargos, e também das grandes responsabilidades que esses cargos determinam. Autoridades de todos os três poderes são apenas “representantes” do povo, remuneradas pelo pagamento de impostos, e não os déspotas cercados de privilégios, que é como se vê se comportarem atualmente as nossas lideranças, comprometendo o respeito que deveriam merecer as instituições que representam. Como crianças gulosas, essas “autoridades” não hesitam em se lambuzar nos privilégios e no enriquecimento fácil, esquecendo-se do tão relevante papel que poderiam estar representando na construção de um país muito melhor.
O “caso Sarney”, assunto das manchetes dos grandes jornais nas últimas semanas, precisa ser estudado, além dos seus aspectos políticos, aos níveis da sociologia e da psicologia. Daria bons títulos de estudo, como “O Poder como Doença Política e Social”, por exemplo. Porque é dificil imaginar que um cidadão como o Sr. José Sarney, nunca tenha lido a Constituição Federal. E se leu, é preciso uma explicação para o fato de ele despreza-la tanto. O Sr. Sarney também se declara um homem católico e cristão, e embora isso seja irrelevante para sua atuação política, ele parece que também nunca leu a Biblia. Conceitos como honestidade, igualdade, fraternidade, respeito pelo próximo, além de “não roubar” e “não cobiçar as coisas alheias”, como já se viu, não fazem parte, nem do comportamento cotidiano, nem dos compromissos políticos dessa nossa autoridade.
Na sua ânsia pelo poder, o ilustre senador – ex-presidente da República - não hesitou em comprometer nem mesmo o respeito que havia granjeado como escritor. Ofuscado pelo brilho do poder, não consegue enxergar mais nada além do próprio umbigo. Ele pensa, simplesmente, que pode fazer o que quer, sem dar satisfações à ninguém. Ele se acha melhor que todos, e qualquer um de nós, humildes leitores desse texto. Ele foi eleito pelo povo apenas para ser senador, mas lá pelas tantas da sua fantasia megalomaníaca, interpretou isso como se tivesse recebido os direitos de ser uma espécie de imperador... o imperador do Senado. Um complexo de superioridade alimentado e compartilhado por seus pares, porque afinal, todos eles se acham melhores do que qualquer um de nós, simples e mortais cidadãos/contribuintes/consumidores. Do alto dos seus poderes, viramos apenas números de estatística...
O poder autoritário e absolutista de alguns cidadãos sobre outros, que pareciamos ter superado com a Abolição da Escravatura, na verdade está mais vivo entre nós do que nunca. As autoridades dos três poderes se locupletam de privilégios, criados sem o conhecimento, e com certeza sem a aprovação da população, como produto de uma óbvia “legislação em causa própria”. Já privilegiados pelas condições – econômicas, sociais e políticas - que os levaram ao poder, aqueles que deveriam servir de modelo de conduta, e de exemplos éticos para os demais cidadãos, são os primeiros a se atirarem aos recursos públicos de forma insaciável, promovendo banquetes para uns poucos, em troca da fome de muitos.
A covardia parece ser o campo moral onde tal “complexo de superioridade” encontra terreno fértil. E a arrogância e o autoritarismo dos coronéis, que infelizmente não ficou no passado, parece ser um excelente adubo para alimentar esse quadro político que tanto nos envergonha, a ponto de questionarmos a legitimidade, e até mesmo a utilidade, deste Senado Federal. Se fosse fechado hoje, esse Senado – com rarissimas exceções - não só não faria a menor falta para a vida política do país, como seria também medida de grande econômia para os cofres públicos. E ainda sobrariam quinhentos e tantos deputados, para serem alimentados em todos os sentidos, inclusive nos seus respectivos complexos de superioridade.
É preciso mais do que Freud, e do que as circunstâncias históricas, para explicar toda a arrogância das nossas autoridades, que começa no juiz do interior, no prefeito e no vereador, e vai se alastrando pelas demais instâncias, pior que infestação de pulgas ou de mato tiririca. Do tipo incontrolável. E não se conhece vacina para esse mal. Aliás, tanto mal. Porque no momento em que se julga superior, o cidadão perde a noção da realidade. Ele deixa de ser “um de nós”, e portanto, deixa de nos representar, para representar apenas os seus próprios interesses. Sendo superior, a autoridade se preocupa apenas com a prosperidade da própria familia, dos amigos, e na sua perpetuação no poder.
Na lógica dos poderosos, o país que se dane e a opinião pública que se lixe. Portanto, você, ilustre leitor, não significa nada... é um zero á esquerda. À não ser, é claro, na hora de votar, mas isso é que é poder transitório... pois sua opinião não dura mais do que o minuto do voto, a hora da eleição. Depois, se errou, está ferrado. E é impressionante a nossa capacidade de votar errado. Eu, por exemplo, sou campeã em votar em candidatos que não se elegem. E quando voto n´algum que se elege, geralmente meu voto acaba em decepção. Como o governador do nosso estado, que está aí pra não me deixar mentir: fez carreira defendendo os direitos dos idosos e aposentados, e no poder, é o primeiro a lhes dar as piores facadas.
As nossas “superioridades” vivem se degladiando, em busca de poderes cada vez maiores, e de ainda maiores privilégios, para si e para o seus. São bilhões do dólares – reais são insuficientes – para as mordomias, os privilégios, e as vaidades presidenciais, que perdoam dívidas de outros países, que fazem doações a órgãos internacionais, enquanto o cidadão brasileiro continua carente de saúde, educação, e principalmente de cidadania. Não há respeito nem pelo mínimo dos nosso direitos, mas diante de Bolsa Família, política de cotas, e outros desmandos e arbitrariedades que fazem parte dessa política equivocada, não temos sequer o direito de reclamar, sob o risco de sermos generalizados como a “elite insatisfeita”.
Elite são os poderosos, esses que se locupletam nos três poderes. Nós somos apenas cidadãos, com todo o direito de lutar pelos nossos... DIREITOS. Nós somos os que temos consciência de que eles não são superiores, mas apenas cidadãos como nós, nossos representantes, nossos assalariados, e portanto, com o dever e obrigação de prestar contas pelos seus atos. Juizes e desembargadores, presidente, governadores e prefeitos, deputados e senadores, não são, ou não deveriam ser, diante da lei, melhores do que cada um de nós. Ao contrário, seus crimes e irresponsabilidades devem ser julgados com a agravante de se valerem do poder de seus cargos. Mas isso não acontece, e nunca vai acontecer, se nós não tomarmos consciência de que essa democracia de ilusão precisa ser enfrentada... e se não lutarmos passo a passo, combatendo esse complexo de superioridade das nossas autoridades, nunca teremos uma democracia de verdade.
Célia Borges

