6 de dezembro de 2007

III - Foi você quem delegou tantos poderes?

Me perguntaram por quê, e o que é a Aldeia Global a que me refiro, então vou esclarecer: a aldeia global foi um conceito criado por Marshal MacLuhan, lá pelos anos 70, para expressar a revolução que a comunicação gerou nas relações entre pessoas, paises e o mundo em geral, à partir de tecnologias como o satélite. A chegada do homem à lua transmitida ao mesmo tempo para o mundo inteiro foi uma espécie de ponto de partida dessa “globalização”...enfim...quem quiser saber mais, por favor, pesquise, que é o que faço quando fico curiosa. Esse preâmbulo não quer dizer que eu tenha desistido daquele minha campanha, eu diria mesmo da minha “guerrinha particular” contra as mordomias das nossas autoridades. Como sou jornalista – embora meio bandeada pro paisagismo – minha fonte, meu universo, minha linguagem é das notícias. E às vezes o noticiário nos revela gratas surpresas, como essa semana a crônica da Lia Luft na Veja, sobre o Dia do Mestre, e a entrevista da escritora Ligia Fagundes Telles para um Espaço Aberto Literatura, na Globonews. Isso, além é claro, da fantástica contribuição da internet, que vem materializando quase além do possível, o conceito de globalização. Enfim, misturando veículos e assuntos, lá vai: a entrevista da Ligia, que eu recomendo pra quem tem Sky ou cabo, é comovente. Ela sempre foi uma mulher linda, e hoje é uma velha linda. Ela, que foi uma “subversiva” da Ordem Arbitrária em vários episódios, é uma verdadeira inspiração, quando diz: “Nosso país não está bem, não. Está péssimo. Continuamos reféns da pobreza e da ignorância que vem pautando a nossa história” disse, classificando a educação e a cultura do país em situação “vergonhosa”. A Lia Luft também é escritora e cronista do primeiro time, e na crônica dessa semana, O que deixar para nossas crianças, em que se refere ao Dia do Professor, escreve o seguinte: “Oficio tão desprestigiado, por mal pago, por pouco respeitado e mal amado, que milhares de jovens escolhem outra carreira. E não me falem em sacerdócio: o professor, ou a professora, precisa comer e dar de comer, morar e pagar moradia, transportar-se e pagar transporte, comprar remédio, respirar, viver. Além disso, deveria poder estudar, ler, comprar livros...” Ler e ver essa postura em pessoas tão maravilhosas faz a gente ganhar um novo ânimo, e como eu já estou mesmo cheia de gás, quero aproveitar o incentivo para ir além da questão das mordomias. Só quero passar antes, e pra completar o raciocínio, pela mensagem que mandei pra quase todos os meus amigos, Troque um político por 344 professores. A mensagem não é nova, já tinha recebido e repassado, mas foi tão oportuna, que, por garantia, preferi coloca-la pra circular um pouco mais. Tanto a Ligia, quanto a Lia, e quanto esse pessoal da internet que cria esses “protestos” reclamam da mesma coisa, que é a que eu reclamo agora: Por que essa inércia? Por que essa abdicação, essa negligência que parecemos ter com relação à nossa cidadania. Não é por falta de esclarecimento, pelo menos pra nós, a tal da “elite” que é quem ainda lê alguma coisa, que deixamos de nos envergonhar de como somos – e cada vez mais – descaradamente abusados. Recentemente circulou outra mensagem sobre o custo de um político brasileiro, e não humor da internet não...é a reprodução de um noticiário de TV. Mas esse custo calculado sobre salários e mordomias, está muito longe da realidade do que realmente pagamos, em vidas perdidas, em saúde e em sonhos, entre outros valores. Há algumas dezenas de anos que a classe política perdeu completamente a compostura, passou a legislar e administrar prioritáriamente em causa própria, deixando os verdadeiros interesses do cidadão e do país em plano secundário. E o judiciário aproveitou a bagunça pra instalar o clima de “também quero o meu”... Isso tudo só é possível porque falta educação à maioria, porque é justamente com o apoio dessa população ignorante e carente que os abutres podem se perpetuar no poder. Então, por que prover uma boa educação? Por que investir em saúde, em prevenção? Mas como tudo isso está chegando às raias do exagero, que o acumulo de privilégios nos remete à França dos Luises, e que a corrupção desenfreada já mostrou que, ganhar bem e ter esses privilégios não torna ninguém imune a querer ganhar mais um pouco “por fora”, acho que já é hora de nos sentirmos feridos nos brios e botar a boca no mundo. Continuo sem saber como fazer isso objetivamente (ainda), e sigo esperando por sugestões dos meus amigos e leitores. Mas eu realmente NÃO QUERO MAIS CONTINUAR PAGANDO PELAS MORDOMIAS DOS POLÍTICOS E ETC...E agora dei de implicar com outra coisa: essa história de emendas ao orçamento é uma vergonha. Precisamos acabar com isso também. É uma forma de incentivar a perpetuação no poder, porque o cidadão acredita que foi o político Sr. Fulano de Tal que pagou a obra ou benefício à sua comunidade, quando na verdade que está pagando é quem paga impostos, inclusive ele mesmo. O tal do político só tem um poder absolutamente arbitrário e inexplicável, de usar o “nosso”dinheiro em benefício das ambições políticas, suas e de seus familiares, porque a moda agora é político também ter dinastia...além de agüentar os próprios ainda familiares ou parentes (que sejam razoávelmente alfabetizados, né...) Enfim, CHEGA DE EMENDAS AO ORÇAMENTO!!!! O orçamento deveria ser elaborado por técnicos, e para atender às necessidades reais da população, e não pra obras de interesse pessoal, ou então aquelas que acabam abandonadas, só consumindo o dinheiro público. Quer dizer, o meu, o seu, o nosso dinheirinho. Eu só gostaria de saber quem foi que delegou tanto poder pra esse pessoal. Como é que eles tomaram conta do poder dessa forma, nos deixando inertes, perplexos, sem reação. Desculpem, amigos, mas comigo não. Vou continuar reclamando, como a Lia, como a Ligia, e espero que cada vez mais gente, usando a poderosa arma que a Aldeia Global nos conferiu, que é a internet. Uma grande amiga minha mandou a crônica anterior pra todos os senadores. Eu estou catando todos os endereços eletrônicos de governos e poderosos pra mandar também. Políticos, juizes, esse povo todo, tem que ser de cidadãos como nós...se não, como é que acham que vão estar nos representando? Célia Borges Post scriptum: além das minhas autoras preferidas e citadas, recomenda essa semana também a leitura do Luis Fernando Veríssimo no Globo de domingo, e do Millor na Veja dessa semana também. Lava a alma ler o que escrevem esses gênios do nosso idioma...
Célia Borges

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