7 de agosto de 2009

CONFERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DO SUL FLUMINENSE


Se você é pessoa atenta ao exercício da cidadania, então, por favor, preste atenção: como etapa preparatória da I Conferência Nacional de Comunicação – convocada por decreto presidencial de 17/4/2009, e com realização prevista para os dias 1, 2 e 3 de dezembro em Brasília – será realizada nos proximos dias 14 e 15 de agosto a Conferência de Comunicação do Sul Fluminense, com atividades respectivamente no Centro Universitário de Barra Mansa e na Câmara Municipal de Volta Redonda.
A Conferência Nacional de Comunicação poderá ser uma oportunidade para que a população do país, através das suas entidades civis organizadas, possa participar e opinar sobre as políticas públicas no âmbito da comunicação, influindo em decisões sobre temas como a soberania, a liberdade de expressão, regionalização, inclusão social, diversidade cultural, diversidade religiosa, convergência tecnológica, entre outras questões que estarão na pauta.
A Conferência de C omunicação do Sul Fluminense começa no dia 14, no Salão Nobre do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM,) com solenidade de abertura às 18h30, e o debate sobre o tema “A Importância da Conferência Nacional de Comunicação para a Sociedade”, às 19 horas, reunindo como debatedores convidados a deputada federal Cida Diogo, membro da Comissão Organizadora da Conferencia Nacional, do Juiz João Batista Damasceno, especialista em Direito da Comunicação, professor Marcos Dantas, da Escola de Comunicação Social da UFRJ, e a jornalista Oona Castro, do Coletivo Interventores de Comunicação Social.
A Comissão Organizadora da conferência do sul fluminense está convidando os representantes de órgãos públicos e entidades representativas da sociedade civil, movimentos sociais e sindicais, assim como de veículos comerciais e sociais de comunicação social, para participarem desse encontro, que terá, no dia 15, na Câmara Municipal de Volta Redonda, a seguinte programação: 8h30m – Credenciamento; 9 horas – Aprovação do Regimento Interno; 9h30 – Painel: “Comunicação: o que temos e o que queremos”, tendo como convidados Marcos Dantas, Oona Castro, Clube de Engenharia, Noely Godoy (ICRP), Cláudia Abreu (Comunicativistas), Tião Santos (Viva Rio) e Arpub.
Na parte da tarde, após intervalo para almoço, estão programadas à partir das 13h30 as atividades dos Grupos de Trabalho sobre os temas Políticas Públicas Locais de Comunicação (funcionamento, gestão, produção, difusão e acesso)”, “Marco Regulatório e Instrumentos de Controle Público e Social”, “Comunicação Pública, Comunitária e Livre (formação de redes)”, “Convergência Digital e Inclusão”, e “Comunicação, Cultura e Direitos Humanos: mídia e produção de subjetividade”.
A realização da I Conferência Nacional de Comunicação, que é uma resposta aos anseios de uma grande parcela da sociedade brasileira, preocupada com as questões éticas, econômicas, sociais e culturais referentes ao setor, vêm sendo cercada de dificuldades, como uma radical redução do orçamento a ela dedicado. Um dos principais esforços das comissões organizadoras à nível regional, em apoio à comissão nacional, é justamente a mobilização da sociedade, de forma a garantir sua realização com ampla participação, e consequente legitimidade das propostas apresentadas por seus representantes.
Quem quiser se informar melhor sobre o assunto, pode acessar o site do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, no endereço eletrônico www.fndc.org.br. O FNDC vem produzindo cartilhas e outros materiais de divulgação, esclarecendo sobre os diversos aspectos, temas e possibilidades da I Conferência Nacional de Comunicação.
Célia Borges

5 de agosto de 2009

SAÚDE – Rejeição à carne de frango pode ter explicação científica


O tema dessa matéria é resultado, em grande parte, de experiência pessoal, e gostaria de alertar aos meus leitores de que não tem, rigorosamente, qualquer fundamentação científica. Ela foi reforçada, entretanto, por mensagem que vem circulando na internet, o que demonstra que o assunto vem ganhando espaço no inconsciente coletivo.
Há algum tempo, eu mesma e uma grande amiga, de constante convivência, temos manifestado uma aparentemente inexplicável rejeição por comidas preparadas com carne de frango. Essa carne, que durante muitos anos foi constante na nossa dieta, inclusive pelas infinitas variações de receitas de “canja”, que gostávamos de experimentar, foi ficando cada vez menos agradável ao nosso paladar.
Curiosamente, tenho verificado uma certa incidência desses casos, embora não tenha me dado ao trabalho de registrar cada um deles, por ter relegado a questão ao terreno das coincidências. Pode ser que, através dessa postagem, mais pessoas se manifestem à respeito. Costumamos dar pouca importância aos caprichos dos nossos apetites, mas sobram estudos para demonstrar que, frequentemente, eles refletem necessidades do nosso organismo. Como a vontade de açúcar, quando se tem hipoglicemia...
Há muitos anos um grande amigo meu rejeita sistemáticamente a carne de frango, sob o argumento de que os hormônios nela contidos seriam projudiciais á sua masculinidade. Sempre levamos, seus amigos, essa atitude por conta de seu caráter, bastante peculiar. Mas recentemente, comecei a dar atenção aos seus argumentos, diante da minha própria experiência. Reforçada agora por uma mensagem recebida via internet, cuja origem não tenho como me certificar.
ASAS DE FRANGO, ISSO É PERIGOSO – O texto, em tom dramático, que prefiro não reproduzir, fala da experiência pessoal de uma mulher que, depois de remover um sisto no ovário, teve reincidência. O médico perguntou se ela seria consumidora de asinhas de frango, tendo comentado que os frangos geralmente recebem as injeções de esteróides – destinados a apressar seu crescimento – nas regiões da asas e do pescoço, onde as dosagens de hormônios ficariam, consequentemente, mais concentradas.
O uso de produtos químicos, sejam hormônios, adubos ou inseticidas – ou até outros que nem sequer imaginamos – encontram-se disseminados, especialmente nos paises pobres ou em desenvolvimento, onde o contrôle dos seus efeitos é desprezado, na busca de maior produtividade. As consequências dessas políticas estão longe de serem avaliadas, especialmente com relação aos seus efeitos sobre a saúde de quem consome tais produtos.
Recentemente fomos alertados, em ampla campanha, de que o consumo de ovos só deve ser feito após seguro processo de cozimento, para se evitar contágio por “salmonella”, incontrolável nos produtos de granja, ou seja, nas produções intensivas. Sobre a qualidade da carne de frango, as autoridades de saúde pública não se manifestaram, o que não nos exime de estrita atenção, se estamos preocupados com a nossa saúde.
É lamentável que não possamos confiar no controle daquilo que consumimos, ficando expostos, assim como nossas famílias, aos mais variados tipos de problemas, que podem ir de uma simples alergia, até o risco de contrair um câncer. E se não nos restar outra defesa, podemos e devemos, pelo menos, estar atentos às reações dos nossos próprios organismos, quando pedem ou rejeitam tais ou quais alimentos. Consultar os médicos e narrar seus sintomas é sempre uma esperança, mas respeitar os caprichos, limites e imposições do próprio organismo, é um passo importante na manutenção da saúde.
Célia Borges

PAISAGISMO E JARDINAGEM – O centenário de Roberto Burle Marx


Hoje comemoram-se os 100 anos de nascimento de Roberto Burle Marx. Uma data memorável, dentro e fora do Brasil, e uma data muito especial para paisagistas, botânicos e jardineiros, país afora, toda uma geração para a qual ele foi inspiração e exemplo. Um revolucionário no paisagismo, foi também um artista talentoso como ceramista, gravurista, tapeceiro, designer de jóias, pintor e músico.
Burle Marx deixou a marca peculiar do seu talento, originalidade, genialidade mesmo, em tudo o que fez. Sua visão modernista foi matéria prima para a criação de alguns dos mais extraordinários projetos paisagisticos do país, transformados em verdadeiros cartões postais, emprestando sua identidade ao conceito de “arte brasileira”. Por esses, e outros projetos em diversos países, recebeu os títulos de “Doutor honoris causa” da Academia Real de Belas Artes da Holanda e do Royal College of Art, da Inglaterra, ambos em 1992. No ano anterior, 1991, o Museu de Arte Moderna de Nova York dedicara à ele sua primeira exposição de paisagismo.
EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA – As comemorações pelo centenário de nascimento de Burle Marx começaram em dezembro passado, com a abertura da exposição “A Permanência do Instável”, que permaneceu até março no Paço Imperial do Rio de Janeiro, e montada posteriormente no Museu do Ibirapuera, em São Paulo. A mostra, com curadoria de Lauro Cavalcanti, é composta de 335 itens, revelando as várias áreas de atuação do artista, inclusive como autor de cenários e figurinos para peças de teatro e óperas.
Através dessa exposição é possível conhecer a trajetória desse contemporâneo, parceiro e amigo de Oscar Niemayer, autor dos projetos de paisagismo de obras tais como o Aeroporto da Pampulha, em Minas Gerais, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e do Eixo Monumental de Brasília. Também é dele o projeto original do paisagismo do Parque do Ibirapuera, que nunca chegou a ser completado. Seus jardins foram executados em cerca de 20 países.
DADOS BIOGRÁFICOS – Roberto Burle Marx nasceu em 5 de agosto de 1909, em São Paulo, quarto filho do alemão Wilhelm Marx e da pernambucana Cecília Burle. Em 1913 a família muda-se para o Rio de Janeiro, onde a proximidade com o mar e outras paisagens, além da influência da mãe, dedicada à jardinagem, e do pai, assinante de revistas estrangeiras de paisagismo, contribuiriam para incentivar seus talentos naturais. Entre 1928 e 1929, vive com a família um período na Alemanha. Na volta, em 1930, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Em 1932 Burle Marx assina seu primeiro projeto de paisagismo, para a família Schwartz, no RJ, e em 1934 assume a Diretoria de Parques e Jardins de Recife, onde tem oportunidade de projetar praças e jardins públicos. Em 1937 cria o primeiro Parque Ecológico do Recife. Nos anos que se seguem, realiza pesquisas botânicas, recolhendo espécimes pelo país. Em 1949, adquire um sítio em Guaratiba, RJ, com área de 365 mil metros quadrados, onde iria abrigar sua notável coleção de plantas, e também uma boa parte da sua produção artística.
Entre 1953 e 1961 projeta os jardins da Cidade Universitária do Fundão, do Aeroporto da Pampulha, do Parque do Ibirapuera, do MAM-RJ, do Eixo Monumental de Brasília e do Aterro do Flamengo. Em 1968 faz o paisagismo da Embaixada do Brasil em Washington, EUA, e em 70, o do Palácio Karnak, sede oficial do governo do Piauí. Em 1971, recebe a Ordem do Rio Branco, do Itamaraty, em Brasília. De sua rica biografia, impossivel de ser sintetizada nesse espaço, vale lembrar que, já com mais de 70 anos, coordenou uma expedição científica à Amazonia, através da qual um grupo de botânicos, arquitetos paisagistas e fotógrafos percorreram mais de 10 mil quilômetros, em 53 dias de exaustiva observação, coleta de espécies, documentação, catalogação e embalagem de plantas vivas.
Pioneiro em tantos aspectos, Burle Marx foi também um homem desprendido, que em 1985 doou seu sítio, e todo o seu acervo, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN. Sua vida e obra têm sido alvo de inúmeros estudos, pesquisas, e publicações, e valem serem conhecidas, tanto por interessados nos assuntos, quanto por leigos que queiram conhecer melhor a história da arte no Brasil. Roberto Burle Marx faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de junho de 1994, depois de ter projetado mais de 2.000 jardins.
Com admiração e respeito.
Célia Borges